Depois de saudar o projeto WindFloat, o primeiro parque eólico flutuante, que o levou a deslocar-se hoje à sede da EDP, em Lisboa, o ministro avisou que iria mudar de tema na sua intervenção, mas com uma justificação à plateia: “não me levem a mal, não é soberba ou desinteresse, é mesmo necessidade”.
“A transição energética é sinónimo de descarbonização, não é sinónimo de rendas excessivas. É a produção de energia a partir de fontes renováveis, acompanhada da eficiência energética na produção de calor e de frio e da eletrificação do setor dos transportes”, garantiu.
Neste processo, não deve haver excluídos, nem perda de competitividade, acrescentou o ministro, recordando as importações de Portugal da energia que consome, a importância da aposta nas renováveis e os compromissos internacionais do país em reduzir as emissões até 2050.
“Podemos orgulhar-nos de termos cumprido todas as metas de redução de emissões a que nos propusemos no passado e sabemos que temos no setor elétrico uma capacidade de saber e de compromisso que nos permitem estar confiantes”, considerou o governante.
Na sua intervenção na cerimónia de hoje, a primeira enquanto titular ministerial da Energia, Matos Fernandes já tinha previsto as perguntas dos jornalistas fora da sala e notou que de “CESEs, CAEs e CMEs parece fazer-se a discussão do setor da energia”.
“Não trago por pudor essa discussão para dentro da sala, porque o que temos que fazer é muito mais, não faço a coisa por menos. Mas, em face do drama que é o aquecimento global, o que nos espera é saber escrever um novo cânone”, disse.
Matos Fernandes notou partilhar o primeiro nome com o novo secretário de Estado da Energia, João, mas “não têm a pena de outro João, que foi evangelista”.
“E por isso, nunca saberemos escrever esse cânone sozinhos. Chega de discutir a fruta da época, quando o desafio é desta grandeza no setor da energia”, garantiu.
O ministro recorreu ainda a uma frase da peça de teatro Hamlet – “onde começa o mal? O mal começa nas perguntas que temos medo de fazer porque tememos as respostas”.
“Hamlet é o supremo escutador de si mesmo na história da literatura. O desafio que vos lanço e que nos lanço é que nos escutemos a nós próprios, que criemos espaço para discutir e construir porque tempo é aquilo que já não temos e que não evitemos as perguntas, pois todas as que fizermos e incluam nas respostas a palavra carbono conduzirão a um futuro insustentável”, argumentou.
Na segunda-feira, o chefe de Estado deu posse aos novos ministros e na sequência de uma alteração orgânica, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, tomou posse como ministro do Ambiente e da Transição Energética, sendo que a Energia estava até então no Ministério da Economia.
Há dois dias, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deu posse aos dez novos secretários de Estado e reconduziu outros cinco, no âmbito da remodelação governamental iniciada na segunda-feira ao nível ministerial.
Com esta remodelação, a terceira a nível ministerial e a mais abrangente desde a posse do executivo minoritário do PS, em 26 de novembro de 2015, o Governo ficou com menos um ministro, passando a ter 16, dos quais quatro mulheres, e com mais uma secretaria de Estado, num total de 44.
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