Numa cerimónia transmitida virtualmente, durante a reunião virtual da 70.ª sessão do comité regional da OMS para a África, através da qual se puderam ouvir os aplausos dos participantes, os membros da Comissão Regional para a Certificação da Erradicação da Poliomielite apresentaram o certificado devidamente assinado.
O documento atesta que a região está livre da transmissão do poliovírus.
Visivelmente emocionada, a diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, disse que este é “um exemplo do poder da solidariedade”.
“É uma das maiores honras da minha vida presidir a esta cerimónia de certificação”, afirmou Moeti, ressalvando que “a batalha ainda não acabou”.
Por seu lado, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que este é “um dia de celebração e esperança”
Segundo a OMS, mais de 1,8 milhões de crianças foram salvas desta doença. Apenas há uma década, a poliomielite paralisava 75.000 crianças por ano.
“Reunimo-nos para nos regozijarmos por um sucesso histórico na saúde pública. Este feito histórico só foi possível devido ao poder da parceria”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, recordando o empenho de Nelson Mandela, que se envolveu no combate a esta doença, tal como o fez em relação a outras doenças.
“Um futuro sem poliomielite pode ter parecido uma vez impossível. Mas, nas palavras de Nelson Mandela, quando as pessoas estão determinadas, podem ultrapassar tudo”, acrescentou.
Mandela foi igualmente recordado pelo Presidente da Nigéria, o último país a assistir à erradicação da poliomielite em África, que se congratulou pelo feito, afirmando que este é de uma grande importância, “não só para os nigerianos, mas para todos os africanos”.
A poliomielite, causada pelo “poliovírus selvagem” (WPV), é uma doença infecciosa aguda e contagiosa que afeta principalmente as crianças, ataca a medula espinal e pode causar paralisia irreversível.
Trata-se de uma doença que era endémica em todo o mundo, até à descoberta de uma vacina nos anos de 1950.
Os países mais ricos tiveram acesso rápido à vacina, mas a Ásia e a África continuaram a ser os principais focos infecciosos durante muito tempo.
Em 1988, a OMS contabilizou 350.000 casos em todo o mundo. Só em África, registaram-se mais de 70.000 casos em 1996.
Atualmente, apenas dois países do mundo estão infetados com o “poliovírus selvagem”: Afeganistão (29 casos em 2020) e Paquistão (58 casos).
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