O anúncio do vencedor da 14.ª edição do Prémio Fernando Távora foi feito esta noite, no salão nobre da Câmara Municipal de Matosinhos, nas comemorações do Dia Mundial da Arquitetura, numa organização da Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitetos (OASRN) com o município e a Casa da Arquitetura.
Pedro Bragança, Filipa de Castro Guerreiro e Carla Garrido de Oliveira fazem parte do grupo de investigação Arquitectura: Teoria, Projecto, História (APTH) do Centro de Estudos da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto.
A OASRN realçou que, pela primeira vez, venceu uma proposta em coautoria. A proposta intitula-se “Viagem pela viagem de Duarte d’Armas, perspetivas presentes de territórios limiares”.
“Esta viagem propõe perspetivar coletivamente imagens de futuro a partir de um olhar presente tendo por mote o percurso e as gravuras de Duarte d’Armas, realizadas no território português, no início do século XVI, a pedido do rei D. Manuel I”, indica descrição dos arquitetos vencedores, divulgada pela OASRN.
Assim, segundo o mesmo texto, “o tempo do olhar é também o do século XXI, numa condição permanentemente mediadora e interventiva na construção do território, entre a ação lenta de cinco séculos – e os que então o antecederam –, e a inquietação relativa às transformações futuras que queiramos e possamos induzir”.
“Viagem entre lugares e entre tempos, entre Castro Marim e Caminha, oscilaremos entre sincronia e diacronia, percorrendo territórios então marcados pela premente defesa de um limite político, sendo hoje a condição de fronteira tão mais complexa quanto intangível ou imaterial – são outras as distâncias, outras as formas, outros os desígnios e os gigantes nos horizontes”, lê-se ainda.
Segundo os autores, “em tripla perspetiva”, propõe “olhar estes lugares pela lente de Duarte d’Armas, registando a metamorfose do que hoje permanece de então; em instância presente, redefinindo e ampliando o enquadramento à luz das formas e dinâmicas contemporâneas”.
“Procuraremos novas visões, tão sintéticas quanto as gravuras de há cinco séculos, tão dinâmicas quanto os recursos de que hoje dispomos; por fim, no desígnio de (re)conhecer caminhando, melhor formularemos a interrogação: que horizontes produzir para estes territórios?”, rematam os investigadores da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP).
Carla Garrido de Oliveira é professora de História da Arquitectura Portuguesa na FAUP, doutorada em 2016 com a tese “A Nossa Casa: Proposta de uma reforma moderna para a arquitetura portuguesa. 1890-1933, Trânsitos europeus na obra de Raul Lino”.
Filipa de Castro Guerreiro é docente de Projeto 1, também na FAUP, doutorada em 2016 com a tese “Colónias Agrícolas Portuguesas construídas pela Junta de Colonização Interna entre 1936 e 1960. A casa, o assentamento e o território”. Com Tiago Correia partilha o Ateliê da Bouça.
Pedro Bragança é mestre em Arquitetura, investigador no ATPH e bolseiro da Fundação da Ciência e Tecnologia. Sob a coordenação de Marta Oliveira, efetua um projeto de investigação sobre o volume IV do Guia de Portugal (Fundação Calouste Gulbenkian), em parceria com a Midas Filmes e o realizador João Canijo.
O Prémio Fernando Távora de arquitetura foi instituído pela OASRN em homenagem ao fundador da chamada Escola do Porto, investigador, viajante, pedagogo, que influenciou gerações de arquitetos, autor de um extenso "Diário de Bordo", que acompanha uma viagem de meses, realizada no início da década de 1960, e que constitui um "laboratório do autor" e um testemunho sobre as vias que fizeram a contemporaneidade da arquitetura portuguesa.
O prémio distingue a melhor proposta de viagem de investigação, feita por arquitetos inscritos na Ordem, e consiste numa bolsa de viagem.
A arquiteta Isa Clara Neves foi a vencedora da edição do ano passado.
[Notícia corrigida às 11h57 - Corrige nome da instituição a que pertecem os arquitetos vencedores e acrescenta identificação de grupo de investigação]
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