Num relatório hoje divulgado sobre o transporte intermodal de mercadorias, o TCE conclui que “a UE ainda [está] a milhas de retirar o transporte de mercadorias da estrada”, tendo “um longo caminho pela frente” no que toca à aposta de outras formas, como comboios.

“Os esforços realizados para retirar o transporte de mercadorias da estrada não conseguiram eliminar os obstáculos regulamentares e infraestruturais que penalizam os outros modos de transporte e, se a UE quer realmente concretizar as suas ambições ecológicas, tem de resolver estas questões”, avisa o auditor europeu em comunicado.

Apontando que a percentagem de mercadorias europeias transportadas por estrada (atualmente de cerca de 77%) continua a aumentar, o TCE refere que “algumas regras da União Europeia para promover outros modos de transporte estão desatualizadas ou são prejudiciais”, razão pela qual “a rede de infraestruturas da UE ainda não está pronta para o transporte intermodal”.

Por ser o modo mais flexível de movimentar mercadorias e por vezes também o mais rápido e económico, o transporte rodoviário de mercadorias é o mais utilizado, nomeadamente em camiões, mas estes veículos são mais poluidores do que, por exemplo, os caminhos-de-ferro ou as vias navegáveis, situação que o TCE defende ser necessário alterar para modos mais ecológicos com vista a atingir as metas climáticas comunitárias.

Para conseguir esta mudança, a UE disponibilizou mais de 1,1 mil milhões de euros para apoiar projetos de intermodalidade entre 2014 e 2020.

A UE fixou também objetivos para 2030 e 2050, respetivamente o de duplicar o tráfego ferroviário e o de aumentar a utilização das vias navegáveis em 50%, que na visão do TCE são “pura e simplesmente irrealistas”.

Além disso, “algumas regras da UE fazem com que o transporte intermodal não seja tão atrativo”, refere o auditor comunitário, aludindo à diretiva europeia de transporte combinado que remonta a 1992, e ao regulamento relativo à rede transeuropeia de transportes, de 2013.

O TCE urge ainda os Estados-membros a “tomar medidas para assegurar que as infraestruturas cumprem os requisitos técnicos estabelecidos pela legislação da UE”.

Para este relatório foram analisados os corredores transeuropeus de transporte Reno-Alpes (desde a Bélgica, Holanda até à Itália), o corredor Mar do Norte-Báltico (entre a Polónia e a Alemanha) e os corredores do Atlântico e do Mediterrâneo (que ligam a Alemanha à Espanha através de França).