Trump anulou assim uma decisão do seu antecessor, Barack Obama, a quem tinha criticado a falta de transparência quando este autorizou o uso de aparelhos não tripulados (drones) em operações antiterroristas realizadas tanto por militares, como pelas agências norte-americanas de informações.
O decreto de Trump revogou o que Obama assinou em 01 de julho de 2016, em que exigia do diretor das informações norte-americanas um relatório anual com o número de vítimas civis dos ataques com drones visando “alvos terroristas” fora de territórios considerados como zonas de guerra.
A decisão de Trump não se aplica aos ataques realizados pelos serviços de informações dependentes do Pentágono, que vão continuar a publicar um relatório anual.
Esta decisão pode dar mais margem de manobra à CIA, sobre a qual Trump se apoia cada vez mais para este género de operações.
Os grupos de defesa dos direitos humanos criticaram imediatamente esta decisão do governo norte-americano, considerando que vai contra os esforços de transparência relativos aos ataques com drones, cujo uso pelos EUA cresceu exponencialmente depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.
“A ação do governo Trump não é necessária e é um recuo perigoso para a transparência e a responsabilidade durante o uso da força, bem como para as vítimas civis que daí resultem”, comentou Rita Siemion, do grupo Direitos Humanos Primeiro.
A CIA tem desempenhado um papel de primeiro plano nas operações antiterroristas depois de 2001, utilizando drones para atingir a Al-Qaeda e outros grupos extremistas no Afeganistão, Paquistão e Iémen.
As referências a vítimas civis multiplicaram-se e, em 2016, Obama impôs à CIA procedimentos mais severos para limitar o risco de vítimas colaterais, enquanto se apoiava cada vez mais nos militares para este género de operações.
Quando Trump chegou à Casa Branca, em janeiro de 2017, as operações da CIA aparentemente intensificaram-se, com ataques com drones sinalizados no Iémen e Líbia, mas não reconhecidos pelo Pentágono.
Com a retirada anunciada da maior parte dos militares norte-americanos destacados para a Síria e o desejo de Trump de os tirar também do Afeganistão, o papel da CIA pode aumentar.
Para Shannon Green, do Centro para os Civis em Conflitos, a CIA nunca cumpriu o decreto de Obama. “Esta mudança dificulta ainda mais saber se houve estes ataques e que impacto tiveram sobre os civis”, lamentou.
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