O suspeito "acreditou na retórica de Biden e Harris e agiu de acordo com ela", declarou à Fox News, afirmando que a mesma "está a fazer com que disparem contra mim".
Biden, que deu "graças a Deus" que Trump tenha saído ileso, defendeu-se: "Sempre condenei a violência política e continuarei a fazê-lo".
Os americanos resolvem as suas diferenças "pacificamente nas urnas, não à base da pistola", reforçou na Filadélfia, horas depois de pedir "mais ajuda" para os Serviços Secretos, a polícia de elite encarregada da proteção das personalidades políticas.
O seu secretário de Justiça e procurador-geral, Merrick Garland, prometeu hoje mobilizar "todos os recursos disponíveis" para investigar os factos.
Na rede social X, o líder republicano da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, considerou prioritário "ter respostas para compreender como o presidente Trump pode ter sofrido várias tentativas de assassinato".
Trump "não é o presidente em exercício, se fosse, teríamos cercado completamente o campo de golfe (onde estava no domingo), mas como não é, o sistema de segurança está limitado aos locais escolhidos pelos Serviços Secretos", que "fizeram exatamente o que tinham de fazer", declarou o xerife do condado de Palm Beach, Ric Bradshaw.
Na tarde de domingo, Trump estava no seu campo de golfe na Flórida quando foram ouvidos "disparos", segundo a sua equipa. Agentes dos Serviços Secretos "abriram fogo contra um homem armado" próximo ao local, segundo fontes da segurança.
Os agentes encontraram uma espingarda automática AK-47, duas mochilas e um equipamento de gravação de vídeo. Ryan Wesley Routh, um americano pró-Ucrânia entrevistado pela AFP em 2022 em Kiev, foi preso, graças a uma testemunha que identificou o seu carro.
Routh foi acusado de posse ilegal de armas. O diretor dos Serviços Secretos, Ronald Rowe, afirmou que ele não chegou a atirar contra Trump nem contra os agentes de segurança.
Segundo a imprensa americana, Routh trata-se de um empreiteiro autónomo de residências populares no Havaí, com um histórico de prisões ao longo de várias décadas e deve enfrentar outras acusações.
Uma sucessão de acontecimentos fora do comum torna esta campanha eleitoral sem precedentes na história da democracia americana, que terá as suas próximas eleições em 5 de novembro.
Trump, de 78 anos, escapou a uma primeira tentativa de assassinato em julho e Biden desistiu da corrida presidencial apenas algumas semanas após um debate catastrófico, abrindo caminho para a sua vice-presidente Kamala Harris, de 59 anos.
Quando o cenário parecia ter voltado à normalidade, os americanos estavam longe de imaginar que o republicano seria alvo de uma segunda tentativa de assassinato, da qual, segundo ele, escapou "são e salvo".
Os nervos estão à flor da pele no país. Segundo a imprensa americana, o bilionário Elon Musk, apoiante de Trump, teve de apagar uma mensagem publicada na rede X na qual questionava porque é que ninguém tinha tentado matar Kamala Harris ou Joe Biden. A vice-presidente e candidata democrata também exprimiu revolta pelo ocorrido na Flórida.
Também houve condenações a nível internacional, como a do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que está atento às eleições devido à quantidade de ajuda militar que recebe de Washington. O Kremlin, por sua vez, considerou o incidente um sinal de "intensificação" da campanha eleitoral americana.
O certo é que a tensão é palpável. Nos últimos dias, boatos espalharam-se nas redes sociais indicando que imigrantes haitianos de Springfield, Ohio, roubam animais de estimação para comê-los.
Essa desinformação, amplificada por Trump nos seus comícios e num debate presidencial transmitido para dezenas de milhões de americanos, provocaram 33 alertas de bomba e o encerramento temporário de escolas, segundo autoridades estaduais.
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