Dados divulgados pela Agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) esta quarta-feira passada, referem que o turismo em Portugal pode perder quase 12,4 mil milhões de euros face ao impacto causado pela pandemia de covid-19. Os dados das Nações Unidas indicam que “destinos populares da Europa e da América do Norte, incluindo França, Grécia, Itália, Portugal, Espanha e Estados Unidos, podem perder milhares de milhões de dólares devido à queda drástica no turismo internacional”.
“É uma situação que nos preocupa bastante e que vai ao encontro daquilo que é a realidade, ou seja, daquilo que a procura tem demonstrado. Nós tivemos o mês de março com uma quebra de 60%, no mês de abril tivemos uma quebra de 95%. Iniciámos a retoma em maio de forma muito tímida. Junho começou a animar ligeiramente com o mercado nacional e julho poderá animar mais com o mercado espanhol. A partir daqui e até dezembro estamos a fazer futurologia”, declarou Luís Pedro Martins, em entrevista telefónica à agência Lusa.
Questionado sobre a estimativa das Nações Unidas, o presidente da Entidade Regional da Turismo do Porto e Norte, classificou-a de “razoável”, mas que poderá ser contrariada com “uma retoma melhor do que aquela que o estudo está a prever”.
“Continuamos bastante preocupados com o futuro e, ao dia de hoje, ainda não conseguimos percecionar a verdadeira dimensão deste problema. No entanto, e nalgumas conversas que vamos mantendo com a Confederação de Turismo, esses números apontam para um número próximo daquela que é também a interpretação que está a fazer”, referiu.
O responsável disse esperar que o número avançado pela UNCTAD seja “exagerado” e recordou que Portugal teve um “total de receitas a nível nacional de 18,4 mil milhões de euros em 2019 e o peso do Porto e Norte nesse total foi de 15%, ou seja, 2,7 mil milhões de euros de proveitos”.
“A nossa maior certeza é que contamos com os turistas nacionais. Neste momento já temos uma segunda certeza. As fronteiras com Espanha foram abertas e, para nós, é de extrema importância, uma vez que se trata do nosso primeiro mercado. Tudo o resto está envolvido em grande incerteza, porque depende daquilo que as companhias aéreas vão fazer, das restrições que vão ser impostas, entre outras situações, acrescentou.
O presidente da TPNP observou ainda que no grupo dos seis principais mercados dos turistas que visitam Portugal aparece em primeiro lugar Reino Unido, seguido de França, Alemanha, Espanha, EUA e Brasil.
Os três principais mercados do Porto e Norte de Portugal são, contudo, Espanha, França e o Brasil, ou seja, o Norte não vai ressentir-se tanto como o Algarve ou a Madeira, porque recebe menos turistas do Reino Unido.
As previsões da UNCTAD apontam, só para Portugal, para uma quebra de 13,922 mil milhões de dólares (quase 12,4 mil milhões de euros).
Já países como os EUA ou a China (incluindo Hong Kong) apresentam descidas mais acentuadas de, respetivamente 187 mil milhões de dólares (167 mil milhões de euros) e 105 mil milhões de dólares (94 mil milhões de euros).
A nível global, o setor do turismo irá perder, pelo menos, 1,2 biliões de dólares, o equivalente a 1,5% do produto bruto global.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 516 mil mortos e infetou mais de 10,71 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.587 pessoas das 42.782 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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