"Há vários corpos com as mãos amarradas nas costas e uma pessoa foi enterrada com uma corda no pescoço. Claramente essas pessoas foram torturadas e executadas", disse Synegubov no Telegram, acompanhando a sua mensagem com fotos de centenas de túmulos encontrados perto de Izyum.

O anúncio do governador é feito na sequência da descoberta nesta quinta-feira de uma vala comum com cerca de 440 corpos. Esta sexta-feira foram revelados mais detalhes, nomeadamente a localização da mesma, numa floresta perto da cidade que foi reconquistada pelas tropas ucranianas no início da semana.

Um jornalista da AFP viu pelo menos um corpo com as mãos amarradas com uma corda, mas não pôde confirmar se se tratava de um civil ou militar porque o cadáver estava muito deteriorado.

"Os corpos foram enviados para a realização de autópsias e assim determinar as causas exatas das mortes", explicou.

Oleg Synegubov afirmou pelo Telegram que "também havia crianças" entre os corpos exumados por "200 agentes e especialistas" que trabalham no caso.

"Cada morte será investigada individualmente e apresentada a tribunais internacionais como prova dos crimes de guerra cometidos pela Rússia", acrescentou. "O alcance dos crimes cometidos [pelos russos] em Izyum é enorme", sustentou ainda, denunciando "um terror sanguinário e brutal".

Entretanto, o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos revelou nesta sexta-feira que quer enviar uma equipa a Izyum para verificar as alegações ucranianas.

"Os nossos colegas na Ucrânia estão a acompanhar essas alegações e pretendem organizar uma visita a Izyum para determinar as circunstâncias da morte desses indivíduos", disse.

O encarregado para os Direitos Humanos ucraniano, Dmytro Loubinets, indicou no Telegram que "há provavelmente mais de 1.000 cidadãos ucranianos torturados e assassinados nos territórios libertados da região de Kharkiv".

A contraofensiva que o exército ucraniano lançou no início de setembro na região permitiu a reconquista de territórios que as tropas russas ocupavam.

O Kremlin já havia sido acusado de crimes de guerra, supostamente cometidos nos arredores de Kiev nas primeiras semanas do conflito, mas as autoridades russas negaram sempre essas acusações.