"O Presidente da República, no primeiro 4 de março posterior à tomada de posse, aqui está para vos dizer, em nome de todas e de todos os portugueses, da nossa homenagem, do nosso respeito, da nossa gratidão. Da nossa homenagem aos que partiram, mas também aos que souberam ficar e honrar os que partiram", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Discursando em Castelo de Paiva para os familiares das 59 pessoas que morreram em 2001, aquando do colapso do tabuleiro da ponte Hintze Ribeiro, a maioria daquele concelho, o chefe do Estado assinalou que Portugal apresenta "uma identidade nacional como poucos têm em todo o mundo".
"Em nome dessa identidade nacional, o Presidente da República aqui está para vos homenagear, para vos testemunhar respeito, para vos agradecer", reafirmou.
A cerimónia, à qual também assistiu Vieira da Silva, ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, e autarcas de Castelo de Paiva, Cinfães, Penafiel e Marco de Canaveses, decorreu no monumento construído junto à ponte, entretanto reconstruída, na margem esquerda do rio Douro, para homenagear as vítimas, conhecido como "Anjo de Portugal".
O momento ficou marcado pelo testemunho de uma adolescente, neta de uma das vítimas.
O chefe do Estado ouviu, comovido, e comentou no seu discurso: "Todos nós sentimos uma emoção muito particular ao ouvirmos a Ana Leonor evocar a sua avó Leonor e todas e todos que partiram com ela. Sentimos que era a vida a sobrepor-se à morte, era o futuro a nascer a partir do passado, não esquecendo o passado, mas querendo afirmar-se como futuro".
Marcelo Rebelo de Sousa destacou que "Ana Leonor falou não das 59 velas, mas das 59 estrelas que estão no firmamento" e, frisou, "são as velas que evocam o passado, as estrelas que apontam para o futuro".
A mensagem do Presidente da República privilegiou os familiares das vítimas, que mais tarde cumprimentaria, um a um, demoradamente. Alguns choravam, enquanto eram abraçados por Marcelo.
No discurso, o Presidente afirmara: "Como todos disseram, é no passado que todos vamos buscar forças para construir o futuro. Antes de mais, os familiares dos que partiram. No dia seguinte, no mês seguinte, no ano seguinte, recomeçaram a sua caminhada, não esquecendo cada uma e cada um dos familiares, mas inspirados por eles, olhando para o futuro, construindo o futuro, fazendo vida a partir da morte".
O Presidente da República, acompanhado do presidente da Câmara de Castelo de Paiva, depositou uma coroa de flores no monumento.
Seguiu depois para o tabuleiro da ponte, acompanhado por familiares das vítimas, para participar na cerimónia de lançamento ao rio Douro de 59 flores, tantas quantas as vítimas da tragédia ocorrida na noite chuvosa de 4 de março de 2001.
De seguida, foram largadas dezenas de balões brancos em homenagem aos que partiram naquele dia trágico.
Antes da cerimónia religiosa presidida pelo bispo do Porto, António Francisco dos Santos, que decorreu no monumento evocativo da tragédia, Marcelo Rebelo de Sousa tinha passado pelo equipamento social criado pela Associação dos Familiares das Vítimas da Tragédia de Entre-os-Rios.
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