Reconhecendo a importância do seu trabalho, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, evocou hoje o ex-secretário de Estado da Indústria João Vasconcelos como “entusiasta” da viragem para a economia digital e disse que ele “partiu como viveu”.
“Eu tenho a teoria de que as pessoas acabam por partir como vivem. Ele viveu apaixonadamente, arrebatadoramente e em tensão constante [com] esta mudança da economia digital portuguesa e acabou por partir de repente, da mesma maneira como viveu”, referiu Marcelo.
Marcelo sublinhou também que João Vasconcelos deu um contributo “fundamental” para essa viragem, “como criador, como promotor”.
Antes, numa nota divulgada na página da Presidência da República, Marcelo já tinha lamentado a morte “prematura” de João Vasconcelos, considerando que a melhor forma de o homenagear é mostrar “exemplos de êxito empresarial”.
“Lamento a perda súbita de João Vasconcelos, ex-secretário de Estado da Indústria e fundador da Startup Lisboa, um dos principais impulsionadores dos jovens empresários em vários setores da economia, e endereço sentidas condolências à sua família”, lê-se na nota.
Marcelo Rebelo de Sousa destacou a “grande influência” de João Vasconcelos na promoção da cimeira tecnológica Web Summit em Portugal e “tantas outras iniciativas a favor da inovação e do empreendedorismo moderno”.
Junto do seu partido, o Partido Socialista - que durante a manhã confirmou e lamentou a morte de "um dos melhores quadros do partido" - foram vários os colegas a pronunciar-se durante o dia e a demonstrar pesar, tendo o primeiro-ministro António Costa dito que a melhor homenagem a João Vasconcelos é encarar o futuro com o entusiasmo que caracterizou o político.
O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, manifestou-se hoje "profundamente chocado" com a morte do ex-secretário de Estado João Vasconcelos, destacando a "marca grande" que deixou no país.
"Profundamente chocado com a notícia da morte de João Vasconcelos. Deixou uma marca grande no tempo terrivelmente curto que esteve connosco. Toda a minha solidariedade e condolências para a família e os muitos amigos que ele tinha", escreveu João Gomes Cravinho numa mensagem colocada na rede Twitter.
Outro membro do executivo, o ministro Adjunto e da Economia Pedro Siza Vieira, demonstrou também o “mais profundo pesar” pela sua morte, considerando que partiu “cedo demais, quando ainda tinha muito para dar ao país”.
“João Vasconcelos foi secretário de Estado da Indústria entre 2015 e 2017, e distinguiu-se pelo dinamismo que imprimiu à atividade governativa e pelo contributo decisivo que deu ao empreendedorismo e inovação na nossa economia”, refere o ministro em comunicado.
Além disso, o ministro realçou que João Vasconcelos “granjeou o respeito e simpatia de empresários e de todos que com ele contactaram” e endereçou à família e aos amigos as “mais sinceras e sentidas condolências, próprias destes momentos de tristeza”, dizendo ainda que “deixou admiração pelo seu trabalho e saudade entre todos os que tiveram o privilégio de com ele trabalhar”.
O ex-ministro das Infraestruturas Pedro Marques também se quis pronunciar quanto ao falecimento de um ex-colega que “muito admirava e estimava”, lembrando o seu papel de “protagonista da mudança e da digitalização”.
“Hoje perdemos alguém que muito admirava e estimava. Foi protagonista da mudança e da digitalização, um entusiasta e impulsionador da mudança no nosso país e no mundo. Deixará saudades”, escreve o também cabeça de lista do PS às europeias na rede social Twitter.
O socialista Fernando Medina lamentou também a morte de João Vasconcelos através da mesma rede social, dizendo que "a Lisboa do futuro fica hoje sem um dos seus nomes mais destacados".
No mesmo tweet, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa classificou a notícia de morte de João Vasconcelos como "um choque", recordando que a sua "energia, alegria e capacidade de agregação para o empreendedorismo e economia digital eram hoje ímpares no nosso país".
"A @STARTUPLISBOA, de quem foi o seu primeiro diretor, é hoje o resultado vivo do seu empenho, visão e capacidade de realização", escreveu ainda o autarca de Lisboa e companheiro de João Vasconcelos no PS.
Para além da nota de pesar do Partido Socialista, a estrutura distrital do partido em Leiria, de onde João Vasconcelos era natural, também se pronunciou.
“É uma grande perda para o presente e para o futuro do país e uma grande perda para a região”, disse à Lusa o presidente da Federação Distrital de Leiria do PS.
Segundo António Sales, o ex-secretário de Estado da Indústria “era um homem com uma visão para o futuro e o grande impulsionador da Indústria 4.0”.
Sales frisou ainda que o ex-governante “sempre foi muito ligado à sua terra” e “muito participativo no seu partido”, tendo mudado “a sua militância recentemente para Leiria”. “Era uma pessoa que cativava uma assembleia pela forma contagiante como discursava e pela energia que transmitia. Estava sempre muito bem-disposto e tinha um grande sentido de humor”, sublinhou.
Por seu lado, o presidente da Concelhia de Leiria do PS, Gonçalo Lopes, acrescentou que é “uma perda inesperada e inexplicável”.
“Parte demasiado cedo. É um quadro muito importante não só na política, como para a região de Leiria. Sempre esteve muito empenhado no empreendedorismo, com uma grande consciência social. O João é daqueles quadros que nunca abandonou a sua terra e esteve sempre muito atento àquilo que era o dia-a-dia da região, mostrando sempre disponibilidade em ajudar”, sublinhou Gonçalo Lopes.
O presidente da concelhia recordou ainda a sua “última obra” em Leiria: “o seu envolvimento e impulso na criação da startup Leiria. É a sua última marca”.
Numa nota de imprensa, a Câmara de Leiria “lamenta profundamente” a morte de João Vasconcelos, afirmando que “manteve sempre uma forte ligação a Leiria, envolvendo-se na promoção do desenvolvimento local, em especial na área das novas tecnologias e do empreendedorismo”.
As reações também se fizeram sentir de outros quadrantes políticos do país. O ex-vice-presidente do CDS Adolfo Mesquita Nunes recordou hoje a “rara predisposição para o riso” do ex-secretário de Estado João Vasconcelos, um “atributo” dos que, assinalou, “não precisam de se levar a sério para chegar longe” e “com seriedade”.
“Havia no João uma rara predisposição para o riso, o singular atributo das pessoas que não precisam de se levar a sério para chegar longe e bem e depressa e com seriedade”, escreveu o centrista numa mensagem na rede social Twitter.
Para Mesquita Nunes, que na semana passada se demitiu da direção nacional do partido, Vasconcelos “vai fazer falta”.
A influência de João Vasconcelos extravasou a arena política, sendo que a sua morte também se fez sentir no campo empresarial.
O presidente executivo da Web Summit, Paddy Cosgrave, lamentou hoje a morte de João Vasconcelos, considerando tratar-se de um governante "verdadeiramente apaixonado" pelas 'startups' e Portugal.
João Vasconcelos foi um dos principais promotores da continuação da Web Summit, considerada a maior cimeira de tecnologias e empreendedorismo, em solo português, enquanto fez parte do executivo de António Costa entre 2015 e 2017
"Estou muito triste por saber que João Vasconcelos morreu", disse Paddy Cosgrave, na conta da rede social Twitter, acrescentando que "como governante era verdadeiramente apaixonado pelas 'startups' e Portugal".
"Ele fez tanto para promover as 'startups' portugueses a nível mundial, vamos todos sentir saudades", rematou o irlandês.
O presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), José Eduardo Carvalho, optou por realçar o papel de "grande relevância" em projetos de empreendedorismo do ex-secretário de Estado da Indústria.
Numa nota a lamentar a morte inesperada de João Vasconcelos, a AIP presta-lhe homenagem, recordando "o papel de grande relevância que desempenhou em projetos de empreendedorismo e o importante contributo" que deu na promoção e captação da WebSummit para Portugal, bem como no impulso à Indústria 4.0.
"Era dotado de uma invulgar e incomum capacidade de trabalho, de mobilização e realização. Fez um excelente trabalho na secretaria de Estado da Indústria e distinguiu-se enquanto dinamizador de empresas na área das novas tecnologias e no apoio à definição da estratégia nacional para o empreendedorismo", refere o presidente da AIP, citado na informação.
Por fim, a Volkswagen Autoeuropa destacou o "profissionalismo e empenho" de João Vasconcelos. "Ao longo do período em que desempenhou funções governativas, João Vasconcelos destacou-se pelo profissionalismo, empenho e envolvimento em matérias cruciais para o setor automóvel nacional", lê-se numa nota de imprensa da empresa.
O ex-secretário de Estado da Indústria João Vasconcelos morreu durante a noite de hoje em Lisboa com 43 anos, disse à agência Lusa fonte do PS.
Vasconcelos, também militante socialista, saiu do Governo em julho de 2017 após ser constituído arguido pelo Ministério Público no processo que investigava "o pagamento pela Galp Energia S.A. de viagens, refeições e bilhetes para diversos jogos da seleção nacional no Campeonato Europeu de Futebol de 2016", o qual acabou por ser arquivado.
Diretor Executivo da Startup Lisboa, Associação para a Inovação e Empreendedorismo de Lisboa, de 2011 até 2015, foi responsável pelo LIDE Empreendedorismo, associação com foco na promoção da sustentabilidade e responsabilidade social nos negócios e nas empresas.
Segundo o portal do Governo, João Vasconcelos foi adjunto e assessor do Gabinete do primeiro-ministro, José Sócrates, com responsabilidade na área dos assuntos regionais e economia, entre 2005 até 2011.
Entre 1999 e 2005, ocupou o cargo de vice-presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE).
João Vasconcelos administrou também diversas empresas familiares nos setores do turismo e serviços, tendo também sido mentor de vários programas de aceleração empresarial, nomeadamente o Startup Pirates, Founder Institute, Lisbon Challenge e Seedcamp.
Atualmente, João Vasconcelos colaborava como 'senior adviser' da Clearwater International em Portugal para a área das startup e empresas de tecnologia de informação.
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