Após a polémica reeleição de Nicolás Maduro, há cerca de um mês, como presidente da Venezuela, que até hoje não foi aceite por uma grande maioria de pessoas no mundo inteiro, os venezuelanos saíram à rua em protesto.

Denunciando as irregularidades e a grande probabilidade de fraude nas eleições venezuelanas, algumas manifestações terminaram em desacatos e prisões, incluindo de adolescentes, alguns deles libertados esta segunda-feira.

Enquanto Maduro garante que as eleições na Venezuela foram limpas e pede o respeito pela sua reeleição e que "o mundo não meta o nariz nos assuntos internos da Venezuela", bem como respeito pela soberania e a vida interina do país, os residentes, que há semanas não se remetem ao silêncio, são aplaudidos pelos Estados Unidos da América.

“Os Estados Unidos aplaudem a coragem e a resiliência dos milhões de venezuelanos que votaram e que continuam a exigir pacificamente que Maduro reconheça que Edmundo González Urrutia recebeu a maioria dos votos”, escreviam os norte-americanos.

Em contrapartida, o chefe de Estado da Venezuela coleciona formas de retaliar as acusações de fraude e responder aos críticos, demonstrando que a oposição não quer o bem do povo venezuelano.

Ao lado de Maduro, o ministro da Comunicação, Freddy Ñáñez, acusou a maior coligação da oposição, a Mesa de Unidade Democrática (MUD), de Edmundo González Urrutia, de, em conjunto com a sua maior apoiante, María Corina Machado, prejudicar os venezuelanos através de mais um ataque ao sistema elétrico nacional na passada sexta-feira.

Ñáñez reiterou que tal se tratou de uma “nova sabotagem” que “afetou quase todo o território nacional”, uma vez que receberam, de Caracas e dos 23 estados venezuelanos, relatos da queda no fornecimento de energia elétrica “total ou parcialmente”.

Por sua vez, Nicolás Maduro fez questão de demonstrar estar "ao lado do povo". "Estou na linha da frente da situação a enfrentar este ataque criminoso ao sistema elétrico nacional. Já o disse e repito: Calma e serenidade, nervos de aço!”, confessou na sua rede social Telegram.

No passado domingo, a eletricidade foi restabelecida e a causa do apagão foi atribuída a uma avaria na central hidroelétrica Simón Bolívar, a maior da Venezuela.

Já hoje, e numa clara tentativa de denunciar e derrubar a sensação de hegemonia de Maduro não só sobre a oposição venezuelana, como em relação aos países do mundo que se mostram contra a sua reeleição, os Estados Unidos da América apreenderam o avião do presidente venezuelano Nicolás Maduro, depois de determinarem que a sua aquisição no país viola as sanções dos EUA, entre outras questões criminais.

O avião foi descrito por autoridades como o equivalente venezuelano ao Air Force One e já foi fotografado em visitas de Estado anteriores de Maduro à volta do mundo.

“Isto manda uma mensagem para o topo”, revelou à CNN um oficial dos EUA. “Apreender o avião do chefe de estado estrangeiro é algo inédito para questões criminais. Estamos a mandar uma mensagem clara aqui de que ninguém está acima da lei, ninguém está acima do alcance das sanções dos EUA”.

Em declarações, o procurador-geral Merrick Garland disse que “o Departamento de Justiça apreendeu uma aeronave que terá sido comprada ilegalmente por 13 milhões de dólares por meio de uma empresa de fachada e de contrabando para fora dos Estados Unidos para uso de Nicolás Maduro e os seus companheiros”.