O inquérito da AMT, divulgado hoje, revelou que nos serviços urbanos e suburbanos de passageiros houve 50% de repostas insatisfatórias e 50% satisfatórias, com uma maioria a referir que a qualidade se manteve inalterada nos últimos dois anos.
“A insatisfação quanto aos serviços urbanos e suburbanos é mais elevada nas linhas de Sintra e Cascais”, segundo o documento, que indicou que o maior grau de insatisfação se relacionou com a “acessibilidade e assistência a utilizadores com deficiência e/ou mobilidade reduzida”.
Na lista de insatisfações também entram críticas à informação disponibilizada, tratamento de reclamações, situações de atrasos e perturbações nos serviços, supressão de horários e percursos, cancelamentos e facilidade na saída do comboio.
Nota mais positiva tiveram os preços, forma de compra de títulos, estações de comboio e “outras infraestruturas de apoio”.
Já o nível de satisfação surge em 70% nas avaliações feitas nos serviços de longo curso, regionais e internacionais, enquanto 73% refere que o nível de serviço se manteve nos últimos dois anos.
“O serviço regional é considerado o mais insatisfatório, em especial nas linhas do Oeste, da Beira Alta, do Algarve e do Douro”, já a “satisfação é mais elevada com os serviços alfa e internacionais, obtendo os serviços regionais uma avaliação menos satisfatória”, concluiu.
No geral dos serviços de passageiros, os ‘chumbos’ ocorrem sobretudo nas questões sobre informação disponibilizada, tratamento de situações de atraso ou perturbação dos serviços e com a acessibilidade e assistência a utilizadores com deficiência e/ou mobilidade reduzida.
Notas mais positivas recebem a duração da viagem e disponibilidade da tripulação.
As empresas utilizadoras dos serviços ferroviários de transporte de mercadorias manifestaram uma “perceção satisfatória quanto à qualidade dos serviços (76%), possuindo as associações empresariais uma perspetiva menos positiva (50%).
O preço é o mais criticado, enquanto a satisfação com a duração do transporte e com a proteção das mercadorias transportadas é elevada.
Face a estas conclusões, a AMT avançou um plano de ações, que inclui, quanto a transporte de passageiros, divulgação de informação aos utentes, como a respeitante aos seus direitos, acompanhamento da contratualização de serviços públicos de transporte de passageiros e a implementação do Regime Jurídico do Serviço Público do Transporte de Passageiros.
A nível do serviço ferroviário de transporte de mercadorias, e estando a prestação destes serviços liberalizada, a AMT recordou o seu papel no acompanhamento e monitorização do mercado.
Quanto à infraestrutura ferroviária, a AMT referiu, por exemplo, o “acompanhamento do ponto da situação quanto ao investimento na infraestrutura ferroviário e da sua gestão operacional, incluindo a definição e aprovação das tarifas e condições de utilização da infraestrutura”.
Neste relatório datado de março, a AMT nota que os dados “refletem a perceção dos utilizadores e representantes dos utilizadores quanto ao mercado, não representando necessariamente toda a realidade existente”.
Conforme previsto na lei, a AMT deve consultar periodicamente, pelo menos de dois em dois anos, “os representantes dos utilizadores de serviços ferroviários de mercadorias de passageiros, a fim de ter em conta as suas opiniões sobre o mercado ferroviário”.
Assim, foi enviado o questionário a seis associações de consumidores e a 39 associações que representam pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida (ADMR). “Foi também dada a possibilidade de participação à Direção Geral do Consumidor, ao Instituto Nacional para a Reabilitação, ao Provedor de Justiça, assim como a centros de arbitragem e centros de informação autárquicos ao consumidor”.
Foram recebidas no total 12 respostas com a seguinte composição: seis ADMR, quatro associações de consumidores e duas entidades que representam consumidores e os seus interesses.
Quanto a serviços ferroviários de transporte de mercadorias, foi remetido o questionário a 35 empresas utilizadoras dos serviços e obtida resposta por parte de 21 empresas. Foram ainda recebidas oito respostas das 77 associações empresariais contactadas.
“Foi também disponibilizada a possibilidade dos seus associados participarem diretamente na consulta, tendo uma empresa concretizado esse interesse. Contabilizou-se assim um total de 22 empresas respondentes”, precisou ainda a AMT.
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