A Vale acrescentou que a barragem em causa estava "com o seu nível de segurança acima daquele que é o recomendado pela legislação".
O Ministério Público argumentou, com base em diversos documentos, que a Vale tinha conhecimento, desde outubro de 2018, do risco de rutura da barragem que rebentou perto da cidade de Brumadinho, o que foi negado pelos gestores da maior produtora de ferro do mundo.
"Os documentos recolhidos pela acusação" mostram que "em outubro 2018 já havia sido constatado" pela Vale "o grau de risco de rutura" dessas barragens, segundo o magistrado Sérgio Henrique Cordeiro que salienta o facto daquelas estruturas terem sido, contudo, indicadas como seguras pela empresa.
A Vale negou, contudo, as acusações.
“Tínhamos relatórios de estabilidade que indicavam claramente que não havia risco iminente na barragem, que esta estava estável. Não havia sinais de problemas", disse Lúcio Cavalli, gerente executivo de Planeamento e Desenvolvimento de ferro e carvão da Vale, em conferência de imprensa no Rio de Janeiro.
A empresa salientou também que os 46 equipamentos instalados para medir a pressão da água atestaram a "saúde" da barragem, localizada na mina de Brumadinho, que rebentou em 25 de janeiro, causando uma avalanche de lama e resíduos minerais, que enterrou tudo no seu caminho.
Segundo a Vale, quatro dos equipamentos para medir a pressão da água apresentaram anomalias que foram corrigidas e mostraram que o nível da água da barragem tinha diminuído, o que foi registado num relatório da empresa alemã Tüv Süd.
Na segunda-feira, a Agência Nacional de Mineração do Brasil (ANM) informou que as empresas mineiras terão de realizar inspeções diárias em barragens de resíduos idênticas à de Brumadinho.
A barragem que colapsou em Brumadinho, no estado brasileiro de Minas Gerais, foi feita através do método de alteamento a montante, no qual se constroem degraus com os próprios resíduos, sendo o método mais simples e também o menos seguro.
Esta foi também a técnica de construção usada na barragem da empresa Samarco, que rebentou em 2015, na cidade de Mariana, igualmente no estado de Minas Gerais, onde, aliás, se encontra a maior concentração deste tipo de estruturas.
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