“Essa é uma questão política interna norte-americana. No que diz respeito às relações com a União Europeia, o Presidente eleito dos Estados Unidos (Donald Trump) conhece bem quais são os valores por que se regula a UE. Nesses valores, não estão presentes lógicas de deportação em massa”, afirmou Augusto Santos Silva à entrada para uma reunião de chefes de diplomacia dos 28.
O ministro disse não antecipar contudo “nenhuma dificuldade” específica para a comunidade portuguesa residente nos Estados Unidos.
“Não, não julgo que haja nenhum problema. A comunidade portuguesa nos Estados Unidos está muito bem enraizada. O contributo dessa comunidade para a economia e sociedade norte-americana é reconhecida por todos, por isso não antecipo nenhuma dificuldade”, declarou.
Depois de ter participado, no domingo à noite, num jantar informal dos chefes de diplomacia da UE, convocado pela Alta Representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Federica Mogherini, para discutir o futuro das relações entre UE e EUA à luz do inesperado triunfo de Trump nas eleições presidenciais norte-americanas, Santos Silva observou hoje que a vontade de todos é continuar a “trabalhar em conjunto numa agenda comum” para reforçar essa cooperação.
“Os Estados Unidos são um aliado muito forte e muito próximo da UE, e nós devemos trabalhar para consolidar a agenda comum”, apontou.
Entre as principais preocupações dessa agenda comum, destacou “os desenvolvimentos necessários no que diz respeito à aplicação do acordo de Paris sobre alterações climáticas; os passos necessários no que diz respeito à implementação dos objetivos do desenvolvimento sustentável, a chamada agenda 2030, e também naturalmente as negociações que estão em curso relativamente ao tratado de comércio livre” (TTIP).
Augusto Santos Silva salientou igualmente que, “no quadro da NATO, há também muito trabalho a fazer, sendo que uma das conclusões da cimeira de Varsóvia da NATO foi a assinatura de uma declaração conjunta entre a UE e a NATO no sentido de incrementar a cooperação entre as duas organizações”.
“E nós estamos muito interessados em aplicar essa declaração”, concluiu.
Além dos respetivos Conselhos, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da União Europeia têm hoje uma sessão de trabalho conjunta em Bruxelas, depois de os chefes de diplomacia terem abordado, no domingo à noite, a eleição de Donald Trump como presidente norte-americano, que suscita algumas inquietações no seio da UE e também da NATO, face a diversas posições polémicas assumidas pelo candidato republicano durante a campanha eleitoral.
Assim, apesar de não constar da agenda oficial de trabalhos, a vitória de Trump irá também certamente marcar os trabalhos de hoje, incluindo a reunião conjunta entre ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, na qual Portugal estará representado pelos ministros Augusto Santos Silva e Azeredo Lopes.
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