Vance, de 39 anos e no primeiro mandato como senador, apresentou-se na quarta-feira ao país na Convenção Nacional Republicana, em Milwaukee, onde explicou como passou de um forte crítico de Donald Trump a um dos maiores apoiantes.
“Aceito oficialmente a nomeação para vice-presidente dos Estados Unidos da América”, disse Vance, dirigindo-se a Trump, que o aplaudiu de pé.
Sob o olhar atento do ex-presidente, o político, relativamente desconhecido do público, partilhou com os norte-americanos a sua história de sucesso, desde a infância difícil numa família pobre, com a mãe viciada em drogas e o pai ausente, até se tornar senador em 2022.
“Esta noite é uma noite de esperança. Uma celebração do que a América já foi, com a graça de Deus, e do que em breve será novamente”, disse o senador, na abertura do discurso, depois de ser apresentado no palco pela mulher, Usha Vance, filha de imigrantes indianos e que conheceu o marido na Faculdade de Direito de Yale, que ambos frequentavam.
Aplaudido por uma multidão animada que repetia o seu nome, Vance pediu “unidade para vencer” as eleições e admitiu nunca ter imaginado estar nesta posição.
Antes do discurso oficial, Vance antecipou a sua estreia com uma aparição num fórum paralelo à reunião principal, destacando o que considerou ser a bravura do ex-presidente, que sobreviveu no último sábado a uma tentativa de assassinato durante um comício na Pensilvânia.
"Achei que tivéssemos acabado de perder um grande presidente, o que seria terrível para o nosso país (...) Por acaso Trump estava aborrecido? Convocou uma união nacional, pediu calma, mostrou liderança, e os media continuam a dizer que querem que alguém baixe o tom. Atiraram em Donald Trump e ele baixou o tom. Isso é o que faz um verdadeiro líder", disse Vance.
O candidato a vice-presidente afirmou que "os media mentiram da forma mais agressiva e caluniosa" sobre o seu chefe, mas que "ele continua a avançar, a perseverar e a lutar".
Vance também fez uma comparação entre Trump e Biden: "O presidente Trump é um dos executivos do ramo imobiliário mais bem-sucedidos da história do nosso país. O nome Trump tornou-se sinónimo de luxo e beleza. E Joe Biden gosta de fingir que é apenas o 'Scranton Joe' [Scranton, cidade natal de Biden. Que se mostra como homem da classe trabalhadora, ou que a defende]."
"Mas o tipo que realmente consegue ligar-se aos trabalhadores deste país é o presidente Donald Trump", afirmou o seu candidato a vice. "Vamos livrar-nos dele [Biden] e trazer Donald Trump de volta para a Casa Branca!"
"Espero não estragar as coisas, mas é tarde demais, já me escolheram, é oficial", tinha brincado Vance antes de começar a falar.
No terceiro dia de reuniões, Trump assistiu à exibição do documentário "Trump's Rescue Mission: Saving America", sobre a sua campanha para voltar ao poder. O magnata dirigiu-se, em seguida, ao auditório principal da convenção, onde um dos temas do dia foi a crise migratória na fronteira sul.
Conservador de Ohio, que completará 40 anos no próximo mês, Vance será o terceiro vice-presidente mais jovem da História — e um dos menos experientes — se Trump conquistar a vitória em novembro.
Vance foi um crítico ferrenho de Trump na campanha presidencial de 2016. Agora, é um dos principais defensores da ideologia de ultradireita MAGA ("Make America Great Again").
Por unanimidade, os delegados da convenção republicana nomearam Trump o seu candidato à Presidência. O bilionário fará um discurso nesta quinta-feira, quando aceitará a nomeação do partido.
O prestigiado investigador eleitoral Frank Luntz considera que o ex-presidente Trump, 78 anos, tem em Vance um aliado jovem que garante a continuidade do movimento MAGA.
"Os operários, essa classe trabalhadora, essa compreensão dos eleitores que tradicionalmente eram democratas e que agora encontraram um lar em Donald Trump, ele enfatiza isso", disse Luntz.
Vance tornou-se famoso em 2016 com seu livro de memórias "Hillbilly Elegy", um relato sobre a sua família branca da classe trabalhadora dos Apalaches, no chamado 'Rust Belt', uma região industrial em declínio no nordeste e no centro-oeste do país.
No Senado, Vance destacou-se pela sua oposição à ajuda à Ucrânia, e exigiu que os recursos fossem destinados à luta contra a imigração ilegal.
Defensor do fechamento das fronteiras e do isolacionismo, Vance é descendente de migrantes escoceses-irlandeses e casado com Usha Chilukuri, de raízes indianas, com quem tem três filhos.
Após a convenção, Trump viajará ao Michigan para um comício no sábado, uma semana após a tentativa de assassinato.
*com Lusa e AFP
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