Segundo o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, está em curso a procura de um investigador principal com a “autonomia, imparcialidade e experiência necessárias”.
O cardeal Jean-Pierre Ricard, o arcebispo emérito de Bordéus e ex-presidente da Conferência Episcopal Francesa, revelou o abuso sexual numa carta, na semana passada, enquanto os bispos franceses estavam reunidos na sua assembleia anual, em Lourdes.
A revelação desencadeou mais uma crise na Igreja Católica francesa, que já estava a braços com revelações de décadas de abusos sexuais e encobrimentos pormenorizados num relatório sem precedentes, divulgado no ano passado.
O Ministério Público de Marselha anunciou esta semana que abrira uma investigação a Ricard, mas que “nenhuma queixa” tinha ainda sido apresentada contra o cardeal.
A decisão do Vaticano de avançar e iniciar a sua própria investigação sugere a gravidade com que o assunto está a ser encarado em Roma, já que Ricard ocupa uma posição muito elevada na hierarquia: é um membro votante do Dicastério para a Doutrina da Fé da Cúria Romana, o que significa que esteve envolvido nas decisões sobre outros casos de abusos sexuais do clero durante anos.
Desconhece-se ainda se Ricard será suspenso ou afastado dos órgãos de que faz parte no Vaticano. Na sua carta, o cardeal emérito declarou que se colocava nas mãos da Igreja e das autoridades civis.
O relatório francês Sauve estimou que 330.000 crianças em França foram vítimas de abuso sexual nos últimos 70 anos por cerca de 3.000 padres e outros membros da Igreja e que esses crimes foram encobertos de “forma sistemática” pela hierarquia da Igreja Católica.
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