"Vivemos em partes diferentes da Europa, mas temos uma convergência muito grande de pontos de vista sobre todas as matérias que dizem respeito à União Europeia, à NATO, à relação transatlântica", considerou João Gomes Cravinho em declarações à agência Lusa à margem de uma visita à 86.ª Base Aérea da Força Aérea romena, em Borcea, no sudeste da Roménia.
A alienação de cinco aeronaves portuguesas à Roménia "permite substanciar" uma "verdadeira parceria" entre as duas forças aéreas e equacionar "oportunidades para o futuro", sustentou o governante.
A curiosidade levou a melhor do ministro, que não resistiu a 'inspecionar' o cockpit de um dos F-16, enquanto outros dois circundavam aquela instalação militar com uma demonstração de manobras, para mostrar a razão pela qual estas aeronaves – que atingem uma velocidade de Mach2 – são as 'estrelas' da parceria entre Portugal e a Roménia.
Contudo, Gomes Cravinho advogou que "não é uma simples alienação de algumas aeronaves".
Na realidade, é uma "parceria profunda que levou a que muitos e muitos, dezenas ou centenas, de oficiais e sargentos romenos tivessem passado tempo em Portugal" a trabalhar com os homólogos portugueses e vice-versa, um intercâmbio de experiências que começou em 2013 e que durará até 2023.
É o caso de João Silva, engenheiro aeronáutico, que disse à Lusa que o `know-how´ dos militares portugueses "é fundamental" nesta área, em particular, no que diz respeito aos F-16.
"Ao nível da engenharia […], Portugal acumula mais de 20 anos de experiência de F-16, e a Roménia acumula pouco mais de quatro, portanto, a diferença é muito grande e eles [a Força Aérea romena] estão a atingir um nível de prontidão muito elevado, resultado desta partilha de experiência e conhecimento", explicou.
A visita à base aérea de Borcea estava inserida na visita oficial de Gomes Cravinho à Roménia, que incluiu uma reunião com o homólogo romeno, o general Nicolae-Ionel Ciucă, para debater a cooperação entre os dois países no domínio da Defesa, e abordar outras temáticas multilaterais, como, por exemplo, a presidência portuguesa da União Europeia (UE), que se inicia em janeiro, e a NATO.
"Com esta capacidade, a Roménia está a fortalecer a sua postura enquanto um aliado da NATO de confiança, estamos a mostrar quanto é que dependemos do 'status quo' como membros da aliança e como nos empenhámos em preencher este requerimento que é fortalecer a postura defensiva no flanco Este da aliança", disse à Lusa o ministro da Defesa romeno, ladeado pelo homólogo português.
Nicolae-Ionel Ciucă acrescentou que, através deste programa, "muitos romenos souberam mais sobre Portugal", e vice-versa, e, por isso, a parceria deu "uma contribuição muito importante, não só para as relações diplomáticas" entre as duas nações, mas também "m todos os outros domínios".
O Estado português e a Roménia celebravam o primeiro contrato para venda de 12 F-16 em 2013, que incluía não só a alienação das aeronaves, mas também a formação, treino, apoio logístico inicial e a sustentação de uma equipa de apoio técnico local.
Sete anos mais tarde, já com Gomes Cravinho a tutelar a Defesa Nacional, Portugal propôs a alienação de mais cinco aeronaves, por um valor de aquisição de 130 milhões de euros.
Desta segunda tranche, quatro aeronaves chegaram a território romeno em junho e outubro deste ano, e o quinto e último deverá ser entregue até abril de 2021.
O upgrade com um novo software dos 17 aviões desta frota está previsto para o primeiro semestre de 2023.
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