A Rua Leopoldo, no coração de Bruxelas, ganhou hoje outra vida, com as pessoas que a percorriam a pararem para observar um mural que apareceu em apenas uma semana.
Uma mulher e um cravo saltam logo à vista, mas Alexandre Farto explicou que toda a obra é uma mescla revolucionária.
“Toda a obra foi um levantamento das várias revoluções e de várias histórias da Europa, tem vários elementos de padrões, tens o cravo também que tem que ver com a ligação à Revolução dos Cravos”, contou à Lusa, durante a inauguração do mural.
O rosto não é o de uma mulher só, mas “um apanhado de uma série de desenhos” que Vhils fez em Bruxelas: “Quis representar alguém no imaginário do futuro que esteja a olhar o futuro da Europa e a representar também a sua diversidade e maneira como isso nos tornou mais fortes”.
No ano de celebração do 50.º aniversário do 25 de Abril, Alexandre Farto quis enaltecer a conquista da democracia portuguesa na cidade que decide os destinos da União Europeia.
Ainda mais quando o crescimento da extrema-direita ameaça os valores europeístas, colocando em causa “todo o Estado social”, o acesso à escola pública, que Vhils frequentou, não só em Portugal, mas noutros países.
“No meu atelier somos 25, há pessoas que têm histórias similares à minha, dos subúrbios de Bucareste [Roménia], da Polónia, de Espanha, de França. O estúdio também tem essa força da Europa. Era impossível fazer o meu trabalho e eu não teria tido as oportunidades que tive se não fossem as conquistas todas dos últimos anos”, sustentou.
Nascido em 1987, Alexandre Farto cresceu no Seixal, onde começou por pintar paredes e comboios com 'graffiti', aos 13 anos, antes de rumar a Londres, para estudar Belas Artes, na Central Saint Martins.
Captou a atenção a ‘escavar’ muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional, e que já levou o artista a vários cantos do mundo.
Além de várias criações em Portugal, Alexandre Farto tem trabalhos em países e territórios como a Tailândia, Malásia, Hong Kong, Itália, Estados Unidos, Ucrânia e Brasil.
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