“Nós colocamos [um material] como se fosse uma almofada por baixo do carril, para não haver mecanismos de propagação de qualquer vibração às próprias estruturas e essas possam produzir ruído”, explica à Lusa Tiago Braga, presidente da Metro do Porto.

O responsável máximo pela transportadora falou à Lusa na ponta norte do viaduto, em Santo Ovídio, ponto de partida da extensão da Linha Amarela até Vila d’Este, numa altura em que se montam as últimas peças desta ‘cama’.

Na outra ponta, uns metros acima e a sudeste de Santo Ovídio, junto à futura estação de Manuel Leão, vários trabalhadores, ajudados por camiões, retroescavadoras e outros auxílios, também desmontam peça a peça a fábrica temporária que construiu, montou e ajudou a empurrar o gigante de aço que se ergueu sobre a Quinta do Cisne, em Gaia.

Ali, o branco do viaduto não simboliza qualquer ‘canto do cisne’, mas talvez uma futura paz para os milhares de passageiros que, entre Santo Ovídio e Vila d’Este, acordarão para uma realidade em que podem deixar os autocarros que diariamente circulam lotados nesta zona de Gaia.

Se se tentarão amortecer o ruído e as vibrações do futuro no eixo deste ‘lençol’ de aço, por agora o barulho é o das soldaduras e da montagem final, algo que tentará ser finalizado para a semana.

“Na próxima semana teremos a configuração completa da estrutura do viaduto, estes últimos 45 metros. O resto já tinha sido lançado”, disse à Lusa Tiago Braga.

O presidente da Metro explica que o método utilizado para erguer a estrutura, através de pequenos ‘empurrões’ diários sobre os seus pilares (provisórios e definitivos), foi “bastante diferente daquilo que normalmente se utiliza”.

“Estamos a falar de um método com avanços incrementais, em ‘push’ [empurrão], a partir de uma unidade central de produção onde as peças chegavam, eram assembladas em três módulos e depois iam sendo acopladas e empurradas”, prosseguiu o responsável.

Segundo Tiago Braga, esta fórmula permitiu “uma solução mais prática [em termos] do consumo do tempo para a realização desta tarefa, e por outro lado garantiu uma melhor gestão do espaço”, diminuindo a “pegada” da empreitada.

“A rapidez, o controlo sobre o processo, os aspetos ambientais, nomeadamente aquilo que era a impressão sobre o território, a ocupação do território”, foram alguns dos aspetos que levaram à escolha da solução.

Segundo Tiago Braga, “até setembro, o viaduto tem de estar concluído já com a estrutura ferroviária” também finalizada.

Atualmente, os trabalhadores já colocam a armadura de ferro, que juntamente com o ‘colchão’ de cimento, completará este ‘leito’ de betão na qual se ‘deitarão’ os veículos do Metro do Porto.

“A fase de testes, e aquilo que está previsto, e eu sempre tenho referido isso – mantemos esse objetivo, agarramo-nos a esse objetivo e estamos a trabalhar todos nesse objetivo – é que a seguir às férias de Natal, a seguir à passagem de ano, comecemos logo no primeiro dia útil a fazer ensaios”, antecipou Tiago Braga.

Já a parte de baixo deste ‘beliche’, a passagem inferior rodoviária de Santo Ovídio, deverá abrir antes do São João (24 de junho), confirmou também Tiago Braga à Lusa.

Questionado acerca dos efeitos da altura do viaduto, que fica ao mesmo nível de quartos e quintos andares dos prédios das redondezas, Tiago Braga disse que o som produzido pelo ‘roncar’ do veículo “não será muito diferente do que se ouve à passagem do metro quando o metro está à superfície”.

O responsável lembrou que o viaduto está no “eixo de uma via rodoviária, que por acaso é a ligação entre a A1 [Autoestrada 1] e Avenida da República em Vila Nova de Gaia, e tem, naturalmente, um ruído de fundo muito significativo”.

“No fundo, nós não iremos acrescentar mais ruído ao já existente com a passagem dos automóveis e dos [outros] veículos rodoviários neste eixo”, antecipou o responsável da Metro do Porto.

O objetivo da Metro do Porto é que a alvorada comercial deste projeto chegue “no final do primeiro trimestre de 2024”, quando houver “condições de começar a operar a extensão da Linha Amarela até Vila d’Este”.

O Ministério do Ambiente confirmou, em março, que o custo das obras nas linhas Rosa e Amarela do Metro do Porto aumentou 29% e 30%, respetivamente, cerca de 84 milhões de euros no total.

O custo inicial das empreitadas ascendia aos 98,9 milhões de euros na Linha Amarela e aumentou quase 30 milhões, e 189 milhões de euros na Linha Rosa (São Bento – Casa da Música, no Porto), onde os custos aumentaram cerca de 54 milhões de euros.

Além da empreitada, o investimento global nos dois projetos ronda os 407 milhões de euros, incluindo expropriações, projetos, fiscalização, equipamento e sistemas de apoio à exploração.