Segundo informação facultada à Lusa pelo movimento, realizaram-se, nos últimos dias, encontros nos bairros de Bela Vista (Setúbal), Casal da Mira (Amadora) e 1.º de Maio (Monte Abraão, Sintra).
A partir da próxima semana será a vez do Bairro Padre Cruz (Lisboa), Quinta da Princesa (Seixal), Zambujal (Amadora), Talude (Loures), Arrentela (Seixal), Cova da Moura (Amadora), Penajóia (Almada), Casal da Boba (Amadora), Curraleira (Lisboa) e Monte de Caparica (Almada), sendo que outros se poderão ainda vir a juntar.
“É como se fosse uma preparação para a assembleia do dia 24, ou seja, fazermos um levantamento de problemas, de necessidades que existam nessas comunidades”, explicou à Lusa a ativista do Vida Justa Lua Semedo.
No dia da manifestação que juntou milhares de pessoas em Lisboa para pedir justiça para Odair Moniz, baleado mortalmente por um agente da PSP, o movimento Vida Justa anunciou uma Assembleia Popular de Bairros, que vai decorrer no Bairro Padre Cruz, o maior bairro de habitação social de Lisboa, no dia 24 deste mês.
Outro dos objetivos dos encontros preparatórios em curso – acrescentou Lua Semedo – é propor alternativas e soluções para responder aos problemas identificados.
Ao mesmo tempo, querem apresentar “propostas de ações, atividades ou iniciativas” que juntem associações, entidades locais e pessoas que tenham “interesse em contribuir para a evolução das comunidades”, assinala.
“Cada um está muito centrado para o seu bairro, para a sua comunidade e as dificuldades, os problemas muitas das vezes são semelhantes, independentemente de cada comunidade ter a sua realidade”, realça a ativista.
O importante é salientar que existe uma causa comum “pelos mesmos direitos”, destaca, sublinhando que a união fortalece a luta.
Entre as carências registadas pelo Vida Justa junto das comunidades dos bairros figuram as infraestruturas públicas (transportes e equipamentos) e a degradação das casas devido à falta de manutenção.
O Vida Justa assume-se como um movimento que luta pela “justiça social, contra a repressão policial, por condições de vida digna” nas comunidades, através de menos renda, mais transportes e mais salário.
Após ações em defesa do direito à habitação e antirracismo, o Vida Justa promoveu uma manifestação “contra a violência policial nos bairros e em homenagem a Odair Moniz”, o cidadão cabo-verdiano que morava no bairro do Zambujal, na Amadora, e que morreu na madrugada do dia 21 de outubro, baleado por um agente da PSP no bairro da Cova da Moura.
Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar responsabilidades, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Após a morte de Odair Moniz, registaram-se distúrbios no Zambujal, que se alastraram a outros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados e apedrejados autocarros, automóveis e caixotes do lixo. Sete pessoas ficaram feridas nos acontecimentos, uma das quais com gravidade.
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