“Um dos nossos Estados-membros foi tratado de uma forma que não é aceitável. […] Nós queremos saber o que se passou e porquê”, vincou Ursula von der Leyen, em entrevista ao canal noticioso norte-americano CNN.
Em Nova Iorque para participar na Assembleia Geral das Nações Unidas, a líder do executivo comunitário reagia, nesta entrevista, às implicações do pacto AUKUS, que levou ao fim de um grande negócio de armas entre a França e a Austrália.
Os Estados Unidos, Austrália e Reino Unido anunciaram na passada quarta-feira um pacto de Defesa destinado a enfrentar a República Popular da China na região Indo-Pacífico.
Intitulado de pacto AUKUS (iniciais em inglês dos três países anglo saxónicos), tem como objetivo reforçar a cooperação trilateral em tecnologias avançadas de defesa, como a Inteligência Artificial, sistemas submarinos e vigilância em longa distância.
Uma primeira consequência foi o cancelamento, pela Austrália, de um contrato com a França para o fornecimento de submarinos convencionais e a intenção de desenvolver submarinos nucleares em coordenação com os seus novos aliados, o que já originou protestos e críticas de Paris.
França tinha um contrato para a entrega à Austrália de 12 submarinos com propulsão convencional no valor de 56 mil milhões de euros, que foi cancelado por Camberra, que comprou posteriormente os submergíveis aos Estados Unidos.
Paris expressou hoje novamente a sua insatisfação com os três países signatários do pacto AUKUS depois de, na sexta-feira, o Presidente de França, Emmanuel Macron, ter decidido chamar os embaixadores em Washington e Camberra para consultas.
Uma medida sem precedentes que as autoridades francesas justificaram com o que consideraram uma “traição” dos três países aliados tradicionais e uma grave quebra de confiança.
Este assunto será discutido pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia numa reunião à margem da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, encontro que será presidido pelo chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.
Na passada quinta-feira, Josep Borrell lamentou que a UE “não tenha sido informada e não esteja a par do que este acordo significa”, mas rejeitou “dramatizar” a situação.
“Lamentamos não ter sido informados e não termos feito parte destas conversações, mas o tempo há de chegar e, por isso, não vamos dramatizar e não vamos pôr em questão a nossa relação com os Estados Unidos, que tem vindo a melhorar bastante com a nova administração [norte-americana]”, adiantou o Alto Representante da UE para a Política Externa, falando em conferência de imprensa na sede da Comissão Europeia, em Bruxelas.
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