Whoopi Goldberg, para além do sucesso como atriz em Hollywood, é uma das co-apresentadoras do programa The View, no qual um painel composto por várias mulheres de diferentes gerações aborda desde hot topics [temas quentes] a questões sociopolíticas. A polémica instalou-se na segunda-feira quando a apresentadora, de 66 anos, afirmou categoricamente que o “holocausto não foi uma questão de raça”, mas sim sobre a “falta de humanidade do ser humano entre si”.
A discussão teve origem quando se debatia o impedimento de se lecionar numa escola do Tennessee a famosa e galardoada obra gráfica Maus, do cartoonista Art Spiegelman. Goldberg quis distinguir os motivos que desencadearam o período do holocausto, afirmando que o acontecimento se resumiu a uma batalha entre “dois grupos de homens brancos” - reforça: “Estamos a perder o ponto. No momento no qual associamos isto a raça entramos num beco. Isto tem que ver com a maneira como pessoas se tratam umas às outras”, concluiu.
Os comentários proferidos pela atriz e entertainer norte-americana foram considerados “perigosos” por várias instituições que lutam contra o antissemitismo e a ABC News não demorou a instaurar um processo disciplinar que resultará numa suspensão de Goldberg, que ficará duas semanas fora do programa The View.
Whoopi Goldberg pediu desculpa pelos comentários que fez, mas nada livrou a atriz da crítica externa e interna. Kim Godwin, presidente da ABC News escreveu um comunicado no qual deixou clara a tomada de posição sobre o sucedido: “De forma efetiva e imediata, suspendo Whoopi Goldberg durante duas semanas devido aos seus errados e dolorosos comentários”.
Acrescentou ainda que Whoopi terá “tempo para refletir e aprender quais os impactos dos seus comentários”. A inteira organização da ABC News mostrou-se solidária com os seus funcionários judeus, amigos, família e toda a comunidade judaica.
Recorde-se de que o holocausto foi responsável por milhões de mortes de judeus. Como está escrito no Memorial do Museu do Holocausto, nos Estados Unidos, os alemães eram vistos principalmente por Adolf Hitler como “racialmente superiores” e havia por parte dos nazis o objetivo de criar uma “raça pura” num contexto no qual os judeus eram considerados “inferiores” em questões raciais.
A polémica tem sido abordada em vários painéis de comentário norte-americanos e comparada até com o caso do comediante Joe Rogan.
O programa "The Joe Rogan Experience" colocou o Spotify debaixo de fogo por dar voz a negacionistas da covid-19 e a pessoas com opiniões duvidosas acerca da segurança e/ou eficácia das vacinas. O Spotify, contrariamente à ABC News, acabou por interceder a favor de Joe Rogan e resistir às duras considerações de figuras como Neil Young e Joni Mitchell, que ameaçaram retirar as suas músicas da plataforma de música.
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