“A casa de Berlusconi nunca foi bombardeada, os tanques nunca entraram no seu jardim, ninguém matou os seus familiares, nunca teve de fazer as malas às três da manhã e tudo isto graças ao amor fraternal da Rússia”, criticou o Presidente ucraniano, segundo o diário italiano ‘La Repubblica’, citado pela agência noticiosa Europa Press.
Berlusconi, um dos principais aliados do governo de Meloni, ganhou notoriedade nas últimas semanas por sucessivas declarações em que não só culpou a Ucrânia pela eclosão da guerra, como também reconheceu a sua boa relação com o Presidente russo, Vladimir Putin.
A primeira-ministra Meloni deslocou-se hoje à Ucrânia para “reiterar a posição do Governo italiano” e o seu apoio à população ucraniana. Como parte desta visita, Meloni viajou até à cidade de Irpin, onde viu em primeira mão a destruição causada pelas ofensivas armadas russas.
Mais tarde, o Presidente Zelensky fez eco das declarações de Berlusconi e expressou o seu desejo de “paz a todas as famílias italianas”, mesmo àqueles que não simpatizam com a Ucrânia no conflito, embora tenha sublinhado que a “tragédia” ucraniana é algo “que deve ser compreendido”.
“Quero que eles venham aqui e vejam com os seus próprios olhos o rasto de sangue que foi deixado para trás”, disse Zelensky.
Meloni, tal como a grande maioria dos líderes internacionais que visitaram a Ucrânia desde o início da guerra, aproveitou a ocasião para anunciar o apoio ao país da Europa Oriental.
A líder italiana disse, na altura, que Roma “está a trabalhar” numa conferência sobre a reconstrução da Ucrânia no próximo mês de abril.
“Acredito que a Itália pode desempenhar um papel de liderança com a sua excelência estratégica”, disse a chefe de Governo, que também garantiu que dentro de alguns anos a reconstrução da Ucrânia será falada como “um milagre”.
“Em Itália, o período pós-guerra foi um período de crescimento e desenvolvimento, tanto que se falou de um milagre italiano, e estou certo de que dentro de alguns anos poderemos falar de um milagre ucraniano”, sublinhou.
No entanto, apesar de garantir apoio económico à Ucrânia, Meloni recusou-se a cumprir os recentes pedidos de Zelensky em relação a armas, e assegurou que o fornecimento de aviões de combate às Forças Armadas Ucranianas “não está atualmente em cima da mesa”.
Zelensky, por seu lado, expressou a sua gratidão pelos mais recentes sistemas de defesa aérea fornecidos por Roma.
Meloni disse também que era a favor de dar à Ucrânia o direito de decidir sobre hipotéticas conversações de paz, sublinhando que “é essencial que a iniciativa venha do Presidente Zelensky”.
Além disso, disse que “a invasão de Estados soberanos”, bem como a “redefinição forçada” de fronteiras, são coisas que a comunidade internacional não pode aceitar.
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