A 24 de junho de 1995, no estádio Ellis Park, Joanesburgo, África do Sul, disputou-se a final do Mundial de Râguebi. De um lado, a Nova Zelândia (All Blacks), do outro a seleção da casa, a África do Sul (Springboks).
Depois de semanas de competição, o país, que vivera durante décadas dividido pela segregação racial, surgia unido à volta da bola oval e de Nelson Mandela, o primeiro presidente negro (1994-1999), preso político (durante 27 anos), ativista e lutador contra o regime de Apartheid e Prémio Nobel da Paz (1993).
A forma como Madiba, como era conhecido o pai da moderna nação sul-africana, catapultou o evento e, em particular, a vitória na final, que viria a significar muito mais que um simples troféu, extravasando da história da modalidade e entrando no domínio de um dos mais importantes acontecimentos políticos mundiais de então.
Depois de ter dado um filme (Invictus, 2009) e um livro, a redescoberta da identidade de um país através do desporto, quase 23 anos depois do célebre dia, no próximo dia 2 de junho, alguns desses jogadores, campeões do mundo pela África do Sul em 1995, vão estar em Portugal, no Estádio Nacional, no Jamor, vestindo a camisola dos South African Legends equipa constituída por antigos jogadores que vestiram a camisola dos Springboks. Do outro lado, disputando o Mandela Legends Cup, estará uma seleção nacional constituída à base dos “Lobos”, jogadores que participaram no Mundial de 2007, em França, na primeira e única vez que o país se fez representar ao mais alto nível na modalidade.
“Muito mais que um jogo”
Para Tim Vieira, empresário sul-africano e lusodescendente, um dos organizadores e impulsionadores da vinda a Portugal das lendas sul-africanas, o encontro, com entrada livre, “é muito mais que um jogo” de râguebi entre veteranos.
“Teremos treinos com miúdos, convidámos treinadores, vamos angariar fundos em leilões num jantar para a escolinha da Galiza (projeto social em Cascais), para o Nelson Mandela Funds e o charity (caridade) das lendas sul-africanas”, explicou ao SAPO24.
A presença em Portugal e, em particular a data do jogo, 2 de junho, é tanto ou mais “especial”, coincidindo com o dia em que “Nelson Mandela faria 100 anos”.
Um dado que faz como que o encontro entre as lendas dos dois países entre no domínio do contributo de e no tributo a uma figura ímpar na história mundial do século XX. “É sobre o que o râguebi e o desporto podem fazer para melhorar a vida das pessoas e como podem mudar um país (África do Sul)” sublinhou Tim Vieira, acreditando que a modalidade “continua a mudar as pessoas que jogam e experimentam”, acrescentou.
Para Tim Vieira, que apresentou o evento na Tim’s Garage, em Cascais, adiantou que "é espetacular trazer 11 jogadores que foram campeões do mundo", nomes que onde se inclui Van der Linde, Geldenhuys, Montgomery, Butch James, Terblanche, Joubert, Teichmann, Mark Andrews, Gerber e Chester Williams, este último o único herói negro de 1995. Mas a escolha de quem vem a Portugal vai para além dos heróis sul-africanos. “Teremos lendas de outros países, como a Nova Zelândia”, garantiu.
Sem o alinhamento das equipas totalmente fechado, a certeza está em quem se senta em cada um dos bancos. Do lado sul-africano, Ian McIntosh, do lado de “Os Lobos”, batizados para o efeito como “Portuguese Barbarians”, Tomaz Morais, ex-jogador e selecionador nacional são os responsáveis.
Em relação ao evento, que visitou pela vez Portugal em 2016, é para repetir. “Queremos transformá-lo num acontecimento anual, trazer novos jogadores e mostrar que Portugal tem paixão pelo râguebi e por viver”, finalizou Tim Vieira.
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