Rafael Reis (CJR) é o primeiro camisola amarela da 80.ª Volta a Portugal em bicicleta, prova que arrancou hoje com um prólogo em Setúbal, 1.800 metros ao longo de um percurso plano pela Doca dos Pescadores, avenida José Mourinho, entrando pelo magnifico cenário da Foz do Sado e da Serra da Arrábida.
Coube a honra a Gonçalo Leaça, LA-Alumínios, de ter sido o primeiro ciclista a pisar o asfalto (o relógio marcava as 15:18), sendo que Raúl Alarcón (W52 Porto), vencedor da Volta a Portugal em título, começou a pedalar às 17:28.
Com um pelotão de 131 ciclistas em representação das 19 equipas, nove portuguesas e dez estrangeiras, a novidade apresentada nesta edição da Volta a Portugal são os sete ciclistas por equipa.
A W52 Porto e o Sporting/Tavira são os principais favoritos à partida para os troféus individuais e por equipa. Efapel, Aviludo-Louletano, Vito-Feirense-Blackjack, a Rádio Popular-Boavista, a Liberty Seguros, a LA-Alumínios e a Miranda-Mortágua são as formações portuguesas em prova. A estas juntam-se WB Aqua Protect Veranclassic (Bélgica), Burgos BH, Caja Rural-Seguros RGA (Espanha), Euskadi Basque Country-Murias (Espanha), Israel Cycling Academy (Israel), Amore & Vita-Prodir (Albânia), Team Ecuador (Equador), Team Differdange Losch (Luxemburgo), Team Coop (Noruega), Team Sapura Cycling (Malásia) e Mstina Focus (Roménia).
Marcelo entra na Caravana no local onde entrou em ação no ano passado por causa dos incêndios
“A Volta” é uma festa popular. Não há volta a dar. Arrasta ano após ano, etapa a etapa, famílias e adeptos fervorosos das duas rodas, havendo quem se equipe a rigor, vestindo a pele de um ciclista profissional “ao domingo” e quem ande atrás da caravana com a camisola da equipa que apoia.
Há também os incondicionais vendedores, como é o caso de Luís Mora, vendedor de bicicletas feitas à mão que depois da edição 79.º da Volta a Portugal repete a presença nas estradas portuguesas.
A terra do “Choco Frito” foi o primeiro local em que circo das equipas montou “a tenda”, com os carros de apoio às camionetas, que são um misto de oficina a céu aberto com um alojamento local ambulante.
Depois de Setúbal, cidade que está ligada à prova desde 1927, a mais importante corrida velocipédica nacional começa “a sério” com a ligação de Alcácer do Sal a Albufeira.
Num ano que marca o regresso do Alentejo e do Algarve (dez anos depois) segue-se a ligação do Baixo Alentejo (Beja) ao Alto Alentejo (Portalegre), que ocorreu pela primeira vez em 1935 e não se realiza há 20 anos, um percurso de 195.3 quilómetros que representará a maior etapa e que terá como principal adversário o calor e as temperaturas superiores a 40º C, de acordo com as previsões meteorológicas.
Numa volta que faz um desenho da coesão territorial, ligando o Sul ao Norte, o litoral ao interior, ao terceiro dia de prova, Oliveira do Hospital recebe a “Etapa Vida. Arrancando da Sertã será uma ligação com uma forte carga emocional e de cariz solidário em homenagem às vitimas e as populações atingidas pelos incêndios na zona Centro do país e terá Marcelo Rebelo de Sousa na caravana e Marco Chagas, tetracampeão, como padrinho.
“Numa altura em que voltamos a olhar para a coesão territorial e a valorização do interior com mais atenção, importa relembrar que a Volta a Portugal há muitos anos que é muito mais que uma mera prova desportiva”, escreve o presidente da República no livro oficial da 80.ª Volta a Portugal.
“O papel da Volta na promoção e valorização do nosso território, e em particular, do interior do nosso país, não tem paralelo em nenhuma outra organização ou instituição, apesar do notável empenho do poder local”, continuou o chefe de Estado que “não podia deixar de se associar a este evento e à Etapa Vida” no ano em que “a Volta presta a sua homenagem às vítimas da tragédia e apoia a reconstrução dos territórios afetados pelos terríveis incêndios do ano passado” .
A estreia de Sernancelhe e o regresso das Penhas da Saúde ao pódio
Com a presença das “meninas do beijinho” em palco, aos vencedores de cada etapa e ao vencedor final da Volta a Portugal serão entregues os 42 troféus desenhados pelo Arquiteto Álvaro Siza Vieira, numa encomenda feita pela Viúva Lamego que se associou ao ciclismo, perpetuando as tradições da azulejaria nacionais.
Nos 11 dias do evento, 10 de prova, um de descanso, entre estradas planas e sinuosas, subidas e descidas e dois contrarrelógios individuais, a quarta etapa (5 de agosto) levará o pelotão até às Penhas da Saúde, local que não recebia uma cerimónia de pódio há 22 anos.
A montanha terá presença assegurada na festa popular do ciclismo com 26 prémios de Montanha, com destaque para as quatro contagens de 1.ª categoria e às duas contagens de categoria especial desta etapa, na Torre no alto da Serra da Estrela e Penhas da Saúde.
Em Viseu, a caravana descansa a 7 de agosto. A cidade de Viriato recebe ainda a Etapa da Volta, prova de cicloturismo de 87 quilómetros.
Com o percurso mais curto desenhado entre Barcelos e Braga, 147 quilómetros durante a 8.ª etapa, num ano de regresso e de estreia absolutas, Sernancelhe entra, pela primeira vez, na Volta a Portugal (6.ª etapa), assim como a montanha de “Torneiros”, que antecede a descida para Boticas (habituada a ver a caravana passar será este ano, em estreia, local de fim de etapa) e a milenar aldeia de Ermelos, em Mondim de Basto, que abre as portas do “Alvão” e serve de antecâmara da subida de 1.ª categoria da Aldeia do Barreiro.
A mítica chegada à Nossa Senhora da Graça, 9.ª etapa entre Felgueiras e Mondim de Basto, 155,2 quilómetros, antecede a fim de festa velocipédica em Fafe, no dia 12 de agosto.
80.ª edição da Volta a Portuga despede-se na “sala de visitas do Minho”, na Praça 25 de abril, com um contrarrelógio individual.
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