Este será um prémio ou uma eleição de jogadores que fazem parte da história da liga. Isto é, premiar aqueles que através da sua contribuição fizeram a diferença e ajudaram a Premier League a ser reconhecida como a melhor liga de futebol do mundo. Esta poderá não ser uma transformação drástica — como penso que poderá acontecer nos próximos anos relativamente a regras, formatos, etc — mas é uma novidade no formato atual da melhor liga de futebol do mundo.
A ideia não é, contudo, original, uma vez que já existe um Hall of Fame do futebol inglês desde 2002. Chama-se English Football Hall of Fame e tem como casa o National Football Museum em Manchester. Este reconhece pessoas e equipas que marcaram o futebol inglês. É um evento sóbrio, do qual nem todos os adeptos têm conhecimento e cuja importância é relativa, uma vez que não tem o objetivo de, como acontece nos Estados Unidos, ser um evento popular para atrair as massas.
O Hall of Fame da Premier League não será muito diferente em formato, mas terá em seu redor toda a uma máquina de marketing que não deixará o evento e eleições passarem despercebidas. Este será composto por jogadores que marcaram a liga, desde a sua criação em 1992, que terão de estar reformados e cuja contribuição será avaliada exclusivamente pela sua participação na Premier League e não na restante carreira, caso tenham jogado fora a principal liga inglesa.
No próximo dia 19 de março será o dia em que os dois primeiros membros do Hall of Fame serão anunciados. Na mesma noite, uma lista de potenciais jogadores — a serem eleitos numa próxima cerimónia — será revelada. A construção dessa lista terá também o apoio e intervenção dos adeptos. Estes terão oportunidade de votar e assim escolher também quem fará parte dos anais da Premier League.
Mas no desporto, como na vida, nada é perfeito e diferentes perspetivas têm diferentes opiniões. E, aqui, também temos outros pontos de vista.
A revolta contra a Premier League
Muitos adeptos parecem estar revoltados. As razões para tal parecem girar à volta dos problemas já reconhecidos e falados neste espaço. Preço dos bilhetes, manobras de diversão, futebol inglês americanizado, prioridade ao negócio e não aos adeptos, etc… Muitos parecem concordar com a ideia de que o futebol morreu em 1992, e desde então passou a ser um negócio em vez de um desporto. Compreensível mas ao mesmo tempo uma ideia difícil de parar, uma vez que a Premier League é uma entidade única, é gerida como empresa que é, e irá sempre desenvolver-se como tal.
A grande polémica que leva os adeptos a terem razão é que a Premier League está a tentar instalar — principalmente ao chamar a atenção para jogadores pós 1992 —, segundo muitas pessoas, incluindo John Gilles, ex-jogador do Manchester United, Leeds e West Bromwich Albion, uma ideia de que o futebol começou em 1992 e que, daí para trás, a Premier League não parece reconhecer a existência do futebol inglês. A frase "o futebol morreu em 1992" será ouvida com mais intensidade daqui em diante e a polémica e separação entre a liga e muitos dos adeptos continuará a ser, cada vez mais, uma realidade.
O entendimento de que as equipas inglesas não se tornaram multimilionárias e internacionalmente conhecidas de um dia para o outro, de que não existe um presente sem um passado, de que jogadores como Alan Shearer não teriam sido o que são sem jogadores como Jimmy Greaves — este que, curiosamente, até marcou mais 106 golos na liga inglesa, mas que raramente é mencionado uma vez já que Shearer é reconhecido e publicitado constantemente pela Premier League como sendo o melhor marcador desde a sua criação em 1992. Uma verdade que não conta toda a história do futebol inglês.
Candidatos a eleição
Em relação aos jogadores a entrarem para o Hall of Fame, a lista será enorme. Relativamente aos dois primeiros, a serem anunciados em março, Alan Shearer é o nome que de imediato vem à cabeça, uma vez que, como mencionado acima, é o melhor marcador da história da competição. Nomes como Thierry Henry, Frank Lampard, Wayne Rooney e Sergio Agüero serão, a meu ver, os principais candidatos à primeira graduação do Hall of Fame da Premier League. Não só pela sua contribuição, como pela longevidade na liga.
Mais detalhes sobre esta iniciativa serão revelados em breve e, para já, não existe evidência de que a Premier League poderá reconhecer equipas ou treinadores. Se o vier a fazer, quem seriam as equipas e treinadores na lista de candidatos?
O extraordinário Leicester, que venceu o título contra todas a expetativas, o Arsenal que ficou conhecido como "Os invencíveis" — a equipa que Wenger montou e conseguiu terminar a época vencendo o campeonato sem perder uma única vez —, ou o Manchester City de Guardiola que, pela primeira vez na história do futebol inglês, ultrapassou os 100 pontos. Qualquer uma dela é merecedora da eleição para o Hall of Fame, e mais tarde ou mais cedo farão parte do mesmo, caso o formato do mesmo as aceite.
Relativamente aos treinadores as conclusões são fáceis. Além dos respetivos treinadores das equipas mencionadas, Claudio Ranieri, Arsène Wenger e Pep Guardiola, respetivamente, juntar-se-iam a Sir Alex Ferguson e José Mourinho. Todos eles com contributos extraordinários para o sucesso das suas equipas e consequentemente da Premier League, ajudando a construir a liga de futebol que conhecemos desde… adivinhou, 1992.
Esta semana na Premier League
A vida do Tottenham em jogos caseiros não tem sido a mais fácil, e desde os seus primeiros três jogos no novo estádio que esta não ganha três jogos consecutivos a contar para a Premier League. José Mourinho está agora à beira de conseguir o feito — uma vez que venceu os dois últimos jogos no Tottenham Hotspur Stadium e, esperam os adeptos, consiga dar sequência ao recente sucesso. As más notícias são as lesões, que são muitas na equipa dos Spurs, e também o facto de o adversário serem os Lobos de Nuno Espírito Santo. Nos últimos sete encontros entre Spurs e Wolves a equipa de Londres só perdeu um, curiosamente, já com Nuno à frente do Wolverhampton. Domingo dia 1, pelas 14h, veremos qual o desfecho de mais um encontro entre treinadores portugueses na Premier League.
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