“A questão é que a Agência Mundial Antidopagem quer cada vez menos laboratórios acreditados, mas não sei se essa é a razão ou não para a revogação do laboratório português”, disse à agência Lusa Rogério Jóia, defendendo o recurso da decisão para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), em Lausana.
Rogério Jóia recordou que o Laboratório de Lisboa não está sob a alçada da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) desde janeiro de 2016, por despacho do secretário de Estado com a pasta do Desporto à época (João Wengorovius), encontrando-se desde essa altura sob a competência do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ).
“Por isso mesmo, e relativamente às questões relacionadas com o Laboratório de Lisboa, o presidente da ADoP considera que não se deve imiscuir nas mesmas”, esclareceu Rogério Jóia.
Relativamente à influência que a revogação do laboratório pode ter no plano da antidopagem, Rogério Jóia garantiu que “os portugueses podem estar descansados, porque basta ver os números da AMA, para se ver que Portugal está no patamar mais alto na luta contra a dopagem”.
“Por exemplo, no futebol nós somos o primeiro país no âmbito do passaporte biológico, à frente da UEFA e da própria FIFA, e isso já aconteceu com o laboratório já suspenso, há dois anos a esta parte”, disse.
Rogério Jóia, sem pretender “meter a foice em seara alheia”, porque quem está a tratar do assunto é o Conselho Diretivo do IPDJ e a secretaria de Estado da Juventude e Desporto, defendeu que Portugal devia recorrer do caso para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS).
A Agência Mundial Antidopagem (AMA) anunciou quinta-feira, em comunicado, ter revogado a acreditação do Laboratório de Lisboa devido à sua não conformidade com os procedimentos internacionais.
O laboratório, que já tinha sido suspenso provisoriamente em 2016, não poderá assim proceder à análise das amostras por parte de federações ou organizações desportivas que tenham assinado o Código mundial antidopagem, tendo, segundo a AMA, já sido notificado da decisão na passada segunda-feira (22 de outubro).
A AMA revelou estar insatisfeita com os resultados de uma inspeção realizada para “assegurar a completa fiabilidade e precisão das análises antidoping e na divulgação dos resultados”.
O Laboratório de Lisboa foi suspenso em 15 de abril de 2016 por um período de seis meses, tendo essa suspensão sido mais tarde ampliada para um ano.
A AMA explica ainda que, findo esse ano e por verificar que as irregularidades detetadas se mantinham, decidiu dar início aos procedimentos para a revogação da acreditação.
No entanto, a AMA ainda deu algum tempo para que o laboratório lisboeta pudesse voltar a funcionar normalmente, mas, de acordo com o grupo especialista, o mesmo “ainda não está a funcionar ao nível exigido”.
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