Façamos, antes de mais, um ponto prévio: este onze inicial (e respetivo treinador) não respeita qualquer critério específico. Não está em causa do valor de mercado dos intervenientes, as equipas de onde saíram ou para onde entraram, a sua nacionalidade, etc. Incrivelmente, este é um onze inicial (e técnico) feito única e exclusivamente com base nos gostos daquele que vos escreve. Poderão concordar ou discordar na caixa de comentários ali em baixo, é convosco, mas o único critério é mesmo esse: eu, João Dinis, 32 anos, era menino para gostar de ver esta equipa a jogar junta.

Guarda-redes | Pau López

Há quem diga que é o guarda-redes do futuro. Se assim for, quem beneficiará disso é a Roma de Paulo Fonseca (outra das transferências do defeso, trocando o banco ucraniano do Shakhtar Donetsk pelo do clube romano), que ganhou aqui um guardião que promete terminar o trabalho que o sueco Robin Olsen não conseguiu: fazer esquecer Alisson Becker, guarda-redes brasileiro transferido para o Liverpool em 2018 e que deixou saudades na baliza da cidade eterna.

Pau López fez a sua formação no Espanyol, chegou a ser emprestado ao Tottenham (nunca jogou pela equipa principal), mas foi no Bétis, onde jogou apenas na última temporada (e dividiu balneário com William Carvalho) que se destacou, tendo inclusivamente chegado à Seleção (já soma uma internacionalização).

Tendo custado 23,5 milhões de euros aos cofres da equipa da capital italiano, o guarda-redes de 24 anos, tem tudo para morder os calcanhares a De Gea na Roja e ser um dos esteios do conjunto romano, apostado em fazer frente à Juventus na corrida ao título na Serie A.

Defesa-direito | João Cancelo

Quando em julho de 2015 o Valência desembolsou 15 milhões de euros para contratar ao Benfica um defesa-direito que tinha feito apenas dois jogos pela equipa principal dos encarnados, muitos (incluindo este que vos escreve) franziram o sobrolho. Como poderia um jogador valer tanto dinheiro como tão poucos jogos realizados? É certo que João Cancelo passou um ano no conjunto che (13 jogos) antes do valor ser desembolsado, mas ainda assim parecia pouco para tão grande investimento.

Pois bem, quem é que tem dúvidas agora?

Nascido no Barreiro, onde jogou no Barreirense até sair para o SL Benfica ainda juvenil, João Cancelo é uma das pérolas da cantera encarnada e confirmou todo o potencial que fez o Valência investir na sua contratação. Depois de duas épocas de bom nível ao serviço do conjunto espanhol, foi emprestado ao Inter de Milão e deu nas vistas ao ponto da toda-poderosa Juventus pagar pouco mais de 40 milhões de euros para o juntar a Cristiano Ronaldo na temporada passada.

Um ano (e 34 jogos, 1 golo e 5 assistências) depois, fez o percurso inverso do brasileiro Danilo (o tal que já passou pelo FC Porto e pelo Real Madrid) para aterrar no Manchester City de Pep Guardiola a troco de 65 milhões de euros, onde promete ser um rival feroz para Kyle Walker no lado direito da defesa dos Blues (ou dar uma "perninha" no lado esquerdo, se for caso disso).

Defesa-central | Matthijs de Ligt

Jogador mais novo de sempre a ser titular na final de uma grande competição europeia de clubes (Liga Europa). Segundo jogador mais novo de sempre a marcar pelo Ajax (a seguir a Clarence Seedorf). Jogador mais novo de sempre a jogar pela Holanda desde 1931. Primeiro defesa de sempre a vencer o Golden Boy (melhor jogador sub-21 a jogar na Europa, num galardão atribuído por jornalistas desportivos e que já foi ganho por Sergio Aguero, Paul Pogba ou... Lionel Messi).

Aos 20 anos (acabadinhos de fazer, no passado mês de agosto), Matthijs de Ligt é já mais uma certeza do que uma desilusão. Os 85,5 milhões de euros pagos pela Juventus ao Ajax para contar com os seus serviços são prova disso mesmo. Defesa-central possante (faz com Virgil van Dijk, defesa-central do Liverpool que venceu recentemente o prémio de Jogador do Ano da UEFA, uma dupla de respeito na Seleção holandesa), o jovem formado no clube de Amesterdão promete ser um dos grandes defesas-centrais da próxima década no futebol europeu.

Defesa-central | Vincent Kompany

"Onde queres a tua estátua, Vincent Kompany?"

Foram estas as palavras de Gary Neville, ex-defesa-direito do Manchester United e atual comentador televisivo depois do inesquecível golo do defesa-central belga ao Leicester, no final da época passada, que "deu" ao Manchester City a revalidação do título de campeões da Premier League. Um golo que, no campo, nem Pep Guardiola achou que fosse acontecer. Mas aconteceu. E os Citizens tornaram-se na primeira equipa a conseguir sagrar-se bicampeã inglesa na última década.

Foram 12 os anos que Kompany passou ao serviço do clube de Manchester. Venceu quatro campeonatos, foi considerado o Melhor Jogador da Premier League em 2012, capitaneou o clube durante várias épocas e tornou-se um dos ídolos da história dos Blues por mérito próprio.

Mais de uma década depois, decidiu voltar a casa, ao "seu" Anderlecht, para abraçar a carreira de treinador, ainda que não tenha pendurado as botas. A experiência no banco não correu bem - saiu ao fim de apenas 4 jogos - mas as suas qualidades como jogador ainda lá estão, uma vez que o clube belga apenas abdicou dos seus serviços fora de campo. Lá dentro, continuará a liderar os seus companheiros e, nesta equipa fictícia, quem melhor do que o belga para fazer companhia a uma das grandes promessas do futebol atual no eixo da defesa?

Defesa-esquerdo | Ryan Sessegnon

Desde tenra idade que Ryan Sessegnon é apontado como uma das grandes esperanças do futebol mundial. Titular no Fulham desde os 16 (!) anos o defesa/extremo-esquerdo inglês trocou este ano de clube, ainda que não tenha mudado de cidade: o Tottenham pagou 27 milhões de euros pelos seus préstimos ao conjunto que desceu na época passada ao Championship.

Primo de Stephane Sessegnon, médio fantasista do Benim que espalhou bom futebol por clubes como o Paris Saint-Germain, Sunderland ou West Bromwich Albion, o jovem Ryan já esteve nomeado para o acima-referido prémio Golden Boy em 2018, já venceu também o Europeu de sub-19 pela Seleção inglesa e, apesar de ainda não se ter estreado pelo Tottenham na edição deste ano da Premier League, tem todas as condições para ser um dos grandes talentos saído de Terras de Sua Majestade nos últimos anos.

Veremos se os próximos anos trarão um desilusão "à Royston Drenthe" (ex-pérola holandesa nunca confirmou o seu potencial) ou uma confirmação "à Marcelo" (jogador brasileiro que tem tido uma carreira profícua ao serviço do Real Madrid). Caso o último caso se confirme, o Tottenham (e esta equipa fictícia) tem a ala esquerda assegurada para muitos e bons anos.

Extremo-direito | Allan Saint-Maximim

Um dos grandes dribladores do futebol mundial (na temporada passada foi o jogador que somou mais dribles em França, campeonato onde joga... Neymar), Allan Saint-Maximin foi, nos últimos dois anos, uma das figuras da Ligue 1 e do "seu" Nice. Formado no Saint-Etienne, foi contratado pelo Mónaco que o venceu ao clube da Côte d'Azur em 2017 por 10 milhões de euros. Neste verão, o jogador internacional pelas camadas jovens de França juntou-se ao Newcastle num negócio que valeu aos franceses 18 milhões de euros.

Saint-Maximin é um daqueles jogadores que qualquer adepto de futebol gosta: com uma técnica apuradíssima, velocidade estonteante e uma força física cada vez mais comum aos extremos modernos, o francês é ainda conhecido pelas suas escolhas de indumentária dentro de campo. Exemplo disso: a fita da Gucci que usou na cabeça num jogo frente ao Bordéus e que motivou uma "petição" no Twitter (em que o próprio jogador participou) para que fosse incluída no famoso jogo de simulação futebolístico FIFA 19.

Não sabemos como correrá a vida a Allan no campeonato inglês - as características do mesmo parecem adequar-se às suas, mas no passado o seu treinador no Nice, a ex-lenda do Arsenal e da Seleção francesa Patrick Vieira, já repreendeu o extremo por este aparentemente achar que o "talento é suficiente". No caso de Saint-Maximin, talento há de sobra: resta agora prová-lo em campo e confirmar todas as expetativas que desde tenra idade existem acerca do seu potencial.

Ah, e continuar a fazer coisas destas:

Médio-centro | Dani Ceballos

Não sei se estou influenciado pela recuperação de ontem do Arsenal frente ao Tottenham (os Gunners foram para o intervalo a perder por duas bolas a zero e conseguiram empatar a partida na segunda metade) na qual Dani Ceballos teve um papel relevante, se são as notícias que circulam (desde a sua contratação) acerca do amor que os adeptos do clube londrino já sentem pelo médio espanhol, ainda que Nicolás Pepe tenha sido a mais cara - e sonante! - contratação do defeso do gigante inglês, ou se é simplesmente a sensação de "não engana" que se tem a ver jogar Ceballos.

O que sei é que neste onze fictício, comigo (e com a aprovação do mister, claro...) o jovem Dani jogava sempre. Formado no Bétis e contratado pelo Real Madrid em 2017, Ceballos é uma das grandes esperanças do futebol espanhol, ou não tivesse sido considerado Melhor Jogador do Europeu de sub-21 em 2017 (sucedeu a... William Carvalho, vencedor em 2015), numa competição que a Roja dominou do início até à final, onde foi derrotada pela Alemanha.

O médio que defende tão bem como ataca (ou ataca tão bem como defende...) chegou ao Arsenal por empréstimo e muito por influência de Unai Emery, técnico espanhol que o convenceu a vir para o Emirates Stadium em vez de assinar pelos rivais londrinos do Tottenham. Contudo, a prova de que o Real Madrid confia no jogador está espelhada nos contornos de negócio: a cedência, segundo foi noticiado, não contempla opção de compra, pelo que o mais provável é que o jogador se volte a juntar ao meio-campo merengue na próxima época. Algo que, a julgar pelas exibições que tem vindo a somar ao serviço dos Gunners, não parece ser muito complicado.

Médio-centro | Renato Sanches

Depois de uma fulgurante época de estreia ao serviço do SL Benfica, que lhe valeu a chamada à Seleção Nacional para o Euro 2016 onde foi considerado Melhor Jogador Jovem do torneio, a transferência para o Bayern Munique por 35 milhões de euros e o prémio de Golden Boy (tudo isto em 2016), Renato Sanches tem feito uma espécie de travessia de deserto desde que assinou pelos bávaros, com um empréstimo ao Swansea pelo meio.

Depois de três épocas ao serviço do campeão alemão, o médio português mudou-se para a França, onde vai fazer companhia a Tiago Djaló (que chegou ao conjunto francês no âmbito da transferência de Rafael Leão para o AC Milan) e a José Fonte no contingente luso do clube francês, que tem ainda Luís Campos no cargo de Diretor Desportivo.

Aos 22 anos, as qualidades que levaram Renato Sanches a ser considerado um dos mais promissores médios da Europa parecem permanecer intactas. Veremos de França será o local ideal para relançar a carreira e confirmar tudo aquilo que dele se espera, não só no seu clube mas também na Seleção.

Extremo-esquerdo | Hirving Lozano

Bem sei o que estão a pensar (Parte 1): então num defeso que viu nomes como Coutinho ou Hazard mudarem de poiso, é um tal de Hirving Lozano que faz parte deste onze? A resposta é simples: é, sim senhor. Não porque seja um jogador superior aos acima referidos, mas porque é um total deleite de ver jogar. Com uma verticalidade impressionante, à qual alia uma grande capacidade técnica e um invulgar faro para o golo (tendo em conta que a sua posição de origem é extremo), Lozano é uma estrela em ascensão, que brilhou em todos os clubes por onde passou.

Despontou no Pachuca (149 jogos, 41 golos marcados e 28 assistências distribuídas em quatro temporadas), transferiu-se para o PSV Eindhoven (40 golos e 23 assistências em 79 jogos, distribuídos por duas épocas) e chega agora ao Nápoles de Ancelotti (e do defesa-esquerdo português Mário Rui) para ser mais um a contribuir para tentar destronar a Juventus do trono de campeã italiana onde se sentou há oito temporadas.

A sua estreia aconteceu no passado fim de semana, precisamente frente à Juventus. Entrou ao intervalo, apontou um golo, mas não foi suficiente para evitar a derrota frente à Vecchia Signora (o Nápoles esteve a perder por 3-0, conseguiu empatar, mas um auto-golo de Koulibaly no último minuto deu a vitória aos campeões italianos). Contudo, deixou boas indicações no ataque napolitano, que promete ser demolidor caso Lozano, Insigne, Mertens ou Callejón estejam em "dia sim".

Avançado | Radamel Falcao

Bem sei o que estão a pensar (Parte 2): então num defeso que viu nomes como João Félix ou Griezmann mudarem de poiso, faz sentido um nome como Radamel Falcao fazer parte deste onze? A resposta é simples: faz, sim senhor. Não porque seja um jogador superior aos acima referidos, mas porque eu sou um miúdo nostálgico e Falcao foi dos melhores pontas-de-lança que já vi jogar em Portugal.

Absolutamente felino dentro da área, o experiente avançado colombiano (33 anos feitos em fevereiro passado) tem sido referência em quase todos os clubes por onde passou. É certo que as experiências em Inglaterra não correram propriamente de feição (apenas 5 golos marcados em 42 jogos, divididos em duas épocas ao serviço de Manchester United e Chelsea), mas não é menos verdade que em todos os outros clubes por onde passou Falcao foi absolutamente decisivo.

Foi decisivo no FC Porto, onde venceu campeonatos, taças e uma Liga Europa e apontou 72 golos em 87 jogos; foi decisivo no Atlético Madrid (que pagou aos dragões 40 milhões de euros pelos seus serviços), onde venceu um Taça de Espanha e outra Liga Europa e apontou 70 golos em 91 jogos; foi decisivo no Mónaco (que o resgatou aos colchoneros por 45 milhões de euros), onde conseguiu ajudar a quebrar a hegemonia do Paris Saint-Germain sendo parte importante da conquista do título francês de 2016/2017 e pelo qual marcou 83 golos em 140 jogos.

Falcao sempre marcou golos e isso não deverá ser diferente na Turquia, onde aterrou há poucos dias para jogar pelo Galatasaray. E é por isso que aqui está .

Avançado | Mario Balotelli

O talento e a polémica pareceram andar sempre de mãos dadas na carreira de Mario Balotelli. Aos 29 anos, Super-Mario está de volta a Itália (onde jogou no Inter e AC Milan) para jogar no Brescia, clube da cidade onde passou parte da sua infância, e já depois de terem sido veiculados rumores acerca da hipótese de rumar ao Brasil e ao Flamengo de Jorge Jesus.

Na sua apresentação como novo jogador do clube recém-promovido à Seria A, Balotelli confidenciou que a mãe "chorou de alegria" quando soube da possibilidade do filho assinar pelo emblema da região da Lombardia, depois de ter passado três temporadas em França ao serviço do Nice e do Marselha.

É difícil de prever o que fará Balotelli no Brescia, porque é difícil de prever Balotelli de uma forma geral. Na vida. Mas uma coisa é certa: Super-Mario não deixará a Serie A tal qual a encontrou.

Treinador | André Villas-Boas

O seu FC Porto apaixonou a Europa do futebol com a vitória na Liga Europa, no campeonato português (sem conceder qualquer derrota), na Taça de Portugal e na Supertaça. Depois, abandonou a sua "cadeira de sonho" para voltar ao Chelsea, onde já tinha estado como elemento da equipa técnica de José Mourinho. Do Chelsea seguiu para o Tottenham, mas Londres não lhe deu o mesmo sucesso que a "sua" cidade do Porto.

Deixou Inglaterra e rumou à Rússia, onde voltou a alcançar o sucesso ao serviço do Zenit São Petersburgo, conquistando campeonato, Taça e Supertaça ao serviço do clube. Da Rússia seguiu para a China e, depois de uma época ao serviço do Shangai SIPG (em 2017), fez uma pausa até voltar aos bancos para um desafio interessante: tentar reerguer o Marselha, aproximando o conjunto atual daquele que fez sonhar nos anos 90, quando venceu três campeonatos franceses e uma Liga dos Campeões, numa final vencida frente ao todo-poderoso AC Milan treinado por Fabio Capello e onde alinhavam jogadores como Marco van Basten, Frank Rijkaard, Paolo Maldini ou Franco Baresi.

Em Marselha, atualmente, já não moram nomes como Barthez, Angloma, Desailly, Deschamps (atual selecionador francês), Rudi Voller ou Alen Boksic, só para citar alguns dos que estiveram nessa final frente aos italianos. Mas moram outros nomes interessantes como o experiente guarda-redes Steve Mandanda, o médio internacional holandês Kevin Strootman ou, principalmente, o irreverente Dimitri Payet, que não obstante já ter dado algumas dores de cabeça ao técnico português, apresenta-se como a principal figura da equipa.

Apesar de por diversas vezes já ter manifestado vontade de não treinar muito mais anos e de experimentar campeonatos mais exóticos, André Villas-Boas continua a ser um dos bons técnicos nacionais, e é por isso que aqui figura.