“Vamos ter o Ramalho a lutar sempre, sempre para ganhar. Para o título mundial ou seja para o que for. Sempre com essa disposição e com isso na minha cabeça. Trabalho a minha cabeça, mente e coração, e o meu corpo só tem de os seguir”, disse, à Lusa.
No sábado, em Shaoxing, China, o campeão nacional completou os 29,7 quilómetros de prova em 2:08.35,53 horas, ficando a apenas 1,32 segundos do dinamarquês Mads Pedersen, novo campeão, o primeiro a conquistar os títulos de sub-23 e seniores numa única edição dos Mundiais, após ter feito o mesmo nos Europeus deste ano.
“Foram pormenores. Na última portagem saí na frente, mas perdi alguns segundos, fui mais lento, joguei pelo seguro, e quando voltei a entrar no barco não tomei a dianteira. Foi aí que ficou determinado quem seria o vencedor, quem saísse primeiro na portagem”, contou.
Depois de nos Mundiais de 2018, em Vila Verde, ter rompido o casco do caiaque, que lhe arruinou, definitivamente, a prova, desta vez o problema com a pagaia fez José Ramalho “perder 20 metros, até trocar pela antiga”, facto que o atirou para o terceiro grupo, obrigando-o, novamente a esforço suplementar para se juntar aos que lideravam.
“Na parte final, cheguei a pensar que poderia vencer, mas, perante a situação, qualquer medalha seria muito positiva, pois até à primeira meia hora pensava que as coisas iam correr muito mal”, admitiu.
Além de seis títulos de campeão da Europa, o vila-condense foi vice-campeão do mundo este ano e em 2012, e alcançou o bronze em 2009, 2014 e 2016.
“Ainda tenho muito mais pela frente. O desporto mostra cada vez mais que há atletas mais velhos a ganhar provas e medalhas. A longevidade não é a mesma de há uns anos. Sinto-me em superforma e sei que ainda tenho mais uns anos pela frente”, reforçou.
Nesse percurso, Ramalho espera “continuar a inspirar” os mais jovens da seleção de maratonas, que considera terem feito um “desempenho brilhante” na China, “alguns dos quais com contratempos que as pessoas desconheceram, sendo que um, após ter dado tudo na pista, muito debilitado fisicamente, terminou a prova e foi diretamente para o hospital”.
“Só somos velhos quando nos começamos a sentir ou a achar que o somos. Sinto-me em superforma e superbem. Quanto mais treino, melhor me sinto. A velhice ainda está para chegar. Há atleta mais velhos com grandes resultados, considero que posso fazer a mesma gestão de carreira. Estou no bom caminho”, concluiu.
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