Aquele lateral que vai equilibrar o rácio de talento na direita e na esquerda da seleção portuguesa
Se a seleção portuguesa transborda de talento no lado direito da defesa - Ricardo Pereira, João Cancelo e Nélson Semedo -, Fernando Santos pode antecipar também agora dores de cabeça para o lado esquerdo, com a Academia do Sporting a presentear o selecionador nacional com um daqueles tesouros para durar ainda muitos anos.
O lateral esquerdo Nuno Mendes é uma das revelações deste Sporting e desta edição do campeonato. Tem apenas 18 anos, fez toda a formação no clube de Alvalade e foi chamado a temporada passada à equipa principal por Amorim.
Perante tamanha responsabilidade, o esquerdino natural de Sintra respondeu com exibições de encher o olho. Apenas um golo e uma assistência parecem ser estatísticas curtas, mas a forma como é capaz de preencher toda a lateral esquerda fica na memória dos adeptos que têm a ambição de o continuar a ver crescer no clube e a resistir ao assédio dos grandes clubes europeus a que tem sido associado.
Desequilibra, defende e… já referimos que tem só 18 anos?
Aquele central que marcou tantos golos como o Pizzi
Chegou ao Sporting há cinco anos, fez-se titular, foi um dos que resistiu ao ataque à Academia de Alcochete e permaneceu no clube e agora, capitão, é peça fundamental do campeão nacional da liga 2020/21.
Sebastián Coates, um jogador nem sempre bem amado, de centralão a jogador da história do clube de Alvalade com mais autogolos (4), tornou-se esta temporada numa figura de proa na identidade do esquema tático definido por Rúben Amorim e no esquema de três centrais e deste emblema campeão.
Com cinco golos marcados no campeonato, tantos como Pizzi que o ano passado foi o segundo melhor marcador da liga, Coates empurrou a equipa para o título. Ao que parte do mundo do futebol chamava estrelinha de campeão, os sportinguistas chamavam pelo nome do uruguaio que só esta temporada decidiu o jogo em Barcelos, com um bis, a vitória em Alvalade sobre o Santa Clara e na receção ao Belenenses ajudou a evitar a primeira derrota da temporada dos verdes e brancos.
Com autoridade dentro de campo e meia década de leão ao peito, o central e capitão foi a personificação deste Sporting campeão com golos decisivos, desarmes fundamentais e uma voz de comando dentro de campo.
O outro lateral que nos faz esquecer todos os defesas direitos do Sporting dos últimos anos
Rosier quem? Thierry Correia quem? Ristovski quem? Bruno Gaspar quem? Piccini quem? Perdoem-nos, mas temos de parar aqui a lista porque ainda há mais jogadores a visar e o tempo não é infinito, mas a verdade é que a grande maioria dos laterais direitos dos últimos anos do Sporting podiam figurar no lote de perguntas retóricas com que iniciamos este parágrafo.
A razão não é propriamente demérito, se bem que em alguns casos… é, mas é sobretudo porque Pedro Porro é muito superior a todos eles. Com uma grande inteligência tática, e boa capacidade defensiva e ofensiva, o espanhol deu gás a este Sporting, muito em parelha com o colega que vive no corredor oposto.
Fez quatro golos, um na final da Taça da Liga que valeu o título aos Leões, duas assistências e foi chamado à seleção espanhola onde se estreou frente à Geórgia num jogo de qualificação para o Mundial de 2022.
Convinha no entanto que Porro se exibisse a um nível ligeiramente mais baixo, pelo bem dos verdes e brancos, porque a continuar assim, no final do empréstimo do Manchester City, certamente que Pep Guardiola o vai querer ao vivo e a cores e integrá-lo nos Citizens.
Aquele que se armou em Bruno Fernandes
Se há jogador que merecia hoje estar aqui era Bruno Fernandes, internacional português, médio goleador, homem que carregou o clube de Alvalade às costas nas últimas épocas, antes de se mudar para o Manchester United onde continua a brilhar e até está, este ano, na calha para ser eleito melhor jogador da temporada da Premier League.
Não estando Bruno, está Pote, como quem diz Pedro Gonçalves, dois jogadores que poderiam ser incomparáveis não fosse o jovem contratado ao Famalicão ter-se apropriado da quantidade de golos do antigo número 8 dos Leões. Só esta temporada foram 18 bolas no fundo das redes e cinco assistências. Ainda está na corrida a melhor marcador desta edição da liga, num duelo com Haris Seferovic, do Benfica.
Com apenas 22 anos, o médio ofensivo já se mostrou capaz de resolver jogos e de assumir a batuta do meio-campo. Nem sempre foi consistente, mas foi-o quanto baste, sobretudo no arranque do campeonato quando em seis jogos marcou 10 golos.
Aquele que às tantas carimbou o título
Matheus Nunes marcou esta época três golos. Dois deles decisivos nas vitórias do Sporting sobre SL Benfica e Sporting de Braga. É criativo, dá ritmo ao meio-campo, tem 22 anos.
Podiamos continuar, mas entretanto parece só que estamos num exercício de adivinhar o 11 inicial para o jogo entre Sporting CP e Boavista de 2025.
Aquele que voltou a casa para ser campeão
João Palhinha formou-se no Sporting, saiu duas épocas por empréstimo para o Sporting de Braga, onde na segunda época trabalhou com Rúben Amorim, e venceu, com o técnico, uma Taça da Liga.
Iniciada a nova temporada, Amorim chamou Palhinha de volta e fez dele um pilar do meio-campo da equipa. O médio defensivo respondeu com grandes exibições que lhe valeram a chamada à seleção nacional por Fernando Santos e ganha aqui espaço para retomar a longo prazo a sua carreira como figura de proa do Sporting.
Aquele que voltou a casa para ser campeão II
Palhinha não é o único destaque deste Sporting que volta a casa para ser campeão. João Mário, figura de proa dos Leões de 2015/16, uma das "épocas do quase" da equipa de Alvalade, voltou do Inter de Milão, por empréstimo, onde nunca teve uma vida fácil, para concretizar aquilo que ficou por fazer há cinco anos.
De leão ao peito, João Mário voltou a reencontrar-se com a sua melhor forma. Foi voz experiente entre os mais jovens e uma das articulações fundamentais no meio-campo, com elasticidade para servir os vários companheiros e pautar o ritmo de jogo.
Os haters vão dizer que foi devido a uma baixa de forma do médio campeão europeu que os Leões tiveram aquela sequência de empates já perto do final da temporada, que fez os corações dos sportinguistas tremer. Mas a verdade é que o que João Mário deu de retorno no resto da época valeu muito mais.
É coroado justamente com o título que viu escapar em 2016 para o Benfica de Rui Vitória, e agora fica com um ponto de interrogação ao lado: será que na próxima época o seu o futuro vai passar por Alvalade?
Aquele guarda-redes que o Sporting precisava e não sabia
Uma das peças essenciais desta equipa e que foi fundamental para a confiança de uma linha de três defesas foi a contratação de um guarda-redes experiente. Renan Ribeiro e Luis Maximiano não conseguiram colmatar esse espaço deixado em branco desde a saída de Rui Patrício e o Sporting foi buscar Ádan, de 33 anos, com um vasto currículo nos maiores clubes de Espanha, nomeadamente Real e Atlético de Madrid.
A experiência terá sido importante no balneário, mas sobretudo em campo, com segurança e tranquilidade entre os postes. Conseguiu manter a baliza inviolável em 21 jogos.
E dá tempo ao jovem Max de aprender mais para daqui a uns anos assumir a baliza dos verdes e brancos.
Aquele cujos 16 milhões valeram um campeonato
O jogador mais caro da história do Sporting CP não teve uma vida fácil em Alvalade. Chegou, lesionou-se, demorou a tornar-se parte visível no sistema tático leonino, como quem diz marcar golos, e foi visto mais como um problema, na reta final, do que como uma grande solução que era. Afinal de contas, Paulinho é um internacional português e um dos melhores na sua posição a atuar em Portugal.
Coube ao destino dar-lhe um grande golo na vitória verde e branca sobre o Rio Ave e o golo da vitória sobre o Boavista que deu, formalmente, o título ao Sporting. O futuro julgará a sua prestação, mas para já teve destaque de sobra.
Aquele treinador que parecia caro e que agora parece barato
Por último, nada mais nada menos do que Rúben Amorim, o treinador com pouca experiência, que custou 10 milhões de euros e que, um ano depois, quebrou o maior jejum de títulos da história do clube de Alvalade, com um recorde de invencibilidade nunca antes visto numa I Liga com mais de 30 jornadas, e remetendo todas as outras questões para um terreno secundário.
Tem 36 anos e na sua segunda época como técnico principal venceu dois títulos, um campeonato e uma Taça da Liga. Mais palavras para quê?
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