Quatro jornadas depois do início do campeonato, eis que surge a primeira pausa na Liga NOS. Os compromissos das seleções propiciam um momento de reflexão e de balanço acerca daquele que foi o início temporada. O SAPO24 foi na onda e tirou algumas notas:
FC Porto: A virtude está na defesa
Parece difícil de entender como é que um plantel com apenas uma contratação (Vaná Alves), que se reforçou com base em regressados de empréstimos e que ainda vendeu uma das suas referência da época passada (André Silva) consegue transmitir uma imagem tão antagónica em relação à da temporada transata.
Este FC Porto parece outro; para melhor.
O segredo parece estar na alteração de treinador. Sérgio Conceição, um homem com ADN portista, construiu uma equipa e um balneário que fazem prometer uma boa época para os adeptos. Em quatro jogos para o campeonato, os dragões fizeram nove golos e mantiveram a baliza inviolável. Os azuis e brancos são neste momento, aliás, a melhor defesa da Europa.
Para além da defesa, destaque para o ‘reforço’ Vicent Aboubakar. O camaronês, de regresso após uma época de empréstimo na Turquia, no Besiktas, encaixou que nem uma luva no onze portista e, quer com Marega, quer com Soares — embora com o brasileiro só tenha dado provas na pré-época, uma vez que o ex-vimaranense se lesionou no início do campeonato — não pára de marcar (4 golos no campeonato).
Foram quatro jornadas "à Porto" e que fazem antever uma época daquelas à antiga.
Rio Ave: A surpresa (boa)
José Miguel Azevedo Cardoso. Quem? Pois, terá sido mesmo essa a pergunta que a maioria do universo futebolístico terá feito quando Miguel Cardoso foi apresentado como novo treinador do Rio Ave.
No entanto, apesar do quase anonimato em termos mediáticos, o antigo adjunto de Paulo Fonseca tem merecido todos os créditos. Neste momento a equipa de Vila do Conde ocupa a quarta posição do campeonato com três vitórias e um empate. E desengane-se quem acha que os vila-condenses jogam como uma equipa pequena. O Rio Ave tem apresentado futebol de bom nível e tal ficou evidente no jogo da quarta jornada frente ao SL Benfica, em que conseguiram roubar os primeiros pontos ao tetracampeão.
Uma equipa que cruza a experiência de jogadores como Marcelo, Ruben Ribeiro e Tarantini com a explosão e garra de jovens como Francisco Geraldes. Parece tudo bem encaminhado para uma época nos lugares cimeiros.
SL Benfica: O campeão "coxo"
Em busca do pentacampeonato, o SL Benfica entrou com garra na liga, mas não com toda a que podia. Com a época ainda no início, os encarnados já perderam 13 jogadores por lesão, entre eles pilares fulcrais da equipa como Fejsa e Pizzi.
Aquele que estava a ser um bom início de época, assente na excelente ligação entre Jonas e o reforço Seferovic, começou a abanar com as fragilidades de uma defesa que se viu despojada de Ederson, Nélson Semedo e Lindelof. Para os ‘buracos’ na defesa, Rui Vitória não encontrou soluções à altura para preencher as vagas deixadas vazias.
O técnico encarnado olhou para dentro de casa para encontrar opções - Bruno Varela para a baliza, Pedro Pereira e Buta para a ala direita e Jardel, Kalaica, Lisandro López e Rúben Dias para o eixo da defesa -, mas ainda não está convencido. A poucos dias do fecho do mercado os encarnados contrataram um guarda-redes, Mile Svilar, e é de esperar que durante o dia de hoje ainda possam fazer alguma movimentação. Douglas, defesa direito do Barcelona, tem estado na calha.
Espera-se inevitavelmente que o Benfica se mantenha na luta pelo título, mas a fragilidade física do plantel e as dificuldades em acertar o primeiro terço do onze podem tornar imprevisível a temporada que aí vem.
Vitória de Guimarães: A surpresa (má)
Quem viu e quem o vê. O Vitória de Guimarães que na época passada terminou o campeonato em quarto lugar e que foi finalista da Taça de Portugal, entrou mal na Liga NOS. Em quatro jogos soma duas derrotas, um empate e uma vitória. São quatro modestos pontos para aquilo que se esperava da formação orientada por Pedro Martins.
O que mudou? Da época passada para esta o Vitória deixou de ter uma equipa assente em talentos emprestados pelos ditos clubes grandes para passar a apostar na prata da casa e numa ou outra contratação. Enquanto na temporada passada alinhavam nos vimaranenses jogadores a título de empréstimo que vieram a desempenhar um papel essencial na equipa, como Hernâni ou Marega, esta época apenas há um atleta emprestado.
A base está lá, mas faltam os jogadores criativos e com poder de explosão, aqueles que normalmente não têm espaço noutro clube de maior dimensão e que chegam ao Dom Afonso Henriques com garra para mostrar que podem ser opção e que acabam por fazer a diferença.
Sporting CP: De vitória em vitória ao ritmo dos reforços
Se na época passada se pode acusar o Sporting CP de ter comprado "mal", esta temporada tal não se pode dizer. Pelo menos, não à primeira vista. Neste defeso os leões gastaram mais, mas parecem ter feito as apostas certas. Nestas primeiras quatro jornadas, mais a pré-eliminatória da Liga dos Campeões, vimos Bruno Fernandes encaixar que nem uma luva entre o meio-campo e as costas de Bas Dost, vimos Battaglia a mostrar que se William Carvalho se for embora o problema poderá não ser assim tão grande, vimos Acuña fintar a desconfiança que fez os verdes e brancos investir cerca de 10 milhões de euros na sua contratação e vimos Mathieu a solidificar a defesa leonina, formando uma boa dupla com Coates.
Tudo isto tem de ser visto, claro, sob o facto de apenas terem sido feitos meia dúzia de jogos oficiais. Não obstante, saltam à vista traços de um leão que soube entrosar os reforços com o que de melhor tinha em casa, e que tem tirado mérito disso.
A ambição e a gestão do plantel feitas por Jorge Jesus vão ditar o futuro da turma de Alvalade, mas tudo faz prever que este ano estarão na luta até ao fim. O ínicio, pelo menos, está a correr às mil maravilhas.
Feirense: O invicto
Não, a equipa de Santa Maria a Feira não é a única invicta na Liga NOS. Há mais quatro (Rio Ave, Sporting CP, FC Porto e SL Benfica), mas o facto de continuarem ao mesmo nível com que terminaram a época passada e de isso lhes ter permitido evitar qualquer derrota em quatro jogos é de louvar.
Nuno Manta Santos mantém-se como o arquiteto de uma equipa sem "estrelas", mas consistente. Após a reta final da temporada passada espera-se que o Feirense seja uma dor de cabeça para os clubes que têm aspirações ao título ou europeias.
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