
Apito incial! Começa o dérbi e… chovem cartolinas.
À medida que a bola começava a rolar no jogo grande da 13ª jornada, as cartolinas que estavam nos bancos do público choviam sobre Jorge Jesus e o restante banco do Sporting.
Aliás, durante vários minutos essa foi a grande atração de um encontro que começou morno. Águias e leões trocaram a bola no meio-campo, mas sem arriscar. Talvez a tirar as medidas ao adversário.
Valia a pena perder minutos a ponderar. Afinal de contas, aos 90 minutos quem vencesse seria líder isolado do campeonato.
O primeiro a decidir romper com uma apatia pouco típica de um jogo grande foi Gelson Martins, com uma grande arrancada pelo lado direito, e logo de seguida Rafa fez o mesmo. Ambos tiveram o mesmo destino: as mãos do guarda-redes adversário.
O jogo pedia mais. Bas Dost tentava, mas perdia-se no meio das pernas da defesa encarnada. Gonçalo Guedes e Rafa tentavam ripostar pelas alas, mas ou esbarravam na defesa leonina ou nas cartolinas, que chegaram a ser motivo para Jorge Sousa parar o jogo.
Foi aos 25 minutos que o jogo ganhou outra dinâmica. Bola perdida no ar na grande área do Benfica, Pizzi domina - a bola bate-lhe no braço - e, em contra golpe, Rafa desmarca Salvio na grande área com um passe em trivela a rasgar. O argentino, na cara de Rui Patrício não perdoou. Estava feito o primeiro golo do jogo e estava dado o mote para um encontro mais intenso e mais acelerado.
Bola no centro e recomeça o jogo. Alvoroço no banco dos leões. Pede-se penalti - outro! Desta vez por mão de Nélson Semedo na sequência de um canto. O árbitro nada assinala e os protestos dos adeptos leoninos passam para as redes sociais.
Ainda antes de terminar o primeiro tempo, Raúl Jiménez quase conseguia aumentar a vantagem dos encarnados. A bola bate em Rui Patrício e faz um balão, mas acaba por não entrar.
Intervalo. As duas equipas recolheram ao balneário depois de um primeiro tempo muito disputado. Era tempo de refrescar a cabeça.
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A segunda parte começa com a entrada do costa-riquenho Joel Campbell no Sporting. O extremo viria a mudar o encontro. É graças à entrada do jogador emprestado pelo Arsenal que a dinâmica do Sporting se altera. Os leões passam a ser mais rápidos, a conseguir desequilibrar no 1 para 1 e a criar oportunidades de golo.
E assim que Joel intervém num lance Bas Dost acerta no poste. O empate estava ali; tão perto.
Mas quem não marca, vê marcar. Depois da bola ao poste, novamente em contra-ataque, o Benfica faz o segundo golo. Raúl Jiménez, de cabeça, bate Rui Patrício. Estava feito o 2-0.
Contudo, o Sporting não esmorecia e continuava a crescer no jogo. Com a entrada de Alan Ruiz o último terço dos leões transpirava efervescência e importunava a vida à defesa do Benfica. Valeu aos encarnados uma noite sólida de André Almeida, uma noite inspirada de Ederson e uma noite à antiga de Luisão.
Os leões investiam e o Benfica encolhia, mas não descurava.
“Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, já dizia o mítico Jorge Perestrelo. O inevitável acabou por acontecer, de cabeça, em resposta a um cruzamento de Joel Campbell, Bas Dost reduziu para os leões.
Estavam oficialmente abertos os minutos frenéticos que todos os grandes jogos têm direito.
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Rui Vitória mexeu. Danilo foi chamado para dar maior consistência defensiva no meio-campo encarnado, e Cervi entrou, fresco, para ser a flecha do contra-ataque das águias. E a função para que cada um destes jogadores espelha bem aquilo que foram os minutos finais.
O Sporting atacou, atacou e atacou. O Benfica defendeu, defendeu e defendeu. Em momentos de maior fôlego, os encarnados saíram em contra-ataque e os leões, cansados de pressionar, só conseguiam parar as águias com recurso a faltas. Choveram 3 cartões amarelos do bolso de Jorge Sousa em praticamente 3 minutos.
Quando o apito final soou, a muralha encarnada continuava de pé e os três pontos estavam nas mãos de Rui Vitória.
O Benfica acabou por fazer um jogo inteligente. Soube adaptar-se aos diferentes momentos do jogo: defendeu quando teve de defender e soube atacar no momento certo. Rafa acabou por ser uma boa opção de início, foi o desequilibrador de serviço e ainda assistiu para o primeiro golo. No final, acabou por valer à equipa da casa a estrelinha de campeão, e a exibição de Ederson. O guardião brasileiro foi enorme, fez 8 defesas.
O Sporting procurou sempre contrariar a tendência que o Benfica parecia não querer ditar, mas esbarrou constantemente num Luisão que fez relembrar os velhos tempos. Joel Campbell teve uma entrada fantástica e soube mexer com o jogo. Aliás, a segunda parte foi de ritmo ditado pelo Sporting. Mas não foi suficiente.
Venceu a eficácia contra uma avalanche ofensiva verde e branca que teve dificuldades em materializar-se em golo.
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