Domingo, dia 26 de janeiro, vai ficar marcado para sempre na história do desporto e do mundo. Perdeu-se um dos maiores atletas de sempre. Admirado pela sua integridade, foco e mente implacável - dotes que conduziram a momentos inesquecíveis -, Kobe Bryant deixará para sempre saudades e será sempre visto como um exemplo de excelência. Perdeu-se uma lenda e o mundo inteiro reconhece-o. Desde Michael Jordan, o grande ídolo de Kobe, a Barack Obama, as mensagens de pesar não param de ser divulgadas.
A dor foi palpável e por isso mesmo o último episódio do Bola ao Ar, o podcast sobre NBA do SAPO24, apresentado por João Dinis e Ricardo Brito Reis, foi dedicado a Kobe e a todo o seu legado. Acompanhados por Francisco Amiel, jogador do Sporting CP, a que se juntaram vários convidados, assistiu-se a uma autêntica partilha de memórias e histórias sobre um dos melhores jogadores de basquetebol de todos os tempos.
Miguel Barroca, comentador da NBA na Sport TV, diz ter perdido um herói. Diz que tê-lo visto jogar ao vivo foi um dos momentos mais felizes da sua vida. Admirador da capacidade de superação de Kobe, a sua mamba mentality (nome que adveio da sua alcunha “Black Mamba”), Barroca confessa que sempre procurou ser um pouco como Bryant em todos os aspetos da sua vida. “Queria ser como ele dentro de campo, queria transportar coisas dele para a minha vida profissional, via a relação dele com as filhas e também aprendi a tentar ser melhor com o meu filho e com a minha filha que vai nascer. E isso são momentos que ficam, que marcam e que fazem com que o legado de uma pessoa tão grande como foi o Kobe não seja esquecido e fique para sempre entre nós”, lembrou.
No seu testemunho falou também sobre dois momentos de superação de Kobe: o momento da rotura total do tendão de Aquiles e o seu jogo de despedida.
O último foi um momento do qual muitos nunca se esquecerão. Kobe Bryant, com 37 anos de idade, no seu último jogo de carreira marcou 60 pontos. 60. Francisco Amiel, cuja primeira jersey foi a de Kobe, estava em Los Angeles, com a sua equipa, numa sala a ver o jogo projetado. “Nós já não estávamos a acreditar no que estávamos a ver. Sendo jogador de basquetebol e ver uma coisa daquelas… eu lembro-me de estar com arrepios, sinceramente.” Acredita que o resultado daquele jogo foi o culminar de toda uma carreira de trabalho. “Trabalhou mais forte do que os outros, quis mais e naquele dia, parece que teve um anjinho da guarda com ele”.
Diogo Carreira, ex internacional português, apreciador dos últimos tempos de Kobe e que nasceu no mesmo ano do jogador de basquetebol, falou de como este foi ovacionado em todos os campos que jogou na sua última temporada, “inclusive em Boston, onde era, se calhar, o inimigo número um”. E foi ao falar sobre esse acontecimento, que explicou esta união de admiração mundial. “Há um respeito por toda a gente, pelo que ele foi como jogador e pela parte humana”.
Nuno Aguiar, jornalista e grande fã dos Lakers que frequentemente se expressa no Twitter, acompanhou fervorosamente a equipa de Bryant em 2009, ao ponto de ir apenas com duas horas de sono para o trabalho, com alguma regularidade. “Ser fã dos Lakers exige ficar até muito tarde a ver quase todos os jogos em casa”, conta. Mas, o gosto pela equipa, e a admiração pelo talento de Kobe também acabaram por “impactar” outras áreas da sua vida. “No ano anterior tinha sido aquela desilusão de 2008, mas no ano a seguir foi mais divertido — foi o ano em que ele (Kobe) tem uns cinco ou seis game winners, uma coisa impressionante! E aí sim era bastante divertido e tinha alguns problemas, porque acabava sempre por acordar a minha namorada. Sempre alguma coisa extraordinária acontecia por volta das cinco e meia, seis da manhã “.
Miguel Minhava, treinador e comentador da NBA na Sport TV, também seguiu a carreira de Kobe de perto e muito se deveu ao facto de ter estado no mesmo campo que ele. “O meu fascínio por Koby Bryant começou quando eu tinha cerca de 15, 16 anos, quando o vi pela primeira vez ao vivo num campo em que eu estive em Berlim (…) e de facto, ser fã dos Lakers surgiu como um extra. Mas ter a possibilidade de ver um jovem jogador, que ele ainda era na altura, e poder ter estado com ele, fez com que eu seguisse a carreira dele ainda com mais interesse”, contou ao Bola Ar.
No fundo, fosse pela sua excelência e perseverança enquanto jogador ou pelo seu papel de pai e marido, Kobe Bryant era visto como um ídolo em todo o sentido da palavra. Como Carreira disse “este tipo de pessoas parece que são imortais”. E de forma abrupta fomos trazidos à realidade. Mas como se diz, as lendas nunca morrem, e neste episódio com estes e outros convidados, procurou-se fazer isso mesmo: manter a lenda viva, contando memórias e histórias. Se ainda não viu este episódio, tem aqui a oportunidade para o fazer.
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