A pouco mais de um mês de iniciar a 17.ª participação num rali Dakar, o piloto luso, de 51 anos, admitiu hoje que o convite da Renault Sport Argentina "foi inesperado" e que não pensava voltar a correr "numa equipa com aspirações no Dakar".
"Ninguém à minha volta me disse para não ir. Nem os meus filhos, amigos ou familiares. Eu estava a ver se aparecia alguém próximo de mim que me dissesse ‘o que vais lá fazer, não te metas nisso, não estás preparado, vais levar uma aviadela'. Mas ninguém me travou. Eu era o único que estava na dúvida", revelou, em declarações à agência Lusa.
O facto de estar parado há quase dois anos, desde que abandonou o Dakar2016, devido a um acidente com o Mitsubishi que conduzia, na quinta etapa da prova, deixa-o um "pouco apreensivo" com o que vai encontrar, mas, ainda assim, não lhe retira a tranquilidade de procurar "dar o melhor que conseguir".
"Como estou parado há dois anos, as pessoas não me vão crucificar na primeira duna. Estou nervoso, um pouco apreensivo e ansioso com o que vou encontrar, mas já estou habituado à pressão. Vou dar o meu melhor, mas, se não conseguir, não consigo. Estou quase como no primeiro Dakar em que participei", disse.
De resto, Carlos Sousa acredita que a experiência acumulada aos longo de 16 provas, a primeira das quais em 1996, poderá ser determinante para o desempenho ao volante do Renault Duster.
"Espero bem que, no momento, a experiência venha toda ao de cima e não a burrice. Não vou para competir ao segundo com um piloto que tem material melhor que o meu ou mais andamento que eu. Vou para fazer um bom resultado. Se for com a tontice de mostrar o que não temos condições para mostrar, aí a coisa vai correr mal", brincou.
Ainda assim, o ‘top-10' é uma ambição da equipa Renault Sport Argentina e do piloto, que destacou o poderio de Peugeot, Toyota e Mini, em particular da primeira, que "vai arrumar com o assunto rapidamente".
"Queremos estar nos 10 primeiros, estar entre as grandes estruturas e que a Renault também se motive para outros voos, para ter mais carros e ter mais força no Dakar", afirmou, antecipando uma "prova muito competitiva, com 50% de areia e com uma navegação difícil".
Por outro lado, Carlos Sousa comentou a estreia do treinador português de futebol André Villas-Boas no Dakar, hoje confirmada, desejando que "corra tudo bem" ao ex-técnico dos chineses do Shanghai SIPG e que este "realize aquilo a que se propõe".
"Eu penso que o André Villas-Boas não vai atrás de mediatismo, mas sim atrás de um sonho pessoal. O Dakar é uma prova em que participam muitas pessoas como ele, de outras áreas. O filho da Margaret Thatcher [antiga primeira-ministra do Reino Unido] também foi. Aprecio muito essas pessoas. Eu, por exemplo, gostava de fazer uma Volvo Ocean Race. Ele não é o primeiro nem será o último. É uma realização pessoal que não vai tirar qualquer mediatismo a algum piloto. Acho mais benéfico do que prejudicial", salientou.
A poucas semanas de completar 52 anos, Carlos Sousa, cujo melhor resultado é um quarto lugar em 2003, diz continuar a sentir o mesmo fascínio de há 20 anos pelo Dakar, pelo que não pensa num final de carreira.
"Enquanto houver bons convites e eu gostar das equipas, eu vou. Continuo a sentir o mesmo fascínio de há 20 anos. Ou melhor, é diferente. Naquela altura não dormia. Agora já durmo e só quero saber que as coisas vão correr bem e que o carro não vai ter problemas", concluiu.
O rali Dakar2018 disputa-se entre 6 e 20 de janeiro de 2018, com passagens por Peru, Bolívia e Argentina.
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