O SL Benfica de Rui Vitória entrou no jogo para ganhar. Com uma equipa sem mexidas, após a goleada caseira diante do Vitória de Setúbal, os encarnados entraram melhor na partida, mais bem posicionados e com mais vontade de chegar à baliza.
Krovinovic a jogar ao lado de Pizzi, e não à sua frente, deu uma estabilidade maior ao meio-campo das águias, permitindo-lhes contrariar os médios portistas, onde Sérgio Oliveira surgiu como surpresa.
O Benfica, com mais posse de bola procurava fixar-se no meio-campo azul e branco. O Porto, mais tímido, deixava os encarnados jogar e procurava o erro. Assim que a bola caía na posse da equipa portista bombeavam-na para o meio-campo adversário à procura de Marega. E o maliano corria.
Foi assim mesmo que se desenhou a primeira oportunidade do encontro: Brahimi lança Marega em velocidade, Varela sai da baliza e já na cara do guarda-redes adversário, o avançado portista é desarmado por trás por Jardel.
Logo de seguida, na sequência do canto assinalado, Herrera, do lado esquerdo, faz um forte que remate ao ângulo inferior direito que mereceu uma grande defesa de Bruno Varela. O lance haveria de ser anulado, por irregularidade na área assinalada por Jorge Sousa, mas o minuto 30 marcaria aquilo que seria o restante jogo: Varela a brilhar e Marega a falhar.
A partir dos 38 minutos o jogo começa a mudar de figura, o Benfica perde a disciplina tática e o Porto, mais intenso, em constante mudança entre o 4x3x3 e o 4x4x2, que levava o irrequieto Herrera para a ala direita, com um meio-campo mais subido, começa a encostar o Benfica à sua área.
O minuto 44 foi aquele que assinala a entrada do outro protagonista do encontro: Jorge Sousa. Após um cruzamento da direita de Marega, Luisão decide mal. O central brasileiro baixa-se para cortar a bola de cabeça, mas esta acaba por lhe bater no braço. O árbitro pára o jogo, após a bola sair para lançamento de linha lateral, espera pela eventual comunicação do vídeo-árbitro, mas acaba por mandar prosseguir a partida.
Ao intervalo as estatísticas davam conta de uma primeira parte equilibrada - que tinha sido - e que não faziam antever uma segunda parte de um só rumo - como foi.
A segunda parte abre praticamente com Varela novamente a brilhar. O jovem guarda-redes, que a par de Fejsa - que terminou o jogo com oito desarmes bem sucedidos, mais do que qualquer outro atleta em campo -, foi o melhor da formação encarnada, fez mais uma grande defesa, após um remate colocado de Brahimi.
O argelino era então o mago e Herrera o comandante do meio-campo portista. Ambos empurravam a equipa para a frente, guardados nas costas por um Felipe atrevido que, por duas ocasiões, levou perigo à baliza encarnada - uma num remate a uma segunda bola num canto, que passou rente ao poste de Varela; outra num cruzamento tenso que passou a poucos centímetros da cabeça de Aboubakar.
A segunda parte só dava Porto e um remate longe da baliza de Grimaldo era a única prova de vida atacante dos encarnados. Diga-se que Varela, que brilhava entre os postes, também não ajudava a lançar a dinâmica ofensiva - os adeptos devem ter sentido saudades de Ederson - aos 56 minutos o jovem guardião só tinha acertado 3 dos 15 passes.
Os portistas aumentavam a intensidade e aos 57 minutos gritou-se golo no Dragão. Aboubakar remata de cabeça, Varela defende e Herrera, na recarga, mete a bola no fundo da baliza. Mas Jorge Sousa assinala fora-de-jogo a Aboubakar, na altura do cabeceamento, quando o camaronês estava, em boa verdade, em posição regular.
Logo de seguida, Marega teve novamente o golo nos pés. Grimaldo falha um corte e o avançado azul e branco, na cara de Varela, permite a defesa do jovem português. A bola acabou por morrer nas malhas laterais. Sete minuto volvidos e Herrera faz um potente remate rasteiro para, adivinhem, Varela voltar a brilhar.
O ditado diz que quem não marca sofre, mas o Benfica teimava em não lhe fazer jus e não conseguia sair da sua área. Para tentar refrescar o ataque, Rui Vitória tirou Cervi e fez entrar Zivkovik. O sérvio até mexeu com o jogo, com alguns bons movimentos do lado esquerdo, mas foi sol de pouca dura. Aos 80 minutos vê um cartão amarelo por estar em posição irregular durante uma reposição de bola portista e, dois minutos depois, vê o segundo cartão após falta sobre Herrera numa saída para ataque do Porto. Resultado: expulsão. A mais rápida de sempre em Clássicos — o sérvio esteve apenas seis minutos em campo.
Ainda assim a melhor oportunidade do Benfica na segunda parte aconteceu quando estava a jogar com 10 elementos. Aos 85 minutos, Krovinovic recupera uma bola, após Felipe ter chutado contra Danilo, mas José Sá saiu muito depressa a fazer a mancha sobre o croata e conseguiu uma boa defesa.
Um minuto depois começa a descida ao inferno de Marega: aos 86 minutos, após um cruzamento perfeito de Alex Telles, atrapalha-se com a bola e permite que Varela a agarre; depois, já no período de compensação, após cruzamento de Otávio e sozinho com a baliza quase escancarada, atira de cabeça por cima da barra.
O apito para os 90 minutos soava pouco depois, o Porto somava o segundo empate consecutivo na liga e perdia a liderança isolada. Rui Vitória continuava sem ganhar aos dragões e o Benfica permanecia a três pontos do topo do campeonato.
E foi assim que perante a descida de prestação do Benfica, os falhanços de Marega e Jorge Sousa e a surpreendente exibição de Varela que o Sporting, sem meter os pés no Porto, ganhava o Clássico.
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