Num debate promovido pela Confederação do Desporto de Portugal sobre o futuro do desporto na ‘era covid-19′, José Manuel Constantino lembrou que “tão importante como o trabalho que as federações têm feito é obter uma resposta das autoridades públicas” e que essa resposta ”não está em linha” com aquela que a generalidade dos países europeus “estão a dar às suas organizações”.
“O que é mais desconfortante é apresentarmos propostas, sugestões, orientações e não termos respostas sobre se o que apresentamos está certo ou errado, se é possível numa parte e não noutra ou se nada do que se apresentou tem utilidade. Não entendem que este esforço que fazemos e esta participação colaborativa merece uma resposta, mesmo que seja negativa”, criticou o presidente do COP.
E José Manuel Constantino foi ainda mais longe, ao considerar que o governo “já devia ter criado uma unidade de acompanhamento” do que está a acontecer, que permitisse “monitorizar e quantificar as ocorrências” resultantes da pandemia.
“Temos noção do que se está a passar na indústria portuguesa, na economia, nos transportes, na cultura e era desejável também, para além do contributo que as organizações desportivas dão com os seus meios, que tivéssemos um conhecimento mais detalhado dos efeitos da situação que estamos a viver. Tem de haver entidades neste país que tenham essa obrigação e são as entidades públicas com o apoio das desportivas”, apontou.
Outro aspeto que mereceu críticas foi a falta de “sensibilidade e articulação” entre as diferentes áreas políticas na gestão da pandemia provocada pelo novo coronavírus.
“Esta semana anunciou-se que o período de férias da Páscoa será reduzido. Isto irá traduzir-se na não realização de dezenas de atividades desportivas que, normalmente, aproveitavam este período e numa perda significativa da atividade desportiva de crianças e jovens, mas também de receitas de muitas associações desportivas”, exemplificou.
As opiniões do presidente do COP foram corroboradas, na generalidade, pelo seu homólogo do desporto paralímpico, José Manuel Lourenço, que considerou haver “uma questão de falta de equidade para com uma área importante” da sociedade.
“Houve um cuidado do governo com todas as áreas da economia no sentido da retoma e de preservar o emprego. Das duas, uma: ou não há conhecimento de que o desporto é também uma área com milhares de postos de trabalho, ou houve um esquecimento”, questionou o presidente do Comité Paralímpico de Portugal.
O plano de desconfinamento da pandemia de covid-19 apresentado pelo governo permitiu apenas a conclusão da I Liga portuguesa de futebol, deixando de foram todos os outros escalões e modalidades desportivas do país.
Algumas federações têm apresentado planos de retoma da atividade desportiva, mas a possibilidade de retomar competições nacionais permanece incerta a um ano da data prevista para a realização dos Jogos Olímpicos Tóquio’2020, que foram adiados para o período entre 23 de julho e 08 de agosto de 2021.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 544 mil mortos e infetou mais de 11,85 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.631 pessoas das 44.859 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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