“Face dos problemas que vêm afetando o CD Aves SAD, com rescisões quase diárias, outras iminentes e jogadores do plantel com vários meses de salários em atraso, que poderão conduzir a novos conflitos laborais, num contexto que vem obrigando a nossa equipa técnica a recorrer a jogadores sub-23 para formar o ‘onze’ a cada jornada que passa, a administração concluiu que não estão reunidas as condições para salvaguardar a verdade desportiva e a transparência na luta pela permanência na I Liga na deslocação a Portimão”, justificam os avenses, em comunicado enviado hoje à Lusa.
A acionista da empresa que gere o futebol profissional do Desportivo das Aves, Estrela Costa, reforçou hoje à Lusa que o clube não iria deslocar-se a Portimão, independentemente da decisão que a Liga de clubes adotasse relativamente à atribuição de pontos nesse jogo.
“Receando não reunir jogadores suficientes e, sobretudo, jogadores que garantam uma equipa competitiva contra o Portimonense, o CD Aves SAD, consciente das consequências que daí possam decorrer, vem pedir à Liga que os pontos do jogo com o Portimonense não sejam atribuídos, sob pena de ver afetada a verdade desportiva entre os clubes que lutam no fundo da tabela para evitar a descida de divisão”, termina a nota.
O plantel orientado por Nuno Manta Santos prepara a receção ao Benfica, segundo classificado, na terça-feira, às 21:15, de encerramento da 33.ª e penúltima ronda, que assinalará o fim de um ciclo inédito de três épocas seguidas dos avenses na elite do futebol nacional, intercaladas com a conquista da Taça de Portugal, em 2017/18.
Cinco dias depois, o lanterna-vermelha da I Liga deveria enfrentar o Portimonense, 16.º colocado e primeiro clube acima da zona de despromoção, com os mesmos 30 pontos de Vitória de Setúbal, 17.º e penúltimo, e Tondela, 15.º, envolvidos na luta pela fuga à descida, que ainda engloba o Belenenses SAD (14.º, com 32 pontos) e o Paços de Ferreira (13.º, com 35).
De acordo com o artigo 16.º do Regulamento de Competições da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), a “falta de comparência não justificada de um clube a jogo oficial de uma competição por pontos determina, nos termos previstos no Regulamento Disciplinar, a atribuição ao clube adversário dos três pontos correspondentes à vitória”.
A ausência “em algum dos três últimos jogos de uma competição a disputar por pontos” determina, segundo o artigo 76.º do Regulamento Disciplinar da LPFP, a “sanção de derrota no jogo ao clube que não compareceu e subtração de todos os pontos até então obtidos”, à qual se pode agregar uma coima de 250 a 500 unidades de conta (UC).
A decisão da SAD liderada pelo chinês Wei Zhao surge algumas horas depois de o defesa internacional angolano Jonathan Buatu, que estava cedido pelo Rio Ave desde janeiro, ter sido o sétimo atleta a justificar a desvinculação do emblema do concelho de Santo Tirso com sucessivos incumprimentos salariais, verificados desde dezembro de 2019.
O guarda-redes francês Quentin Beunardeau e o avançado brasileiro Welinton Júnior entregaram pedidos de rescisão em abril, em plena pausa competitiva motivada pela pandemia de covid-19, enquanto os médios Aaron Tshibola, Estrela e Pedro Delgado e o avançado Kevin Yamga consumaram as respetivas saídas na semana passada.
A SAD do Desportivo das Aves foi absolvida em 30 de junho da acusação de incumprimento salarial com jogadores e treinadores entre dezembro e março, mas aguarda pela resolução de outro processo idêntico, assente na ausência de documentos comprovativos quanto à regularização dos vencimentos dos meses de março e abril.
O assunto foi remetido da LPFP para o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol em 09 de junho, podendo custar uma penalização de dois a cinco pontos, face aos 17 somados em 32 jornadas pelos nortenhos, que confirmaram a despromoção à II Liga em 29 de junho.
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