O pedido para um “depoimento de parte” de Francisco J. Marques enquanto réu do processo movido pelo Benfica pela divulgação dos e-mails foi feito hoje pela própria equipa de advogados do FC Porto e não mereceu oposição do Benfica, pelo que foi deferida pelo juiz do processo.
Depois do testemunho de Francisco J. Marques, terão lugar as alegações finais.
A matéria a abordar pelo diretor de comunicação do FC Porto é similar à analisada hoje por outra figura do universo ‘azul e branco’, o colaborador da empresa FC Porto Média Diogo Faria, que depende hierarquicamente do próprio Francisco J. Marques e com quem colaborou na escrita do livro O Polvo Encarnado.
Diogo Faria disse hoje ao tribunal que só ele e Francisco J. Marques, tinham acesso aos e-mails internos do Benfica e afirmou que usavam para o efeito um computador do FC Porto, que não estava ligado à rede interna do clube e do qual apenas eles conheciam a senha de acesso.
"Só nós tínhamos acesso ao computador onde essa informação estava armazenada. O computador servia exclusivamente para isso e estava numa sala fechada de que só nós dois tínhamos a chave", declarou.
No âmbito deste processo, Diogo Faria analisou, por incumbência do diretor de comunicação, pelo menos 20 gigabits de correio eletrónico do Benfica para, segundo assinalou, procurar indícios de crimes que pudessem ser denunciados.
A testemunha disse desconhecer quem forneceu os e-mails internos do Benfica e acrescentou que Francisco J. Marques também.
A designação do e-mail de onde vinha a informação não permitia perceber o nome do remetente, explicou a testemunha, excluindo a possibilidade de terem sido forjados.
"Eram e-mails reais", defendeu, apoiado numa notícia da Lusa, que citava Pedro Guerra, ligado ao universo benfiquista, a declarar que admitia a existência dos e-mails, mas não se lembrava do conteúdo.
O Tribunal Central Cível do Porto está a julgar desde o início de março a ação em que o Benfica reclama uma indemnização a empresas e figuras do universo do FC Porto pela divulgação de e-mails internos do clube ‘encarnado’.
No processo em que é autora, a SAD do Benfica corresponsabiliza por "danos de imagem", causados pela divulgação dos e-mails, a homóloga do FC Porto, o presidente da sociedade e do clube, Pinto da Costa, os administradores Fernando Gomes e Adelino Caldeira e o diretor de comunicação, Francisco J. Marques, além da FC Porto Média, empresa detentora da estação televisiva Porto Canal.
O Benfica alega que a divulgação dos e-mails afetou a credibilidade do clube, prejudicando os seus interesses comerciais e chegando a provocar a queda de cotação das ações da SAD na bolsa.
O FC Porto alega que se limitou a divulgar informação de interesse público e que as mensagens de correio eletrónico em causa revelam práticas deturpadores da verdade desportiva.
Numa audiência prévia realizada em 20 de novembro de 2018, em que se fixou o valor da causa, foi também admitida a reconvenção (uma espécie de contra-ação), deduzida pela ré, pedindo uma indemnização cujo valor não foi divulgado.
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