Everton FC
Com ambições renovadas, depois de ter terminado o campeonato passado na décima segunda posição e longe de qualquer objetivo, os Toffees parecem mais do que nunca dispostos a ser uma surpresa e a voltar a incomodar os graúdos. Com alterações cirúrgicas na equipa, vejamos algumas das mais recentes estatísticas da equipa líder do campeonato a par de Leicester e Liverpool, todas elas com três vitórias em três jogos disputados:
- É preciso recuar a 1938-39 para encontrar uma época em que os azuis de Liverpool tenham vencido os primeiros seis jogos oficiais da temporada. Com três vitórias para a Premier League e outras tantas para a Taça da Liga (Carabao Cup), o Everton conta já com uns impressionantes 20 golos marcados, e apenas 6 sofridos, nos seis jogos já efetuados.
- Nos quatro jogos em que participou, a contar para todas as competições, James Rodriguez criou 15 oportunidades de golos. Nenhum outro jogador da Premier League criou tantas oportunidades como o colombiano esta época. O toque de classe que o ex-Real Madrid vem acrescentar ao Everton é evidente em cada momento em que este toca na bola.
- A boa forma de Dominic Calvert-Lewin espelha-se nos golos marcados. O último jogador dos Toffees a marcar um hat-trick a contar para a Taça da Liga foi Paul Rideout, num contra o Lincoln City, em setembro de 1993.
- Dominic Calvert-Lewin marcou mais golos (8) em todas as competições do que qualquer outro jogador em qualquer das cinco maiores ligas europeias - La Liga, Seria A, Ligue 1 e Bundesliga. De recordar que na temporada passada Calvert-Lewin marcou 5 golos em 19 jogos. O ponta de lança inglês e Richarlison têm vindo a beneficiar da chegada de James Rodriguez a cada posse de bola que o Everton tem.
O Everton e Dominic Calvert-Lewin são a prova de que é necessário tempo para os jogadores se adaptarem, e para as equipas se transformarem nisso mesmo: equipas. Há duas épocas que o Everton é visto como uma das equipas favoritas a ser a surpresa positiva no campeonato e desde então que tem tido mais dificuldades que o habitual. A quantidade de jogadores novos a entrar em 2018 foi enorme e como tal, foi necessário tempo para que tudo pudesse encaixar no devido lugar. Com a adição de um treinador de classe mundial, de jogadores como James Rodriguez e Allan, chegou a hora de mostrar serviço. Uma linha defensiva com dois anos de experiência a jogar junta e uma dupla de avançados que já já jogam juntos de olhos fechados, esta é uma equipa excitante e que promete entreter a cada fim de semana.
Leeds United
A equipa de Marcelo Bielsa é uma daquelas que vale pelo seu todo, sobretudo pela forma como todos os jogadores estão em sintonia com o treinador e as suas ideias. Como pressionam, como exploram todo o campo e de como não parece existir receio de arriscar e de comprometer elementos para atacar. Neste início de época, vale a pena salientar alguns elementos:
Stuart Dallas - O defesa esquerdo todo o terreno. Ao estilo de Pep Guardiola, que por vezes inverte os laterais - sistema no qual, em posse de bola, os laterais direito e esquerdo fecham no centro do meio campo tornando-se dois médios defensivos -, Bielsa fez o mesmo com Dallas. O internacional pela Irlanda do Norte, quando o Leeds tem a posse bola, sobe no terreno, ocupa uma posição central à frente do eixo defensivo e, a partir daí, desenvolve a sua posição consoante o que o próprio jogo determinar. Faz incursões pelo meio campo central adentro, sobe na esquerda para cruzar imensas vezes, fecha na direita compensando os seus colegas de equipa, faz de tudo um pouco.
Illan Meslier - Um dos mais influentes jogadores do Leeds do momento e um dos mais promissores guarda-redes da liga. As defesas do internacional sub-21 francês têm feito as delícias dos adeptos do clube inglês e têm colocado Kiko Casillas cada vez mais confortável no banco de suplentes. Nenhuma equipa, principalmente uma com o caudal ofensivo do Leeds, sobrevive sem ter confiança absoluta no seu guarda-redes.
Robin Koch - Depois de um jogo inaugural menos conseguido, o defesa central alemão de 24 anos, que neste mercado de transferências este associado ao SL Benfica, parece estar a ganhar confiança. Revelou-se um dos melhores em campo na última partida frente ao Sheffield United e é um dos jogadores que vem adicionar mais confiança a uma defesa que está exposta às incursões adversárias durante a maior parte dos noventa minutos de jogo.
Assim como o Everton a equipa do Leeds é, também ela, produto de experiência acumulada. Sem que se tivessem apercebido, a não-promoção à Premier League há duas temporadas temporadas acabou por ser uma mais-valia. Mais um ano acumulando de experiência e intrusão entre jogadores. Este é um plantel que joga com as mesmas ambições e tem uma união singular em toda a liga. Com a adição de algumas peças experientes, como foi o caso de Rodrigo e mais recentemente Diego Llorente, defesa centrar proveniente da Real Sociedad, ficam agora a faltar outros elementos que possam acrescentar ainda mais experiência e, tal como no Everton um toque de classe mundial, para que El Leeds possa dar um salto qualitativo que lhe permita estabilizar a sua posição no principal escalão do futebol inglês durante os próximos anos.
Nota: De recordar que a segunda temporada - um especial de dois episódios - da série Take Us Home já está disponível há duas semanas. Por aqui já falámos sobre a primeira temporada, serve a segunda para mostrar, mais uma vez, do que é feito esta equipa do Leeds United e para dar a perceber um pouco a perspectiva do que é tocar um clube para a frente em tempos de pandemia.
Esta semana na Premier League
Este fim-de-semana os grandes destaques vão, naturalmente, para o Leeds United Vs. Manchester City e para o Manchester United Vs. Tottenham. No confronto entre o mestre Marcelo Bielsa e o aprendiz Pep Guardiola, conseguirá o Leeds explorar as fragilidades defensivas do City? A dupla Fernandinho/Rodri não foi suficientemente energética para lidar com os contra-ataques e pressão do Leicester, principalmente com a dinâmica dupla Mendy e Tielemans. Conseguirá no sábado lidar com o entusiasmo dos pupilos de El Loco?
Uma teoria de Darren Fletcher diz que a razão pela qual Pep Guardiola tem jogado esta época com dois pivots defensivos, é porque este não confia nos seus defesas, em particular nos defesas centrais. Poderá a chegada de Rúben Dias ser a solução para os problemas do treinador espanhol? O tempo ajudar-nos-á a perceber a influência do português nos Citizens.
Quanto ao frente-a-frente entre Ole Gunnar Solskjær e José Mourinho, será o frente-a-frente de duas equipas ainda à procura não só da sua identidade, como da sua melhor forma. Será um teste importante para ambas. Um que pode começar a definir a época de duas equipas que sem jogar para o título, tudo farão para se aproximar, o mais rapidamente possível, dos quatro primeiros lugares da classificação.
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