A Volta a Portugal tem como intervenientes principais os ciclistas (180 à partida, 123 à chegada), para além de todo o staff que compõe as 18 equipas e todos os elementos da organização. Mas a maior festa de desporto popular do país não se faz sem o beijo da praxe e sem a segurança garantida pelos condutores da Brigada de Trânsito da Guarda Nacional Republicana. Eles e elas, percorreram as estradas portuguesas atrás e à frente da caravana e foram, e são, peça essencial na máquina que deu a volta ao país.
As meninas do pódio, que viajaram de carro, reclamam que o direito de subir ao palco e dar o beijo aos vencedores das etapas, ao camisola amarela e das outras camisolas, é só delas e assim deve continuar.
Em cima das motas, uma Brigada de Trânsito especial foi o garante de segurança dos ciclistas. Mas não só. Garantem também a segurança de quem vê a prova e querem continuar a receber a compreensão e o respeito das populações que assistiram na estrada ao longo de mais de 1600 quilómetro aos heróis das duas rodas.
“Oh, meu querido... não quer pôr em perigo os ciclistas”
A BT da GNR criou um Destacamento Trânsito Eventual, especifico para a Volta a Portugal. 21 condutores de motas, a que acrescem elementos destacados que viajaram numa carrinha, num jeep e numa Van, onde se inclui o comandante da operação e responsáveis da logística, totalizando 27 pessoas, que zelaram pela segurança em todos os quilómetros por onde passou a 79ª edição da Volta a Portugal.
Para fazer parte desta “equipa” tiveram que passar por um teste de condução. O Ajudante Modesto foi um dos que se estreou na “Grandíssima”.
Dos 21, um núcleo de quatro seguiu sempre na cabeça da corrida. O condutor da Mota A, Sargento-Ajudante Caldeira Oliveira, natural de Portalegre e há 22 anos na GNR, andou sempre na dianteira a marcar o passo e a zelar pela segurança de todos, ciclistas e assistência. “Na descida de Manteigas, antes dos ciclistas já temos que estar lá em baixo”, exemplificou. Controlar as populações, ao longo de “mais de 3 mil quilómetros feitos” não é tarefa fácil, mas a solução está no trato. “Há que saber imprimir inteligência emocional e, por isso, quando trato as pessoas por 'meu querido' estas de imediato baixam a guarda”, soltou uma gargalhada. “Não quer pôr em perigo os ciclistas?”, questiona, desarmando quem lhe aparece pela frente.
Andar pelo país, à frente do pelotão, obriga a um conhecimento do percurso por antecipação. “Fixo o caminho na cabeça, fazemos o reconhecimento umas semanas antes. E nunca me enganei”, garantiu. “Andamos sempre nos nossos limites de segurança”, frisou antes da última etapa, em Viseu.
Para além da segurança de ciclistas e populações, o Sargento Oliveira desempenhou outra tarefa. “Organizei refeições. Sou um ótimo cozinheiro”, avisou.
As Meninas da Volta. O beijo é nosso
Ana Teresa, com a camisola azul da Liberty Seguros, é, como as demais, uma presença constante no corta fita das partidas e na subida ao palco de todas as atenções. É uma das meninas do pódio. Ou como se diz, uma das meninas que distribui os tradicionais beijos aos vencedores. Da etapa e das várias camisolas em disputa.
“Por mim fazia mais 15 dias na estrada e gostava mesmo é que terminasse no Algarve”, expressou o desejo na despedida. “Correu sempre bem e mantinha a tradição de beijo”, anunciou sem hesitar.
Enquanto dupla da Rubis Gás é a primeira vez que vestem a camisola verde. Carla Amieiro não é nova nestas andanças. Brinca com a cor que veste. “Sou melancia”, brindou. Latisse Araújo, estreou-se na Volta a Portugal. Nascida em Goiás, Brasil, a trabalhar em Milão e a “viver no mundo”, andar de “salto alto” é algo que não a incomodou ao longo destes 11 dias. “Faz parte da vaidade feminina”, atirou.
Há mais estreantes na Volta. Vanessa Pereira, de Lisboa, com um mestrado em Marketing, com a cor preta da Kia, acompanhou pela primeira vez a prova que une o país em duas rodas. Voltará se “continuar a haver o beijo no palco”, garantiu. “Fica feio sem o beijo”, reforçou. De preto, Rita Pestana, de Alpalhão, Alentejo, a trabalhar em Lisboa, elogiou “a fácil integração” entre todos os que fizeram a Volta a Portugal.
Para Joana Susano, com uma camisola da Delta Cafés, é a terceira Volta. “Os ciclistas são muito respeitadores”, frisou. Natural de Alcácer do Sal é perentória. “Não queremos rapazes. No palco, só os ciclistas”, pediu.
Catarina Marques, é uma repetente nestas andanças. Ostentou ao longo de 11 dias a camisola branca da RTP, televisão oficial da Prova. “A equipa foi divertida e o trabalho foi feito com prazer, numa espécie de férias (viagem) pagas”, adiantou esta fisioterapeuta de formação que viajou com o mundo das bicicletas enquanto não abraça o sonho de “trabalhar na TAP”.
Por fim, Uliana Gridina e Julia Priazhnikova foram, entre as diversas meninas do pódio, quem atraiu maiores atenções. Vestidas a rigor com o encarnado do Santander, coube-lhe a tarefa de entregar a camisola amarela. Para Uliana, manequim e estudante, nascida na Rússia e a viver em Portugal há 17 anos, a Volta a Portugal não é novidade. Julia, ucraniana que vive em Portugal desde 2006, com o curso de Turismo e modelo fotográfico, estreou-se na prova Rainha do ciclismo nacional. Ambas querem voltar.
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