Foi já na presença de Larri Passos que João Domingues alcançou o apuramento para os quartos de final do Estoril Open, a primeira vez no torneio luso e mesmo num torneio ATP. A parceria iniciou-se oficialmente esta semana no Clube de Ténis do Estoril.
João Domingues, natural de Oliveira de Azeméis, abdicou do curso de arquitetura na Faculdade de Arquitetura do Porto, onde entrou com média de 17 valores, para investir no ténis, em 2013. Progrediu e atingiu o 214.º lugar do ‘ranking’ mundial.
Mas, aos 25 anos, ambiciona mais e, perante a oportunidade de trabalhar com Larri Passos, treinador que conduziu Gustavo Kuerten a número um do mundo e à conquista de três títulos do 'Grand Slam', em Roland Garros (1997, 2000 e 2001), não hesitou.
O primeiro contacto aconteceu por via do também brasileiro André Podalka, treinador de base de João Domingues e amigo de Passos. O estreitar de relações surgiu há um ano, quando o número três nacional disputou os ATP de Buenos Aires, do Rio de Janeiro e de São Paulo.
“Viajei com ele e adorei. O Larri também gostou de mim e ficou interessado em trabalhar comigo. Mantivemos o contacto e agora encontrámos um equilíbrio para trabalharmos juntos. Será um elemento fundamental”, avançou Domingues, que recebeu esta semana o brasileiro na sua equipa técnica, constituída por André Podalka, João Antunes, Danyal Sualehe e o preparador físico João Peralta.
Se o vasto palmarés impressionou, até porque pegou em ‘Guga’ aos 14 anos e levou-o igualmente à vitória no Masters de Lisboa, em 2000, João Domingues garante que sua a personalidade não deixou de ser menos cativante.
“Tem uma personalidade forte, carismática e eu dou-me bem com isso. Motivacionalmente é muito bom, além de toda a experiência e tudo o que conquistou. Tem uma bagagem extremamente larga e, com isso, uma energia muito boa. A química e a relação que nós tivemos, bem como a forma como ele se expressou, para aquilo que preciso de fazer, enquadra-se muito bem na minha forma de ser”, contou.
O talento e a personalidade afável de João Domingues não passaram também despercebidos e Larri Passos não poupa nos elogios.
“É talentoso, joga com o coração e combina com a minha filosofia. É preciso trabalhar duro e saber lidar com as situações de tensão com alegria. O João não faz muitos ‘winners’, tem de jogar de igual para igual e construir os pontos. Estamos a trabalhar nisso e em ganhar mais o ‘court’. Mas já sobe mais à rede, acelera mais as pancadas e tem evoluído bastante”, destacou.
Além de ser “uma experiência muito boa, devido à conexão e energia muito positiva”, Passos diz estar empenhado em trabalhar numa evolução mental do campeão nacional de 2011, assim como na técnica.
“O João precisa de acreditar que pode vencer um ‘top-10’. Aos 25 anos, está na idade da maturação e nós precisamos de ter uma cultura vencedora”, acrescentou.
A base de treinos desta nova parceria será tripartida entre Portugal, Brasil e Estados Unidos, onde Larri Passos reside, embora o número de semanas de trabalho em conjunto ainda não esteja definido. Certas são as ambições que estão em sintonia.
“Quero ser a minha melhor versão possível e atingir os meus objetivos e da minha equipa técnica. Acredito que o Larri pode levar-me onde quero [‘top-100’], ser mais constante e aumentar os meus níveis tenísticos e de confiança”, revelou João Domingues.
Já Larri Passos, descendente de portugueses, não poderia estar mais de acordo: “Pode estar entre os melhores do mundo. Se peguei no Guga, aos 14 anos quando ninguém o conhecia, e levei-o a número um, porque é que o João Domingues ou o João Sousa não podem estar entre os melhores do mundo?”
Comentários