Red Bull Racing bate forte com a porta 

'Bater a porta com um grande estrondo', é assim que se pode caracterizar a chegada da Red Bull a 2024. No primeiro dia de testes, Max Verstappen deixou o pelotão a mais de um segundo de distância. A volta mais rápida de Verstappen foi de 1:31.344s, contra a volta mais rápida de Lando Norris em 1:32.484.

O segundo dia de testes mostrou algumas dificuldades para a equipa de Milton Keys. Com Sérgio Pérez a bordo, um princípio de incêndio no sistema de travagem e um possível problema na unidade motriz trouxeram algumas dificuldades. Mesmo assim, o mexicano conseguiu fazer mais de 100 voltas.

O grande ponto de interrogação está na diferença entre as qualificações e as corridas. Terá o carro da Red Bull uma vantagem maior no dia da corrida do que na qualificação? Se tal acontecer, o RB20 poderá estar mais vulnerável no sábado e outros poderão ter melhorado o seu próprio desempenho o suficiente para capitalizar uma melhor posição na grelha para as corridas?

Para João Carlos Costa, comentador da SportTV, em análise após os testes de pré-temporada, "a Red Bull tentou resolver a única aparente dificuldade do RB19: as curvas lentas".

Assim sendo, segundo João Carlos Costa, "Adrian Newey, e a sua equipa técnica, olharam para o apoio aerodinâmico superior e também o apoio mecânico como prioridades. Para além disso, o RB20 tem uma carroçaria mais estreita e com os pontões, de facto, a 'começar mais tarde', possivelmente já antecipando aquilo que serão os carros de 2026 [entrada dos novos regulamentos na F1], mais estreitos e com menor distância entre eixos", afirmou ao SAPO24.

Ferrari e Mercedes: à perseguição dos campeões

A Scuderia Ferrari mostrou excelente precedentes nos testes do Bahrain. Um dos pontos fracos de 2023 foi o desgaste de pneus. Para este ano, o chefe de equipa Fred Vasseur já afirmou que esse ponto fraco está ultrapassado no SF-24, de acordo com os dados recolhidos nos três dias.  Em relação à equipa italiana, João Carlos Costa mostra-se positivo em relação à evolução em relação ao desgaste de pneus, afirmando que "a aventura iniciada em 2023, em Monza, parece ter dado frutos, ainda que as simulações feitas no Bahrain não tenham conseguido igualar os valores, em termo de desgaste de pneus, da Red Bull, Mercedes ou até da Aston Martin".

Apesar dessa pequena evolução, o Ferrari "SF-24 é aquele que se parece mais com o carro do ano passado". Para 2024, "as maiores diferenças são o recuar, em cinco centímetros, do conjunto 'baterias/motor/caixa de velocidades' para assegurar uma nova distribuição de peso e onde a parte de trás não estivesse tão leve, assim evitando o 'escorregar' do monolugar. É esse 'escorregar' que provocava o desgaste dos pneus Pirelli", elucidou o comentador.

No que toca à Mercedes, a equipa de Brackley chegou a 2024 e trouxe um conceito diferente. Depois do conceito 'zero-pod' não ter dado os frutos que a equipa gostaria, o W15, carro de 2024, é mais parecido com os carros dominantes da Red Bull Racing nos últimos anos. Adaptando-se mais a Lewis Hamilton, João Carlos Costa explica que "nasceu um novo chassis, mas a grande novidade é a suspensão push-rod atrás, uma tentativa da marca germânica encontrar canais de circulação de ar ainda mais eficientes".

Apesar das novidades, para 2024, "o maior problema da Mercedes será partir com atraso naquilo que é o conhecimento deste novo conceito", explicou ao SAPO24. Apesar disso, e como já demonstrado no passado, a Mercedes é uma equipa que sabe desenvolver os seus monolugares ao longo da temporada.

McLaren, Alpine, Aston Martin: Há vitórias à vista?

Destas três, a McLaren foi quem mais impressionou. A equipa de Woking tem tido dificuldades no arranque das últimas temporada, acabando por 'carburar' tarde no ano. Desta vez, as expetativas são diferentes.

Para Pedro Nascimento, jornalista da SportTV, em conversa com o SAPO24, a McLaren "estará muito mais perto de voltar às vitórias, mas não logo de início", principalmente porque o circuito do Bahrain "é dos piores para o McLaren se mostrar, devido ao piso irregular, ao vento e ao relevo da pista. Mas assim que chegarem os circuitos mais suaves, China ou Miami, em diante, com bom piso e curvas de grande apoio, o McLaren vai mostrar-se em todo o seu esplendor".

Na Aston Martin, a equipa ficou razoavelmente satisfeita com os seus esforços nos testes. Esta é uma equipa com pretensões de dar mais um passo à frente, querendo vencer corridas, mas "é muito difícil estimar que 2024 seja o ano da primeira vitória da Aston Martin, não porque tenham trabalhado mal, mas porque as restantes equipas recuperaram muito terreno", explicou Nascimento.

"O demonstrado em pista não parece convencer nesse aspeto [vitória], mas, a equipa ainda tem o ano para desenvolver o carro e melhorar o seu rendimento", explica Nascimento.

Em 2024, a equipa deu mais um passo, com este a ser o primeiro carro [AMR24] a ser feito na nova fábrica da equipa, em Silverstone. Feito com "meios de produção modernos e ferramentas atualizadas de CFD (Computer Fluid Dynamics), mas uma vez que o túnel de vento ainda não está acabado, o desenvolvimento computorizado (simulador) era a melhor ferramenta de desenvolvimento que tinham", disse ao SAPO24.

"Como sempre acontece nos primeiros anos, nem tudo é perfeito. O carro que começa esta época não é perfeito, Fernando Alonso e Lance Stroll sabem-no, e sobretudo sabem que vão ter que fazer um esforço enorme para combater lado a lado com Mercedes, McLaren, até a VCARB (ex-Alpha Tauri)", finalizou.

Na Alpine, o balanço dos testes não é nada positivo. A equipa francesa demonstrou claramente que está atrasadíssima. O ritmo do A524 é praticamente inexistente, começando assim a temporada de 2024 "com um carro pesado, lento, pouco reativo, e um motor que não corresponde ao que era pretendido. Por oposição a todas as equipas, que evoluíram, parece a única que regrediu. Pode não ser a equipa menos rápida das dez que entram em competição. Mas certamente não será uma das primeiras.", analisou Pedro Nascimento.

Williams X Visa Cash App RB Formula One Team (RB)

Nas restantes equipas existem duas que se distinguem: Williams e Visa Cash App RB Formula One Team (antiga AlphaTauri). Mas, dizem os termos históricos da F1, e também a prestação no Bahrain que a equipa da Williams  "tem muitos argumentos a favor, mas também uma grande responsabilidade", explicou Pedro Nascimento ao SAPO24.

"Este é o primeiro carro feito pela nova direção, que entrou ao serviço no ano passado, e por isso é um projeto muito ambicioso: continuar a ser um dos melhores em velocidade em linha reta", afirmou.

"Ser muito melhor em curvas cheias de apoio, ser mais ligeiro nas curvas lentas. Nestes três parâmetros, é provável que o último seja o que está mais distante de alcançar. Tudo indica que vai continuar a ser uma equipa a lutar pelos lugares dos pontos, no meio do pelotão".

Noutro lado, temos a antiga AlphaTauri, que para 2024 pretende melhorar ainda mais. Daniel Ricciardo e Yuki Tsunoda concentraram-se na fidelidade do monolugar, que acabou por fazer 366 voltas, sem grandes problemas. A vantagem da RB está na sua colaboração com a Red Bull. No final de 2023, o AT04 já tinha uma frente e uma traseira igual ao Red Bull de 2021. Para 2024, espera-se a continuação da aliança e que o VCARB 01 seja ainda mais competitivo, lutando com a Williams.

Mudanças para a temporada de 2024

A temporada de 2024 é a mais longa da F1. Para este ano, os pilotos e equipas vão disputar 24 corridas. De regresso está o Grande Prémio da China, que tem sido adiado desde 2020, no início da pandemia da COVID-19.

Para 2024, também muda o formato das corridas sprint: o fim-de-semana começa com uma única sessão de treinos, seguida da corrida de qualificação sprint, que define a ordem da grelha de partida para a corrida sprint.

A corrida sprint será então a primeira sessão a ter lugar no sábado, seguida da qualificação para a corrida principal. O Grande Prémio propriamente dito continua a realizar-se no domingo.

O uso do Drag Reduction System (DRS) também sofre alterações. A alteração, acordada pela Comissão de F1 a 5 de fevereiro, diz que a ativação do DRS para a corrida será antecipada numa volta, em vez de duas voltas após o início da corrida, ou o recomeço após um Safety-Car.

Por fim, as equipas em 2024 pode apenas utilizar, por cada piloto, quatro unidades do motor de combustão interna, a unidade MGU-H, a MGU-K e o turbocompressor.