“Terei ficado desiludido pela forma como foi. O facto de o Fábio me ter enviado uma mensagem, no sábado à noite, a dizer que não queria continuar nos sub-21. Que tinha estado a pensar e não queria continuar nos sub-21, porque isso já não lhe trazia qualquer benefício. Para já, é uma mensagem. A minha resposta foi: ‘Então, Fábio, nem um telefonema?’. E a desilusão foi precisamente por aí”, disse Rui Jorge, em conferência de imprensa realizada em Lagos, no Algarve.
A seleção de sub-21 prepara dois jogos particulares, com República Checa e Japão, marcados para sexta-feira e terça-feira, respetivamente, ambos em Portimão, com vista à participação no Europeu de sub-21 de 2023.
O jogador do Liverpool “decidiu abdicar de representar” a seleção portuguesa de sub-21, informou na segunda-feira a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), esclarecendo que a decisão do jogador foi comunicada através de “algumas mensagens SMS”.
“Após a minha mensagem, pensei que o Fábio fosse pegar no telefone, ligar-me e falar. Foi o que sempre lhes transmiti, que poderiam falar comigo sobre esses assuntos. É um ponto que faço questão de dizer a todos os jogadores quando vêm connosco. Eu só quero neste espaço pessoas que queiram muito aqui estar”, acrescentou o selecionador.
Rui Jorge afirmou que “não estava à espera” da renúncia de Fábio Carvalho, que somava quatro internacionalizações pelos sub-21, e que a decisão “surpreendeu toda a gente”, até pelo percurso “exemplar” do jogador no grupo.
“O Fábio, convém referir isso, enquanto esteve connosco, teve um comportamento sempre exemplar a todos os níveis. O que trouxe para o nosso jogo também, o seu relacionamento com o nosso ‘staff’ foi impecável, da nossa parte para com ele a mesma coisa — foi tratado com carinho e respeito que todos nos merecem –, correu tudo muito bem. Daí ter ficado surpreendido”, frisou.
O selecionador, em tom mais ligeiro, disse ter ligado ao internacional português Diogo Jota, colega de Fábio Carvalho no Liverpool, “para lhe puxar uma orelha, pela forma como foi”, mas desejou “toda a sorte do mundo” ao jovem extremo.
“Ele terá as suas razões e, com certeza, irá explicá-las melhor no futuro. Todos gostávamos muito do Fábio. Gostávamos e continuamos a gostar. Aproveito para lhe desejar toda a sorte do mundo na sua carreira, porque sempre foi um miúdo excecional connosco. Toda a gente reagiu com surpresa, nada o fazia prever, mas aconteceu”, sublinhou Rui Jorge.
Quanto aos particulares com a República Checa, na sexta-feira, e Japão, na terça-feira, o selecionador sustentou que o objetivo “vai muito além do resultado do jogo”.
“Vai para aquilo que são as nossas características, afinar as nossas principais qualidades e melhorar os nossos defeitos. E conhecer melhor os jogadores, principalmente aqueles que não estiveram connosco e que vamos ter a oportunidade de os conhecer melhor também”, sustentou.
Garantindo que não vai “dividir 45 minutos por cada equipa”, como fez no último particular, em setembro, com a Geórgia (4-1), o selecionador espera na sexta-feira uma República Checa a criar o mesmo tipo de problemas que os adversários na fase final do Europeu de 2023 vão criar.
“As boas equipas jogam de diversas formas e criam diversos problemas, e alguns dos problemas que a República Checa nos vai criar, a Holanda, a Bélgica e a Geórgia também nos vão criar”, referiu.
Na fase final do Europeu de sub-21, em 2023, Portugal integra o grupo A, defrontando Geórgia (21 de junho), Países Baixos (24) e Bélgica (27).
Os jogos com República Checa e Japão estão ambos marcados para o Estádio Municipal de Portimão, às 19:15.
Comentários