"Estou nas nuvens, estou sem palavras, estou a tentar acalmar-me, isto parece surreal", começou por assumir Patrícia Mamona, que conquistou a medalha de prata do triplo salto para Portugal e bateu ainda o recorde nacional na disciplina. "As primeiras coisas que me vêm à cabeça são obviamente o meu treinador, a minha família e este grande país, Portugal", disse.
"Como sabem eu estava muito confiante com a qualificação e eu sabia que este seria um momento muito especial para mim. São cinco anos a trabalhar para este momento e 20 anos de triplo salto", recordou.
"Estou orgulhosa de todos nós, ainda agora me disseram que Portugal é um país pequeno, mas consegue fazer coisas grandes. O apoio dos portugueses foi fenomenal", elogiou.
Esta foi "uma competição em que só pensei em dar tudo, sabia que ia ser duro, mas só pensei em dar o meu melhor... Eu não quero chorar mais, neste momento só quero agradecer a toda a gente", disse.
A atleta portuguesa, quase em tom de desabafo, manifestou a sua alegria por "fazer parte da equipa dos 15 metros". "Quando comecei, toda a gente dizia 'triplo não, tu és muito pequena, não tens um perfil para triplista' e agora estou aqui, faço parte das melhores do mundo", disse.
"Sou vice-campeã olímpica, a segunda melhor do mundo", disse quase incrédula.
Bater o recorde nacional por duas vezes quase ficou esquecido: "O meu foco era sempre saltar mais, não pensei em marcas, não pensei em nada, só em deixar na pista aquilo que eu tenho, e se fizesse isso podia ir para casa descansada, recorde nacional ou não, medalha ou não".
O objetivo da atleta portuguesa é continuar a representar as cores nacionais, mas pensemos em Paris a seu tempo: "Temos uma grande inspiração que é o Nelson Évora e espero dar continuidade a isso. Sinto-me em topo de forma e sinto que ainda tenho muitos anos para dar. Às vezes dizem que eu já estou velha, mas não. Sinceramente, agora não quero pensar muito em Paris, quero desfrutar deste momento".
Enquanto espera para subir ao pódio, Patrícia Mamona diz que a sua prioridade é ver o treinador e falar com a família. "Somos pequenos, mas somos grandes", concluiu.
Patrícia Mamona conquistou hoje a medalha de prata no triplo salto dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, ao conseguir 15,01 metros, novo recorde nacional, arrebatando a segunda medalha por atletas portugueses depois do bronze do judoca Jorge Fonseca (-100 kg).
Patrícia Mamona, de 32 anos, só foi batida pela venezuelana Yulimar Rojas, bicampeã do mundo, com 15,67 metros, que estabeleceu um novo recorde do mundo. No terceiro lugar ficou a espanhola Ana Peleteiro, com 14,87.
A portuguesa, campeã da Europa em pista coberta, em 2021, e ao ar livre, em 2016, chegou à final do triplo ao saltar na primeira tentativa da qualificação 14,60 metros, menos seis centímetros do que o seu recorde nacional, que alcançou em 09 de julho e que hoje bateu por 35 centímetros, à quarta tentativa.
Na primeira tentativa, Patrícia Mamona já tinha conseguido superar a marca, com 14,91 metros, tendo fechado o concurso com 14,97 metros na sexta tentativa.
A saltadora do Sporting cumpriu a terceira presença olímpica, depois do sexto lugar no Rio2016 e do 13.º posto em Londres2012.
Já Yulimar Rojas juntou o título olímpico aos dois títulos mundiais, arrebatados em 2017 e 2019, depois da medalha de prata no Rio2016. A venezuelana bateu ainda o recorde mundial na sexta e última tentativa, com 15,67 metros.
A espanhola Ana Peleteiro, que foi segunda nos Europeus de 2021, atrás de Mamona, depois de ter sido campeã em 2019, voltou a ser superada pela portuguesa, mas leva para casa a medalha de bronze e um novo recorde nacional.
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