Mais de duas horas depois da aterragem, atletas, treinadores e ‘staff’ passaram, finalmente, a porta das chegadas do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, para encontrarem à sua frente familiares, amigos e curiosos, que se juntaram para um acolhimento entusiástico. E, na sequência de alguns cumprimentos fugidios, os atletas paralímpicos acabaram por se juntar para ouvirem o hino tocado pela banda sinfónica da PSP.
“É fantástico, porque é o culminar de um trabalho de muitos anos, um trabalho diário”, confessou o canoísta Norberto Mourão, que ganhou o bronze na prova de 200 metros VL2, emocionado por ter na receção os bombeiros de Camarate que o salvaram quando teve o acidente no qual acabou por perder as duas pernas: “Estarem todos presentes é fantástico, porque são parte da minha vida. Foram eles que fizeram com que eu estivesse aqui”.
Sem esconder que está “no ponto mais alto” da carreira, Norberto Mourão aponta já aos próximos Mundiais, na Dinamarca, para, de seguida, iniciar um período de descanso e começar a preparar o próximo ciclo olímpico para os Jogos Olímpicos Paris2024.
Por sua vez, Miguel Monteiro, medalha de bronze no lançamento do peso, considerou que a receção de hoje é resultado de “um bom trabalho pela promoção do desporto paralímpico” realizado pelo Comité Paralímpico de Portugal (CPP) e enalteceu o alto nível competitivo registado em Tóquio2020.
“O nível está cada vez mais competitivo. Não foi só o facto de ter sido batido por três vezes o recorde do mundo; houve também sete atletas a baterem a marca dos 10 metros na final, o que nunca tinha acontecido em prova, o que prova que estamos todos a evoluir”, frisou o lançador, acrescentando: “Estamos todos para o mesmo: para assumir cada vez mais alto”.
Uma visão que foi subscrita pelo presidente do CPP, José Manuel Lourenço, que, apesar de esta presença olímpica ter sido a menos bem sucedida em termos de medalhas nas últimas décadas, não deixou de fazer um “balanço muito positivo” da participação de Portugal.
“Se nós olharmos para aquilo que foram os próprios Jogos Paralímpicos no global, que nunca até hoje teve na competição paralímpica um nível tão elevado como este. Todos os dias se batiam recordes em todas as modalidades, era uma constante”, observou, manifestando a vontade de “continuar e aprofundar o trabalho de casa” na senda das “boas práticas” para elevar o nível de competitividade.
Quem não deixou de marcar presença na receção dos atletas foi a secretária de Estado para a Inclusão, Ana Sofia Antunes, assumindo “grande emoção” pela moldura humana que se deslocou ao aeroporto para congratular a comitiva. Questionada sobre a necessidade de reforçar apoios para que o desporto paralímpico não se atrase em relação ao de outras nações, a governante lembrou que a pandemia de covid-19 teve peso na preparação lusa.
“Nós temos de ter paciência. Neste ciclo sofremos o impacto de uma coisa chamada pandemia e estivemos muito limitados. Fizemos tudo para que eles tivessem os mesmos prémios desportivos que têm os atletas olímpicos e as mesmas bolsas desportivas que têm os atletas olímpicos. É preciso não esquecer que temos também 23 diplomas que dão acesso direto ao próximo programa paralímpico e isso é muito importante”, concluiu.
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