A contratação

LH. Javier Mascherano (Hebei China Fortune): Seria difícil iniciar a nova época sem destacar a chegada do ‘Jefecito’ ao Hebei China Fortune de Manuel Pellegrini. À procura de mais minutos até ao Mundial na Rússia, Javier Mascherano adiciona experiência e solidez a uma equipa nova e que almeja finalmente chegar à Champions League da Ásia após ter falhado esse objetivo nas últimas duas épocas. Além de Pellegrini, Mascherano ainda terá Ezequiel Lavezzi, Hernanes e Gervinho ao seu lado na empreitada chinesa. Mas a grande pergunta é: Javier Mascherano jogará no meio-campo ou na defesa do Hebei China Fortune? Manuel Pellegrini dar-nos-á a resposta ao longo da época.

RL. Cédric Bakambu (Beijing Sinobo Guoan) – Numa altura em que as transferências milionárias para a China serão reduzidas ao máximo, a chegada de Bakambu, embora não oficializada pelo clube da capital, foi a que mais abalou o mercado de transferências. Por 40 milhões de euros, o ponta-de-lança congolês ingressou no plantel treinado por Roger Schmidt e já deixou a sua marca na pré-época. Dono de um faro de golo apurado, de uma envergadura de respeito e de uma inteligência posicional acima da média, Bakambu pode atingir o topo dos melhores marcadores do campeonato com facilidade e ser um elemento importantíssimo na estratégia delineada pelo técnico alemão.

A equipa sensação

LH. Guizhou Hengfeng - Na sua segunda temporada na elite do futebol chinês, o Guizhou é, com certeza, uma das equipas para se ficar de olho. No banco de reservas está o espanhol Gregorio Manzano, ex-treinador de Beijing Guoan e Shanghai Shenhua com largo conhecimento do futebol chinês. No campo os mais famosos são Nikica Jelavic, Mario Suárez e Tjaronn Chery. Mas o que faz essa equipa ser uma das sensações para 2018? O seu projeto a longo prazo. Manzano teve o seu contrato renovado, o italiano Mauro Pederzoli chegou para ser o CEO do clube e chegaram bons nomes locais como Zheng Kaimu, Zhang Sipeng e Zhao Hejing, além da permanência de Yang Ting e Min Junlin em definitivo. Num mercado de preços inflacionados e jogadores renomeados, o projeto silencioso do Guizhou tem tudo para manter o seu ritmo nesta nova época.

RL. Dalian Yifang – Curioso que com três contratações num curto espaço de tempo, o Dalian Yifang, inicialmente previsto como sendo um dos potenciais candidatos à descida, acabou por atingir o rótulo de equipa sensação. José Fonte, Yannick Carrasco e Nico Gaitán, graças ao investimento efetuado pelo Wanda Group, chegam a uma equipa que desesperava pela chegada de reforços de peso. Com o foco na manutenção, o Dalian pode vir a fazer uma pequena gracinha em 2018. A bola, no entanto, está do lado de Ma Lin, ex-Liaoning Hongyun, que conhece bem a realidade do futebol chinês.

A equipa desilusão

LH. Jiangsu Suning - Vice-campeão da Super Liga em 2016, a lutar para não descer de divisão em 2017. O Jiangsu Suning mudou completamente em apenas uma época, e não parece apresentar grandes melhorias para a nova época. O italiano Fabio Capello ganhou o reforço dos jovens Abduhamit Abdugheni e Zhang Lifeng e do centro campista Tian Yinong, mas ainda é pouco. A equipa tem deficiências em valores locais, principalmente no sistema defensivo. Os pontos positivos são a permanência de Ramires, destaque na última época, e a polivalência de Benjamin Moukandjo. Pouco para o que parecia ser um início ambicioso para a equipa de Nanquim.

Sessão de treino da equipa do Shanghai Shenhua. créditos: ROMAN PILIPEY/EPA

RL. Shanghai Greenland Shenhua – Os ‘Diabos Azuis’ têm vindo a prolongar uma crise marcada por tremendos erros de casting, no que toca à escolha de treinadores, e esta parece não ter fim. Wu Jingui transita da temporada passada e foi o eleito a iniciar a nova temporada, com alguns resultados bem mais positivos do que as exibições. Dois empates preciosos na Liga dos Campeões Asiáticos e uma derrota expressiva por 4-1, no seu próprio estádio, frente ao Guangzhou Evergrande Taobao na Supertaça. Posto isto, o que esperar da formação de Fredy Guarín, Gio Moreno e Obafemi Martins? A qualidade, embora não de forma abundante, existe. Resta saber se será bem aproveitada.

O treinador

LH. Roger Schmidt (Beijing Guoan) - No início, com sete jogos sem derrotas, no final da época com seis derrotas em sete jogos. 2018 será o grande ano para Roger Schmidt no comando do Beijing Guoan. E não falta mão-de-obra para o técnico alemão: Renato Augusto, Jonathan Viera, Jonathan Soriano e Cédric Bakambu, junto de Zhang Xizhe, Wei Shihao, Li Lei, Yu Dabao e Chi Zhongguo. Com o elenco (bem) reforçado, o trabalho de Roger Schmidt será altamente cobrado. A expectativa é alta para a nova época. Os adeptos de Pequim torcem para ver o "gegenpressing" e as altas velocidades e intensidades características dos trabalhos de Schmidt fluam como nunca no Workers' Stadium.

créditos: AFP

RL. Vítor Pereira (Shanghai SIPG) – Mais um técnico português que assume o comando do principal concorrente ao trono da Super Liga. Vítor Pereira é o sucessor de André Villas-Boas no Shanghai SIPG e, até ao momento, o seu trabalho já tem colhido alguns frutos com duas vitórias categóricas na Liga dos Campeões. O sistema 4-3-3, que por vezes se desdobra em 4-2-3-1, já demonstra uma maior consistência comparativamente ao ano passado. Mais reação à perda de bola, mais organização defensiva e mais pragmatismo em todos os momentos do jogo.

O jogador

LH. Ezequiel Lavezzi (Hebei China Fortune): Um tímido início em 2016 e uma lesão grave na Copa América Centenário colocou fim à primeira época do argentino na China. Mas em 2017, Ezequiel Lavezzi deu o que falar. 20 golos e 15 assistências em 27 partidas e candidato ao prémio de MVP da Super Liga. De um 10 tradicional para ser o falso nove de Qinhuangdao, Lavezzi fez exímia dupla com Aloísio, hoje contratado por um ambicioso Meizhou Meixian Techand. Com Manuel Pellegrini no comando e com a chegada de Javier Mascherano e o retorno de Hernanes, é bom ficar de olho no desempenho do camisola 22 nesta nova época chinesa.

RL. Ricardo Vaz Tê (Henan Jianye) – Vaz Tê é mais um português que milita na China, mas num clube cuja realidade é um pouco diferente da dos demais. O Henan Jianye terminou 2017 no posto acima da linha de água e a permanência do clube na primeira divisão está, mais do que nunca, a ser posta em causa. O impacto imediato do ex-Akhisarspor – 5 golos em 5 jogos – ajudou a que o objetivo do seu conjunto fosse cumprido, tendo em conta que havia aterrado em Henan no mês de julho. Num cenário hipoteticamente semelhante, Vaz Tê pode bem desempenhar, de novo, o papel de talismã.

O goleador

LH. Eran Zahavi (Guangzhou R&F): Nos primeiros seis meses de 2016 foram 17 golos em 19 partidas. E na temporada 2017 foram 34 golos em 37 jogos. Devemos admitir: Eran Zahavi é um fenómeno imparável na Super Liga. Então por que o atacante israelita pararia de marcar agora? Zahavi quase alcançou o histórico recorde de Elkeson na última temporada. Com formidáveis interações junto a Renatinho e Xiao Zhi, é difícil de imaginar que o ex-Palermo e Maccabi Tel Aviv diminuirá a sua cota de golos na nova época. Será que chegou a hora de uma vaga na Champions League da Ásia?

Eran Zahavi, jogador do Guangzhou R&F, celebra um golo contra o Jiangsu Suning. créditos: AFP

RL. Anthony Modeste (Tianjin Quanjian) – O desespero do Tianjin Quanjian, a meio da passada temporada, fez com que Anthony Modeste, francês que brilhava com as cores do FC Colónia, se transferisse para o futebol chinês. Foram 7 golos em 8 jogos, somando três assistências na sua conta pessoal em 2017, que ajudaram a sua equipa a atingir um histórico terceiro lugar na tabela classificativa. Perante uma rápida adaptação e com os auxílios de Alexandre Pato e Axel Witsel no esquema delineado por Paulo Sousa, Modeste reúne todos os requisitos para ombrear com outros artilheiros. Golos, certamente, não irão faltar.

A tática

LH. O 4-2-3-1 de Paulo Sousa no Tianjin Quanjian - O esquema não é bem uma novidade na equipa de Tianjin, sendo utilizado muitas vezes por Fabio Cannavaro em 2017. A grande novidade está por ver Alexandre Pato atrás do avançado. Sendo possível escalar apenas três estrangeiros no XI inicial, poderemos ter outras novidades no Quanjian de Paulo Sousa durante a época. O que não mudará é o ADN ofensivo e associativo da equipa, que também conta com o faro goleador de Anthony Modeste e com a excelente interação da dupla de meias Zhao Xuri e Axel Witsel.

RL. O 3-4-3/5-3-2 de Dragan Stojkovic no Guangzhou R&F – O crescimento do lado azul de Cantão tem sido notório e o técnico sérvio é o principal responsável. O seu 1-3-4-3 que no processo defensivo se transforma em 5-3-2 ou até em 5-4-1 tem, talvez, a proposta de jogo mais interessante da liga. Futebol assente na posse, na variação de flancos e muito forte nos ataques posicionais, que tantos problemas tem causado aos seus principais rivais. Para o presente ano, o otimismo encontra-se, uma vez mais, em alta. Com Júnior Urso, Renatinho e Eran Zahavi no elenco, não seria de esperar o contrário.

Os relegados

LH. Tianjin TEDA - 13º colocado da última época, a mais tradicional equipa de Tianjin manteve o técnico alemão Uli Stielike. Johnathan, artilheiro da última K-League com 22 golos, e Felix Bastians chegaram, além do clube ter garantido a permanência do atacante Frank Acheampong. Wang Dong e Hu Rentian deixaram a equipa, que pouco se reforçou nacionalmente. E tudo isso enquanto o novo rico da cidade, o Tianjin Quanjian, cresce e começa a escrever uma bela história no futebol do país. TEDA e Stielike precisarão dar um jeito para continuarmos a acompanhar os Dérbis de Tianjin na CSL em 2019.

Henan Jianye: Outra equipa a trocar de treinador. O croata Dragan Talajic, de larga experiência no continente asiático, chegou e encontra um Henan Jianye com a mesma base de 2017, salvo algumas contratações necessárias. A equipa foi a primeira fora da zona de descida e não deve fugir do seu estilo reativo à espera dos contra-ataques acionando a velocidade de Christian Bassogog. Nos últimos anos, o Henan tem escapado por pouco. Fará o mesmo em 2018?

RL. Beijing Renhe – A luta pelo título na China League One em 2017 foi intensa e o Beijing Renhe terminou no segundo posto apenas a dois pontos do outro recém-promovido Dalian Yifang. O espanhol Luís García conseguiu a proeza de fazer regressar aquele que é um clube com imensa tradição no futebol do país e prepara-se para encarar um desafio interessante durante o presente ano. O plantel foi perdendo alguns dos seus jogadores nacionais e mais influentes ao longo do tempo, mas terá no experiente Ivo da Rosa, em Augusto Fernández, Wang Gang, Jaime Ayoví e Masika algumas esperanças de contornar a descida de divisão. Mas será o suficiente?

Henan Jianye – Praticamente inevitável a não inclusão do Henan Jianye neste ponto. Os ‘Diabos Vermelhos’ sofrem, desde 2015, um declínio desportivo considerável e a sustentabilidade financeira do clube tem sido posta em causa constantemente, assim como a escolha de treinadores. A nomeação de Talajic, ‘velha raposa’ no panorama futebolístico da Ásia, pode dar um novo sorriso ao clube e prolongar a sua estadia por mais um ano. As dúvidas, essas, não param de surgir.

O campeão

LH. Shanghai SIPG - Vice em 2015 e 2017, terceiro classificado em 2016. O Shanghai SIPG é de longe a equipa mais perto de acabar com o reinado do Guangzhou Evergrande. E em 2018, as chances podem aumentar já que o rival do Cantão vem de um período de transição com o retorno de Fabio Cannavaro. O meio-campo é uma enorme interrogação dos heptacampeões após a saída de Paulinho e as constantes lesões de Zheng Zhi. Mas e o Shanghai SIPG? Vem em uma constante crescente, nacional e continentalmente. A equipa mostra-se cada vez mais madura e decidida do que deseja na nova época chinesa. Teremos mais uma bela luta pelo título da Super Liga. E talvez, com um novo vencedor ao final de 2018.

O Guangzhou Evergrande é campeão à sete temporadas consecutivas. créditos: AFP

RL. Shanghai SIPG – Chegou a hora. É o tudo ou nada para o Shanghai SIPG alcançar o tão desejado título de campeão nacional depois de anos a esbarrar na hegemonia do Guangzhou Evergrande Taobao. Com o grande rival num período de transição e de adaptação às novas ideias de Fabio Cannavaro, Vítor Pereira tem nas suas mãos a oportunidade de terminar com o longo reinado dos ‘Tigres do Sul’ a nível interno. O plantel balança qualidade com experiência. Importante será não vacilar nos momentos-chave da temporada.

O XI ideal

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RL.