“Sabemos as ambições que temos, sabemos que é perfeitamente legítimo aspirar a tocar o céu novamente, mas também sabemos a dificuldade que é vencer o Europeu. Estamos focados no trabalho que temos de fazer para voltar a sentir o que sentimos ainda muito recentemente. Vamos ver se conseguimos que não haja duas sem três”, disse o selecionador Jorge Braz, em entrevista à agência Lusa, nas vésperas do arranque da prova.
A histórica conquista do Mundial, na final de 03 de outubro de 2021, na Lituânia, frente à Argentina (2-1), ainda está bem presente na memória de todos os portugueses, mas Jorge Braz lembrou a necessidade de encarar o Euro2022 já sem “‘confettis’ na cabeça”.
“Ainda está tudo muito fresco desde o Mundial. Existe a vantagem de, nos últimos seis meses, estivemos quase três juntos. A única desvantagem, mas que todos temos muita consciência, é tentar tirar os ‘confettis’ da cabeça. Isso é que é importante e estamos altamente focados nesta competição”, sublinhou o transmontano, nascido no Canadá.
A equipa das ‘quinas’ integra o Grupo A da prova, ao lado dos anfitriões Países Baixos, da Ucrânia e da Sérvia, naquele que Jorge Braz considera ser o agrupamento “onde há mais incerteza de quem vai passar”, embora Portugal seja amplamente favorito, realçando que, contudo, a obrigação de passar o grupo “não é tão clara como era no Mundial”.
“A Sérvia conhecemos muito bem, tem jogadores com enorme qualidade individual e muita experiência, com mais alguns jogadores irreverentes. É uma seleção que sabe e quer competir, olham sempre com possibilidade de vencer sempre. Vão acreditar até ao fim, até pela capacidade combativa dos países daquela zona”, analisou o treinador.
Em relação aos Países Baixos, apontou a “irreverência da rua” e a “motivação de jogar em casa” como os dois ingredientes que farão com que a partida com os neerlandeses possa ser “difícil”, apesar de reconhecer que estão “um patamar abaixo” de Portugal.
“A Ucrânia é ‘top’ europeu. A seguir aos candidatos, é a primeira que vem no ‘ranking’, seguida da Sérvia. É o indicador mais claro da dificuldade que será o Europeu”, notou.
Uma das ‘chaves’ do discurso de Jorge Braz, nos últimos anos, tem-se prendido com a ambição de querer ver a seleção a “ser Portugal” em todos os encontros que disputa, num conceito vencedor que procurou explicar com o trabalho desenvolvido há anos, a “competir e acreditar no jogador português”, para o país ser “uma potência mundial”.
“Portugal vai ter a ambição conquistadora do tamanho do mundo que caracterizou sempre o nosso país. Nós é que dizemos sempre que não, que são os outros. Estamos ali pequeninos, mas sempre nos habituámos a conquistar o mundo. Desta vez, é a ver se conseguimos conquistar a Europa”, expressou o técnico com mais jogos disputados.
Entre a “dor de cabeça” que foi construir a lista inicial de 14 convocados, Jorge Braz foi forçado a promover duas alterações, com as saídas do guarda-redes Edu, infetado com covid-19, e do pivô Cardinal, lesionado, para as entradas de Bebé e de Miguel Ângelo.
“A família é enorme. Só com 14 jogadores, alguém teria de ficar de fora e essa decisão cabe à equipa técnica. Achamos que estes seriam os mais adequados para o tipo de competição que vamos enfrentar. Não tenho dúvidas nenhumas de que, se quatro ou cinco apanharem covid-19, não me atrapalha nada. Há uma série deles que me dão exatamente a mesma confiança e vamos com a mesma ambição e objetivo”, garantiu.
Bruno Coelho apela para Portugal manter "pés bem assentes na terra"
O ala Bruno Coelho apela a que a seleção portuguesa de futsal mantenha "os pés bem assentes na terra" no campeonato da Europa de 2022, no qual terá de estar na máxima capacidade para repetir os êxitos anteriores.
"Queremos ter os pés bem assentes na terra. Ganhámos o Mundial, mas, mesmo se não tivéssemos ganhado, sabemos da nossa responsabilidade, do que queremos e dos nossos objetivos. É por esse caminho que vamos percorrer e trabalhar", realçou, em entrevista à agência Lusa, nas vésperas do seu quinto torneio continental de seleções.
Bruno Coelho, de 34 anos, conta com 136 internacionalizações e 44 golos pela equipa das 'quinas', sendo um dos jogadores mais experientes da formação comandada por Jorge Braz, a qual considera um dos 'alvos a abater' pelas restantes seleções em prova.
"[Sermos campeões mundiais] É uma motivação não só para nós, mas para as outras seleções que jogam contra Portugal nos quererem ganhar. Se, há uns anos, queríamos ganhar à Espanha porque era a melhor do mundo e da Europa, hoje passamos nós pelo mesmo, de ter de defender o nosso título. Se não estivermos no máximo das nossas capacidades, torna-se mais difícil", disse o jogador, que atua nos italianos do FF Napoli.
Imediatamente antes do início da concentração, Bruno Coelho, a par com o pivô Zicky, recebeu um resultado positivo ao coronavírus SARS-CoV-2, que obrigou a integrar mais tarde os trabalhos e a realizar "exercícios individuais em casa", com o apoio do 'staff'.
"Sou um jogador de emoções fortes e vieram-me logo as lágrimas aos olhos. Apesar de ter 134 [136 com os dois particulares com a Macedónia do Norte] internacionalizações, é como se fosse sempre a primeira vez. Ficar de fora do Europeu, por causa do motivo que era, deixou-me muito triste e abalado. Veio-me esse 'fantasma' à cabeça", contou.
No entanto, recuperou a tempo "para ajudar" a seleção a tentar a revalidação do cetro continental, num torneio que integra o Grupo A, ao lado da Sérvia, os anfitriões Países Baixos e a Ucrânia, formações com quem Portugal está "um pouco habituado a jogar".
"São seleções fortes fisicamente. Para contrariar isso, não podemos dar hipótese a essas seleções de entrar num jogo mais físico. Temos de entrar num jogo mais móvel, mais ao estilo de Portugal. Só assim vamos conseguir vencer", frisou, dando a receita.
Durante a preparação, Portugal efetuou, em dezembro, um duplo confronto de caráter particular com a congénere da Espanha, sendo que, ao segundo jogo, aconteceu uma pesada derrota por 6-0, que pode ter sido benéfica para colocar o grupo "em sentido".
"Se calhar, foi boa a derrota. Não pelos números que foram, que são exagerados, mas acaba por nos pôr em sentido e nos focarmos ainda mais no que realmente queremos. Aquela não é a imagem de Portugal e queremos passar o que realmente somos. Temos uma próxima oportunidade de conseguir mais e melhor", concluiu o campeão mundial.
O Europeu2022 de futsal disputa-se entre quarta-feira e 6 de fevereiro, nas cidades neerlandesas de Amesterdão e Groningen, sendo que os dois primeiros classificados se qualificam para a fase a eliminar, a disputar em exclusivo na capital dos Países Baixos.
Os campeões europeus e mundiais estreiam-se logo no primeiro dia do torneio, frente à Sérvia, às 16:30 (horas em Lisboa), seguindo-se duelos com os Países Baixos, à mesma hora, no domingo, e com a Ucrânia, às 19:30 de dia 28, na última jornada do Grupo A.
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