O agora lendário calcanhar do argelino Rabah Madjer, aos 77 minutos, e o golo decisivo do brasileiro Juary, a passe do argelino, aos 79, anularam o tento de Kögl, aos 25, coroando de glória a segunda de 11 finais internacionais dos 'dragões', que viriam a vencer mais seis e a perder apenas três Supertaças europeias, depois da derrota na Taça das Taças de 1983/84.

O primeiro título europeu da era Pinto da Costa, que tinha assumido a presidência cinco anos antes, abriu a porta à afirmação dos 'dragões' como grande clube no continente, a que se seguiu a conquista da Taça Intercontinental, a 13 de dezembro de 1987, numa vitória por 2-1, após prolongamento, ante os uruguaios do Peñarol, na neve de Tóquio, e da Supertaça Europeia, perante o Ajax (2-0 após as duas mãos).

Mais tarde, com outra geração, o FC Porto ganharia uma Taça UEFA (2002/03) e uma ‘Champions’ (2003/04), com José Mourinho, nova Taça Intercontinental (2004), com Luis Fernández, e, há seis anos, uma Liga Europa (2010/11), com André Villas-Boas.

Tudo começou porém em Viena, onde a equipa de Artur Jorge entrou em campo, para um dia que ficaria imortalizado na história do clube, já após um percurso notável, sendo que entrou com uma goleada ao Rabat Ajax (9-0 nas Antas), complementado com nova vitória pela margem mínima em Malta, e superou depois os checos do Viktovice (3-1 nas duas mãos) e os dinamarqueses do Brondby, nos 'quartos' (2-1).

Nas meias-finais, Futre, Gomes, Madjer e companhia defrontaram o Dínamo Kiev, que era, na altura, uma das melhores equipas da União Soviética e da Europa, orientada por Valeriy Lobanovskyi, mas um duplo 2-1 do FC Porto, primeiro em casa e depois em Kiev, colocou os 'dragões' em rota de colisão com o Bayern, que tinha deixado pelo caminho PSV Eindhoven, Áustria Viena, Anderlecht e Real Madrid.

Com Fernando Gomes lesionado e Juary e Casagrande condicionados antes do encontro, os 'azuis e brancos' enfrentavam o 'colosso' bávaro, favorito claro antes do duelo, num Estádio Prater repleto de adeptos alemães nas bancadas.

Aos 25 minutos, um erro defensivo deu a Koegl o primeiro jogo do encontro, confirmando o domínio alemão na etapa inicial, mas a palestra de Artur Jorge ao intervalo inspirou os portistas a uma exibição de gala na segunda parte.

Já com Juary e Frasco em campo, e depois de Futre ter fintado quatro alemães - num 'slalom' digno de Maradona – e falhado a baliza, foi o avançado brasileiro a assistir Madjer, que percebe, numa fração de segundo, o que tem de fazer: golo de calcanhar, aos 77 minutos, que se tornou num dos mais famosos exemplos da técnica no futebol europeu.

Dois minutos depois, o argelino, regressado ao campo depois de ser assistido, aproveitou o desnorte dos alemães para fintar Pflueger e cruzar, encontrando o pé direito de Juary, que não deu hipóteses ao belga Pfaff e fez o 2-1 final.

No final do encontro, o 'capitão' João Pinto não mais largou a Taça dos Campeões Europeus - troféu que os portistas voltariam a levantar em 2004, já com o nome de Liga dos Campeões - e os 'heróis' de Viena foram recebidos em total euforia na Avenida dos Aliados.