Numa época diferente, o fim-de-semana All-Star não foge à regra. A NBA anunciou, no início da temporada, uma pausa All-Star entre 5 e 10 de março, mas com festividades ainda por definir, até porque os planos originais de manter o evento em Indianapolis foram cancelados. Esta semana, foi revelado pela ESPN que a liga está a considerar a realização do jogo das estrelas em Atlanta, cidade que serve de base à estação televisiva que detém os direitos de transmissão do All-Star, com o objetivo de angariar fundos para a luta contra a COVID-19 e financiar universidades ligadas à história afro-americana.

Haja jogo ou não, os jogadores All-Star serão anunciados (até porque a votação começou hoje) e, por isso mesmo, vale a pena olhar para alguns nomes que podem estrear-se. CJ McCollum, Collin Sexton, Jerami Grant, Christian Wood, Malcolm Brogdon, Shai Gilgeous-Alexander e Fred VanVleet têm sido apontados como candidatos, mas há seis atletas que estarão melhor colocados para serem All-Star pela primeira vez na carreira, seja pelos números ou pelo «hype».

Jaylen Brown (Boston Celtics)

27.1 pontos, 5.6 ressaltos, 3.5 assistências, 1.5 roubos de bola, 44.1 3P%

O extremo dos Celtics está a jogar tão bem neste arranque de temporada que há quem defenda que está bem encaminhado para ser All-Star, Most Improved Player [jogador que mais evoluiu ao longo de uma época] e membro das All-NBA Teams e All-Defensive Teams desta época. Brown já é um dos melhores «two-way players» - bom nos dois lados do campo, a defender e a atacar - da NBA e tem colmatado bem as necessidades do conjunto de Boston, na ressaca da saída de Gordon Hayward para os Charlotte Hornets, da presença intermitente de Kemba Walker por causa das lesões e da ausência de Jayson Tatum no protocolo de despiste à COVID-19.

Os números mostram uma evolução brutal de Jaylen Brown em apenas três anos: 13.0 pontos e 34.4% nos 3PTS em 2018/19, 20.3 pontos e 38.2% nos 3PTS em 2019/20, e 27.1 pontos e 44.1% nos 3PTS este ano. A amostra é curta - 17 jogos - e os números devem cair agora que Kemba e Tatum estão de regresso, mas a candidatura à estreia no All-Star para o basquetebolista que, há poucos dias, se tornou o jogador com mais pontos marcados (33) em menos de vinte minutos (19) desde 1954/55 é mesmo para levar a sério.

E a candidatura dos Celtics ao topo do Este também.

Zach LaVine (Chicago Bulls)

27.0 pontos, 5.2 ressaltos, 5.3 assistências, 1.3 roubos de bola, 39.7 3P%

Está a fazer a melhor época da carreira em pontos, ressaltos, assistências, eficácia de lançamentos de campo, volume e eficiência nos lançamentos de três pontos e, hoje em dia, LaVine já não é só o miúdo saltitão que faz afundanços com entrada direta nos «highlights».

O extremo dos Bulls deu o salto (não literal) para o estatuto de estrela na liga e "exige" a eleição para o jogo das estrelas, depois de ter sido deixado de fora injustamente na época passada. Perto de celebrar o 26.º aniversário, Zach LaVine precisa que os Bulls ajudem a sua candidatura All-Star com vitórias e uma posição na classificação do Este dentro das equipas que lutem pelos playoffs ou pelo acesso ao torneio play-in, não só para as ambições do "voador" em marcar presença no jogo das estrelas, mas também na vontade de continuar a jogar na equipa da cidade do vento. É que o nome de LaVine tem sido um dos mais frequentes nos rumores de trocas um pouco por toda a liga e, se os Bulls não construírem uma formação mais competitiva, o extremo poderá querer juntar-se a outra equipa em que os seus excelentes desempenhos sejam sinónimo de triunfos.

Julius Randle (New York Knicks)

22.5 pontos, 11.3 ressaltos, 6.0 assistências, 35.6 3P%

Se os Knicks desta época são minimamente respeitáveis, bem podem agradecer a Julius Randle. Na sua sétima temporada na NBA, o extremo/poste lidera a equipa da «Big Apple» com os seus máximos de carreira em pontos, ressaltos e assistências. E é precisamente na capacidade de passar a bola que se vê a evolução de Randle em relação ao passado, já que praticamente dobrou o número de passes decisivos em relação à última época.

A equipa de Nova Iorque começou muito bem a temporada, mas tem caído um pouco na classificação nos últimos jogos, apesar de ainda se encontrar nos oito primeiros lugares, graças à 4.ª melhor defesa de toda a liga. Esse aspeto pode ajudar a formação orientada por Tom Thibodeau a manter-se nos lugares do meio da tabela do Este e, se Randle continuar inspirado no meio-campo ofensivo, não é de descartar uma presença no All-Star.


Ouça aqui o episódio desta semana do Bola ao Ar, podcast sobre NBA produzido pela MadreMedia e apresentado por João Dinis e Ricardo Brito Reis:


Zion Williamson (New Orleans Pelicans)

23.9 pontos, 7.5 ressaltos, 1.9 assistências, 1.1 roubos de bola, 59.0 FG%

A primeira escolha do draft de 2019 jogou apenas 24 partidas na sua época de estreia na liga, devido a lesão - se somarmos os 15 desta temporada, são apenas 39 jogos como profissional -, mas ficou logo a ideia de que seria All-Star se os joelhos não tivessem vacilado. O «hype» pré-NBA, enquanto estrela do YouTube com afundanços nunca antes vistos, é garantia de espetáculo nos maiores palcos dos EUA e Zion é um jogador que terá lugar cativo nos cincos iniciais do jogo das estrelas por muitos anos, desde que os adeptos tenham uma palavra a dizer na escolha. Talvez seja mesmo dos poucos jogadores da liga com vaga assegurada mesmo que os New Orleans Pelicans percam mais jogos do que os que ganham.

Neste mês de janeiro, já leva quatro jogos com 25 ou mais pontos acima de 70% de eficácia de lançamento, algo que não acontecia na NBA desde a última época de MVP de LeBron James, em 2012/13, e, apesar do mau registo coletivo dos Pelicans, Zion é motivo suficiente para investir no «League Pass».

Aos 20 anos de idade, Zion Williamson é o protótipo de atleta explosivo e atlético que tem que ser All-Star todos os anos.

Ja Morant (Memphis Grizzlies)

22.6 pontos, 2.0 ressaltos, 7.0 assistências (em 5 jogos)

O Rookie of the Year de 2019/20 cumpriu apenas cinco jogos esta época, entre uma entorse grave e um surto de COVID-19 nos Memphis Grizzlies, mas, tal como Zion Williamson, Ja Morant tem um «hype» tão grande e reúne tanto consenso entre os fãs da modalidade que a presença no All-Star é praticamente uma certeza.

Apesar da lesão de Morant, os Grizzlies têm-se mantido competitivos e ocupam o 8.º lugar da classificação do fortíssimo Oeste, com 7 vitórias em 13 jogos. Repetir a presença nos playoffs seria mais um ano acima das expectativas para a formação da cidade de Elvis Presley e o regresso de Morant pode ajudar na concretização desse objetivo. Pelo meio, a eleição como All-Star pela primeira vez na carreira será só uma formalidade para o espetacular base que, na época passada, somou médias de 17.8 pontos, 3.9 ressaltos e 7.3 assistências.

Jamal Murray (Denver Nuggets)

19.0 pontos, 3.9 ressaltos, 4.2 assistências

Ainda não vimos esta temporada o Jamal Murray que liderou os Denver Nuggets, com Nikola Jokić, à final da conferência Oeste do ano passado. Na sua quinta época de NBA e com apenas 23 anos, o canadiano parecia ter assumido em definitivo, na "bolha" de Orlando, o papel de superestrela. Nesses playoffs, registou médias de 26.5 pontos, 4.8 ressaltos e 6.6 assistências, com eficácias de 50.5% de lançamentos de campo e 45.3% de três pontos, e assinou quatro jogos com 40 ou mais pontos, para além de dois jogos de 50 ou mais pontos na mesma série de playoffs.

Jokić é "o" All-Star em Denver, mas Murray poderá juntar-se ao poste sérvio se os Nuggets se mantiverem no topo da classificação. Num Oeste carregado de talento nas posições de «backcourt» (Steph Curry, Damian Lillard, Luka Dončić, Donovan Mitchell, Devin Booker, Ja Morant, DeMar DeRozan, entre outros), Jamal Murray precisa de mais consistência e números parecidos com os da "bolha" para não deixar dúvidas de que merece ser eleito All-Star, já esta temporada.

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