Ter a liga interna mais rica e mais popular do mundo tem tido um efeito negativo na seleção inglesa. As hipóteses de escolha têm sido reduzidas e as enormes somas de dinheiro para investimento em jogadores estrangeiros tem retardado a introdução de jogadores ingleses e, consequentemente, a qualidade dos mesmos na equipa nacional. A equipa a jogar o campeonato do mundo será uma equipa jovem e não se poderá pedir muito da mesma. Passar o grupo poderá ser o melhor que o ingleses poderão esperar da sua seleção.
Como não poderia deixar de ser para qualquer das equipas qualificadas para a fase final da competição, a expetativa cresce a cada dia que passa. E com essa mesma expetativa, as dúvidas dos selecionadores podem desfazer-se, mas podem também aumentar. Vejamos os prováveis selecionados de Gareth Southgate para viajar até à Rússia.
Bilhete de avião reservado
Começando pela posição de guarda-redes, as escolhas parecem ser óbvias, de momento. Não tanto a titularidade, uma vez que os três têm legítimas hipóteses de a conquistar, mas sim um lugar na lista final de convocados. Joe Hart, Jordan Pickford e Jack Butland são as mais que prováveis opções para a baliza dos Três Leões (alcunha da seleção inglesa). Com o desastroso europeu e a não muito famosa época ao serviço do West Ham, Joe Hart poderá não ser a melhor escolha para titular. Entre Pickford e Butland a escolha poderá recair no primeiro. O guardião do Everton parece ser mais completo que Butland e poderá ser mesmo a melhor opção de entre o trio.
Passando para a a defesa, há escolhas que também parecem óbvias. Tendo em conta os irrisórios três golos sofridos na fase de qualificação, parece claro que a dupla de lugares no centro da defesa serão ocupados pelos já habituais John Stones e Gary Cahill, ou pelo menos, grande parte dos jogos de qualificação apontam nesse sentido. No entanto, o último jogo de qualificação e os dois últimos amigáveis trouxeram experiências com um esquema três centrais, o que parece ser mais uma simulação para uma situação de recurso, do que para filosofia de jogo. Sendo assim, no centro da defesa sobram dois lugares nos convocados que poderão, muito provavelmente, ser ocupados por Michael Keane e Chris Smalling.
As laterais parecem igualmente decididas. A excelente época de Kyle Walker garantir-lhe-á não só a convocação, como a mais que provável titularidade. Será um dos indiscutíveis de Southgate. Como segunda opção, Kieran Trippier. O defesa direito do Tottenham parece ser a alternativa mais óbvia à disposição do seleccionador inglês. Para lateral esquerdo, o lugar vai com toda a certeza ser disputado por dois jogadores que não parecem deixar dúvidas quanto à sua chamada. Danny Rose e Ryan Bertrand têm sido as escolhas mais comuns para a posição. Entre ambos, o momento de forma, na altura do Mundial, ditará quem vence a corrida pela titularidade já que ambos têm condições para fazer o lugar.
Chegamos ao meio campo, onde as posições são muitas mas os candidatos não são menos. Conhecendo Gary Southgate, o duo de centro-campistas terá que ser sólido e fornecer à equipa uma entrega sem fim. Para essas duas posições, quatro jogadores poderão já levar vantagem. São eles Jordan Henderson, Eric Dier, Harry Winks e Jake Livermore. Todos eles batalhadores que darão a consistência necessária no meio-campo de forma a poder não só reduzir o perigo para a defesa, como proporcionar contra-ataques ao quarteto ofensivo. Contudo, e caso queira utilizar o sistema a três centrais com regularidade, Gareth Southgate possa trocar um dos últimos dois jogadores por um defesa central, levando assim mais um defesa e menos um médio para Rússia.
O poder ofensivo inglês resume-se a um homem mais criativo e dois mais explosivos. De entre os explosivos, os mais prováveis a ocupar a lista de convocados serão Marcus Rashford, Raheem Sterling, Jesse Lingard e Alex Oxlade-Chamberlain. Todos eles explosivos, uns com mais capacidade de reter a bola e criar jogadas para os seus companheiros, outros mais repentistas e perigosos em jogadas individuais. De entre as possibilidades, estes são os que têm desempenhado os seus papeis ao serviço dos clubes de forma mais convincente. No centro, com mais capacidade de criação, uma posição e dois lugares. Dele Alli parece ser mais do que certo, apesar da sua menos excitante campanha na Premier League, em comparação com a época passada. O outro lugar poderá ser entregue ao recém chegado de lesão Adam Lallana. Contudo, este poderá ser o jogador, devido à sua pouca utilização, que mais incerteza deixa relativamente à sua presença na convocatória. Ainda assim, se Lallana fizer uma reta final de campeonato com alguns minutos, a probabilidade de ser convocado aumenta, já que é um jogador ímpar (pelas suas características) nos seleccionáveis.
Por fim, na frente, dois lugares na convocatória para apenas uma posição disponível na táctica Southgate (4x2x3x1). E se no meio campo as opções poderão ser muitas, no ataque, com tão poucos lugares à disposição, é difícil pensar em quem poderá ocupar esses lugares que não Harry Kane e Jamie Vardy. Ambos com épocas fantásticas, serão as opções para dois tipos de abordagem ao jogo. Poucas duplas de avançados se poderão complementar mais que a dupla inglesa, se tivermos em conta as suas características individuais.
Bilhete de avião em stand-by
A lista de convocados descrita acima parece tão óbvia que não restará muita margem de manobra para Southgate e respectivas escolhas. Ainda assim, abaixo seguem algumas das hipóteses que poderão, em caso de lesão de algum dos "convocáveis" ou opção técnica de Southgate, fazer parte da comitiva a viajar para a Rússia.
Fraser Foster (GR), Trent John Alexander-Arnold (DD), Joe Gomez (DD), Aaron Cresswell (DE), Ashley Young (DE), Harry Maguire (DC), James Tarkowski (DC), Phil Jones (DC), Danny Drinkwater (MC), Jack Wilshere (MC), Sturridge (Extremo), Theo Walcott (Extremo), Jermain Defoe (A).
Hipóteses muito limitadas
O país que inventou o futebol está longe de estar no topo da modalidade. Esta ainda não é a ‘geração de ouro’ inglesa, dos tempos modernos, mas em breve tudo aponta para que Inglaterra tenha uma das melhores seleções da europa, e quem sabe, possa lutar com mais credibilidade numa fase final do campeonato do mundo. Quem o diz não sou eu, são os resultados obtidos pelas seleções mais jovens. Basta para isso haver um seguimento e continuidade na filosofia de formação inglesa e, como em qualquer seleção com sucesso nos últimos tempos, um ou dois clubes a apostarem maioritariamente nos melhores jogadores ingleses, conseguindo fazer deles um conjunto vencedor. Nesse caso a ‘transferência’ para a seleção será mais fácil e o sucesso internacional poderá estar mais perto de ser uma realidade.
Ainda assim, esse tempo ainda não chegou e esta é uma equipa jovem, sem grandes aspirações para além da passagem do grupo. Com uma probabilidade a rondar os 50% de passagem do grupo, tudo aponta para que mesmo que isso aconteça, cada jogo que se siga, seja uma tarefa extremamente complicada para a formação inglesa.
Com Bélgica, Panamá e Tunísia como adversários na fase de grupos, a passagem da fase de grupos é claramente possível. Ainda assim, tendo em conta as últimas duas grandes competições - eliminação da fase de grupos do Mundial de 2014 e nos oitavos-de-final frente à Islândia no Europeu de 2016 -, a pressão é grande e poderá funcionar contra a equipa dos Três Leões.
Assim como Kyle Walker, estamos todos ansiosos pelo começo da competição. Depois do final da Premier League jogam-se dois amigáveis e logo de seguida, a 14 de Junho pelas 13h, a Rússia abre a competição frente à Sérvia. A Inglaterra tem estreia marcada frente à Tunisia. O jogo disputar-se-á na segunda-feira dia 18 de Junho, pelas 19h.
Uma última nota para a bola oficial do Mundial. Como já é costume, a Adidas já recebeu reclamações, neste caso de David De Gea e Pepe Reina, que já vieram publicamente criticar a nova bola da Adidas. Ambos concordaram que a ‘Adidas Telstar 18’ poderia ser muito melhor e que os guarda-redes terão muitas dificuldades em adaptar-se à bola. Todos nos lembramos da célebre Adidas Jabulani, no Mundial de 2010, em que Júlio César, guarda-redes brasileiro, foi dos mais mais simpáticos nas suas críticas, dizendo que a mesma parecia uma bola comprada num supermercado. A ver vamos até onde irá a polémica com a bola deste ano.
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